Olhando fixamente para o livro, sem entender como ele poderia estar em seu armário. Júlio apavorado joga com força o livro contra o chão. O livro cai com a capa voltada para baixo. Ele anda nervosamente de um lado para o outro, com as mãos na cabeça, atônito, desconcertado, perdido. Perturbado. Muito perturbado. Ás vezes para de andar, olha para o livro no chão e faz não com a cabeça, como se estivesse sonhando ou brigando com alguém. Outrora, observa-o incrédulo com as mãos na cintura, achando que era alguma brincadeira de mau gosto de alguém.
Imediatamente ele sai de seu quarto, percorrendo rapidamente o corredor de seu apartamento. Era um apartamento de tamanho médio. Servia adequadamente para suas necessidades, tinha um quarto, uma sala grande, onde havia um sofá de três lugares, uma TV de Led de última geração, um ventilador de teto e um enorme aquário marinho. Júlio era fascinado pelos mistérios do oceano. Passando pela sala, Júlio chega à cozinha.
Tremendo, segurando um copo na mão esquerda, pega a garrafa d'água em sua geladeira com a outra mão, e coloca água no copo sofrivelmente. Derrubando uma quantidade razoável em cima da pia. Sorve o restante que havia ficado no copo em apenas um gole. Acalme-se! Só pode ser um engano! Esse livro não esta aqui! Acorde, você esta tendo um pesadelo! -Júlio começa a rir nervosamente, enquanto num ato de insanidade momentâneo, belisca seu próprio braço. Nossa... Estou acordado! Estou acordado...
Inconformado ele volta até o quarto, o livro esta lá. No mesmo lugar do mesmo jeito, jogado ao chão, mostrando todas as suas páginas pela lateral. Amareladas pelo tempo que ficou guardado. Júlio para na porta do quarto, olha para o livro com um olhar perdido, de quem que realmente não consegue imaginar como o livro estava em seu armário. Respirando fundo, acalmando-se aos poucos.
Júlio vai andando em direção no livro e dizendo pra si: - Eu mesmo arrumei esse armário quando mudei. Teria visto.
Afastando os papéis amassados e jogados ao chão, Júlio senta e pega o livro em suas mãos. Era realmente um livro muito pesado. Com um movimento rápido vira o livro e a capa fica pra cima, bem diante dos seus olhos aparece o grande dragão dourado em baixo relevo cravado na capa vermelha. Ao ver o dragão, sente seu coração amolecer, e a cara de espanto se dispersa e um aperto no coração lhe envolve. Lembranças de sua amarga infância, marcada pela solidão e sofrimento passam furiosamente em forma de relâmpagos em sua mente. Lentamente com as pontas de seus dedos, Júlio acaricia o dragão da capa.
Aquele livro carregava consigo algo tão terrível quanto belo. Estava cheio de maldições e clamas por ódio e vingança que se equilibravam com as boas lembranças de seu amigo dragão dourado. Como uma balança de hastes, daquelas que antigamente as pessoas usavam grandes pesos dourados de ferro, para calcular a mercadoria, aquele livro estava bem ali, em suas mãos novamente.
Indeciso, Júlio não sabia o que fazer. Sua vontade era de abrir o livro e voltar a foliar as velhas páginas manuscritas por ele mesmo durante anos a fio. Ao mesmo tempo em que desejava devorar aquelas páginas com os olhos, sua mente repudiava aquela idéia macabra, as lembranças, as tristezas voltariam depois de anos sem sofrer. Decide então olhar apenas as primeiras páginas. Vagarosamente, Júlio, abre o livro, e a primeira página aparece em letras grandes e bem destacadas em formato arcaico, como letras romanas antigas; desenhadas a mão com caneta preta e preenchidas de vermelho, lia-se:
APOPANTOZ KAKO DAIMONOZ
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Dragão Dourado
أدب المراهقينA vida trata os diferentes implacavelmente, tirando-lhes o brilho da infância e adolescência. Iguais, mas, tão diferentes de inúmeros igual a ele que habitam esse mundo insólito e cruel. Percorra a saga da vida incomum mais comum de Júlio Almeida! ...