17. Julliet

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Arthur lavava a louça suja enquanto Andrew enxugava. Era engaçado os ver trabalharem juntos, em certa sincronia. Os dois caras que eu tinha guardados no fundo do meu coração. E o que eu estava fazendo aqui? Estava sentada, apenas olhando.

– Ei, Andrew, preciso falar a sós com a minha prima – disse Arthur enquanto tirava o sabão de um dos pratos.

Meu namorado não gostou muito da ideia. Acho que ele estava com ciúmes da relação aberta que tinha com meu primo. Nunca era eu mesma tão abertamente com ninguém, só com Andrew. Então, talvez fosse estranho ver que não era o único com quem eu era assim.

– Vão ser só cinco minutos, cara. Não vou sequestrar Jully e leva-la para o Brasil nesse meio tempo.

Vi a mandíbula de Andrew travar e ele olhou para mim, como se esperasse que eu dissesse algo.

– Apenas cinco minutos, Andy – murmurei.

Meu namorado suspirou, deixou o pano de lado e me deu um beijo no topo da cabeça antes de sair da cozinha. Peguei o pano que ele tinha usado, assumindo seu posto ao lado de Arthur. Mas em vez de começar logo a falar, meu primo me olhou de esguelha algumas vezes e riu.

– Comece a falar logo, Arth, ele só vai nos dar cinco minutos, é sério.

Eu conhecia bem Andrew. Talvez nem tivéssemos mesmo cinco minutos. Andrew era curioso e ansioso demais para esperar tudo isso.

– Você e ele estão juntos para valer? – perguntou baixinho, sem sorrir.

Anui. Foi tão difícil ficarmos juntos para valer...

– Ele cuida de você? – balancei a cabeça em afirmativa outra vez. – E o outro cara?

– Está bem longe, assim espero – resmunguei. – Na época ele não me fazia bem, eu sabia, mas não estava mais nem ai para mim mesma.

– Fiquei preocupado com você – comentou baixinho me entregando um prato.

– Isso não vai mais acontecer – garanti enxugando o prato.

– É bom mesmo – ele me olhou de esguelha outra vez.

Há meses atrás eu tinha me isolado ao máximo de todo mundo, até de mim mesma.

– E você está feliz com Andrew? – voltou ao assunto.

Não consegui conter o sorriso e meus olhos procuraram o garoto de cabelos pretos e sorriso brincalhão distante de nós.

– Estou, Arth, de verdade – respondi olhando para meu primo outra vez.

Minha resposta fez o sorriso voltar ao seu rosto. Consegui ver que ele estava feliz por mim, mas, mais do que isso, estava aliviado. Arthur pegou o pano das minhas mãos para enxugar as suas.

Senti o braço do meu primo em meus ombros e me puxando para um abraço. Era assim que ele abraçava sempre, um braço nos meus ombros e o outro na base da coluna, como se estivesse me escondendo debaixo de suas asas de anjo, porque tenho certeza que Arthur era isso antes de vir em carne e osso para a Terra, um anjo da guarda vagando por ai, acolhendo, cuidando e protegendo.

Uma pessoa pigarreou atrás de mim e virei a cabeça para encontrar Andrew com uma sobrancelha erguida em uma pergunta silenciosa. Arthur não me soltou, mas sorriu para o garoto a frente com mais leveza.

– Isso não foi nem cinco minutos, não é? – Arthur zombou.

– Eu estava sem um relógio, sabe como é, não tive noção de tempo – o canto da boca de Andrew se ergueu discretamente.

Cinco segundos para amar [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora