Dragão Dourado

Capítulo 27 - Chega... Por favor!

Finamente chegou á seu destino. A casa de sua amiga Milena. Que saudade daquela rua, daquela garagem, das conversas infinitas, de deitar com a cabeça no colo dela e ficar ali, parado ouvindo horas de músicas a fio dividindo seus fones de ouvido com ela. Pode escutar sua voz, sentir a caricia das mãos dela em seus cabelos. Que saudade. Daquelas que doem, daquelas que você sente fisicamente.

Estava tudo estranhamente quieto. Fechado. Muitos e muitos papéis de propaganda jogados ao pé da escada junto com folhas de árvores amareladas pelo tempo. Tocou a campainha, que soou alto, meio ecoada. Esperou e nada. Insistiu novamente e nada, o mesmo som ecoado. Era muito estranho. Júlio olhou pela fresta do portão grande de madeira da garagem, não havia carro algum ali, a garagem parecia completamente vazia.

Insistiu novamente. Aguardou e nada. Estava achando aquilo muito estranho. Milena morou a vida toda naquela casa, era herança de seu avô paterno que a deixou para as duas netas. Júlio insistiu mais algumas vezes, até que então uma voz atrás dele perguntou:

- Olá rapaz! Você esta procurando alguém?

Júlio se virou. Era a vizinha da frente de Milena. Uma senhora de idade, que se chamava Mirtes. Sempre a via parada no portão com sua bengala. Júlio havia sido atacado por Pimenta bem na frente do portão de dona Mirtes, era como todos a chamavam.

- Olá dona Mirtes! Tudo bem com a senhora? – Júlio a cumprimentou amavelmente. – A senhora não se lembra de mim? Sou o Júlio, amigo de Milena! Lembra?

- Ah Júlio é você! Puxa vida menino, esta tão grande, faz tempo que não o vejo! – Disse dona Mirtes ajeitando os óculos no rosto. – Já esta um homem feito!

- Dona Mirtes, eu vim visitar a Milena, mas parece que não tem ninguém em casa! – Júlio olhou para a entrada da casa de Milena que parecia abandonada.

- Meu filho, faz tempo que você não vem até aqui não é? – Dona Mirtes parecia entristecida.

- Sim! Faz um tempinho! O que aconteceu? – Júlio já estava começando a ficar temoroso do que iria ouvir.

- Vamos tomar um café em casa meu filho, precisamos conversar! – Dona Mirtes foi atravessando a rua com sua bengala e certa dificuldade. – Venha, venha! Temos bastante o que conversar!

Júlio se viu sem opção, olhou novamente para a casa de Milena que emanava aquele aspecto melancólico de abandono, e olhou para Dona Mirtes que já entrava pelo portão de sua casa, e sabia dentro de si que coisa boa não podia vir.

- Venha! Vamos tomar um café! – Chamou dona Mirtes do outro lado da rua.

Júlio demorou um pouco para entrar, veio andando devagar até chegar á calçada da frente da casa de dona Mirtes. Dali ele tinha uma visão mais ampla da casa de Milena, sem dúvida a casa estava fechada e abandonada há algum tempo. Estava empoeirada, suja, cheia de folhas, papeis.

- Sente-se no sofá meu filho! Não repara na bagunça! Eu moro sozinha e não ando muito bem de saúde, então não tenho arrumado tanto a casa! – Disse dona Mirtes fazendo café daqueles de antigamente, em coador de pano. A casa ficou cheirando aquele café gostoso do interior. – Já estou passando o café meu filho, já conversamos!

Poucos minutos depois dona Mirtes veio até a sala, e colocou uma pequena bandeja com sofreguidão em cima da mesinha de centro. Onde havia um pequeno bule com o café que ela tinha acabado de passar.

- Meu filho, com quantos anos você esta agora? – Perguntou dona Mirtes.

- 17 anos! – Respondeu Júlio acanhado.

- Já é um homem feito! – Dona Mirtes disso isso sentando com um pequeno gemido em sua poltrona logo ao lado do sofá.

- A última vez que te vi, acho que você tinha uns 13 anos! E você não estava muito bem! Estava meio machucado! – Dona Mirtes deu uma risadinha. – Mas pelo visto agora você esta muito bem, esta bonitão, grandão!