33. William

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Respira. Respira, porra! O que eu devia fazer? O que eu estava fazendo? Ah, merda. Não entre em pânico!

Eu amo você, Will Holt.

Puta que pariu! Uma frase, cinco palavras, vinte e três caracteres contando todos os espaços, pode terminar com um ponto final ou de exclamação dependendo da entonação e, pela que ouvi, posso julgar ser um ponto final. Afirmativo, simples e determinado.

Danna Fitzpatrick Green ama a mim, William Moran Holt.

Caralho, faça algo, William! O primeiro musculo a se mover foram os dos meus olhos que voaram para o relógio dourado que eu já não usava mais no pulso.

Prometa que vai amar, William.

Não ouse. Fechei os olhos. Não ouse me abandonar seis anos atrás e me fazer ouvir sua voz tão claramente somente agora, ralhei mentalmente para a memória da minha esposa.

Você foi feito para amar e ser amado, querido. Prometa que vai amar loucamente e vai se deixar ser amado da mesma forma.

Saia da porra da minha cabeça, Samantha Holt!

Danna era gentil e paciente, era doce e feroz, decidida e maleável. Arrancava o coração do meu peito, e segurava-o em suas mãos com carinho e cuidado, mas ele já era quebrado e tão fragilmente restaurado que temia que a menor ação pudesse fazer tudo ser destruído outra vez. Ao mesmo tempo em que sentia meu coração pular para suas mãos, sentia-a me recompensar depositando seu próprio dentro de mim. Esse reavivava meu corpo e despertava minha alma. Me dava vontade de arrancar minha pele, troca-la por uma nova, uma que era apenas felicidade.

Levantei os olhos mirando o castanho nos olhos que aprendia a admirar e desejar. Havia incerteza ali, certa mágoa e resignação. Abri a boca. Devia responder alguma coisa, certo? Está bem. Mas o que? Devolver um eu te amo que certamente ecoaria no meu coração e na lembrança da última vez que disse isso com toda a força que existia em havia em mim?

– Quer que eu faça purê? – ela me interrompeu.

Certo, ela não me interrompeu porque não consegui fazer um único som e estava apenas ali, parado, com a boca aberta. Danna estava fugindo do assunto e eu, como o bom covarde que era, não me opus.

– Sim, por favor.

Depois do jantar em minha casa, onde ela dormiria naquela noite, fomos para a cama. Aliás, eu fui para a cama. No meio da madrugada acordei sem sentir ao meu lado o corpo caloroso da mulher que me enlouquecia até nos sonhos. Levantei ao notar a porta do banheiro fechada. Coloquei a mão na maçaneta, pronto para saber se Danna se sentia bem àquela hora da madrugada.

Mas parei a um som.

Uma vez, Danna me dissera que na noite em que sonhei com minha esposa e chamei Danna por Samantha, foi a primeira vez em que ela chorou por mim. Nessa noite, com a mão no trinco da porta do meu banheiro, ouvi Danna chorar pela segunda vez por mim.

Enrijeci o maxilar e voltei para a cama. Não notei que eu mesmo chorava silenciosamente até um vento frio tocar meu rosto. Qual era meu problema em sentir e não conseguir falar?

Não sei por quanto tempo chorei por ela e ela por mim, mas ouvi a porta do banheiro se abrindo e senti o colchão afundar com a volta dela para a cama. Não pensei, apenas agi. Virei-me de frente a ela, me ergui sobre um braço e beijei-a com calma. Danna me aceitou e abraçou-me com força. Encaixei meu quadril entre suas pernas antes de interromper o beijo para me erguer e tirar a blusa sobre a cabeça. Danna me aguardou calmamente enquanto me livrava das minhas roupas e tirava a camisola e a calcinha que ela vestia.

Cinco segundos para amar [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora