22. Danna

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Quarenta anos e uma filha de dois anos.

Isabella. Minha menininha.

Preciso me focar nisso. Não em como o beijo dele é bom, ou como me sinto bem em sua companhia, ou como ele tenta agradar Isabella de todas as formas e a trata com carinho, ou em como cada um de seus sorrisos parecem gritar liberdade quando surgem em seus lábios que não sorriam sinceramente a anos.

Não, não e não. Preciso me concentrar em como é vital me manter focada na minha filha e não em um homem a quem ela pode se apegar para depois ele ir embora seja lá por qual motivo for, preciso dar tudo que posso para minha carreira para dar tudo o que minha filha merece, preciso me manter emocionalmente estável por Isabella e não me abalar com um coração partido... Porque, se existe uma pessoa com sérias probabilidades de me quebrar, essa seria William Holt.

Encerrar aquela ligação no meio da madrugada não foi fácil, não mesmo. Ignorar quando ele disse que queria conversar, também não foi. Tudo isso estava ficando tão mais complicado... Às vezes ele parecia disposto a tentar, de verdade, parecia mesmo, mas logo ficava claro que não estava pronto para isso e iria ferir a mim e até a si mesmo no meio disso tudo.

Suspirei e virei de lado na cama com o celular ainda na mão. Eu podia falar para William por horas o quanto gostava dele e o quanto me sentia bem ao seu lado, podia explicar a longa lista de medos que faziam querer distancia de um relacionamento com ele. E eu falei sobre isso já com ele. Mas ainda assim, sempre parecia haver coisas não ditas na minha cabeça. Justificativas que criava para mim mesma e até para ele na esperança de que alguma delas pudesse ser realmente usada para fazer algo entre nós ser maior. E se déssemos certo?

.  .  .

Saímos do consultório de seu fisioterapeuta de mãos dadas. Isabella arrastava os pesinhos, cansada. No meio de uma ligação que atendia, coloquei-a nos braços. Hoje exigiu um pouco mais dela, além do fato de que minha menininha nem queria ir. Gritou e bateu os pés no chão.

Às vezes fico pensando se as crianças, em algum momento não se cansam da rotina que levam. Se adultos e jovens não querem levantar e ir para a aula ou ao trabalho, porque as crianças seriam diferentes? Elas também têm um limite e sabem quando o atingem.

Isabella claramente estava no seu limite hoje. Levei-a para a fisioterapia enquanto ela carregava uma carinha de brava e, com o fisioterapeuta, se recusava a fazer os exercícios e só depois de muita insistência e paciência fez alguns.

– Tudo bem, Danna, temos que respeitar o tempo dela também – Max, o fisioterapeuta me disse antes de nos liberar. – Não vamos dar moleza, mas vamos respeitar hoje.

Minha menininha colocou os braços ao redor do meu pescoço e deitou a cabeça no meu ombro, descansando. Encerrei a ligação e acariciei suas costas, beijando seu ombro antes de coloca-la na cadeirinha no banco traseiro do carro.

.  .  .

– Papai diz que nós só amamos uma pessoa uma vez na vida – disse Julliet de jogando na cama.

Afaguei os cabelos castanho claros de Isabella que riu da movimentação que Julliet causou ao se jogar na cama. Hoje era nossa noite de garotas.

– Eu não concordo. Carrego comigo que podemos nos apaixonar quantas vezes a oportunidade vier.

– Não seria "quantas vezes quisermos"? – desenhou aspas invisíveis no ar.

– E você já viu corações obedecerem as vontades de seus donos? – eu ri.

Cinco segundos para amar [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora