Sentamos a mesa eu, Danna, Isabella e Julliet no momento de jantar. Demos as mãos e fizemos uma oração. No fim, Danna agradeceu por ter a filha, por ter amigos bons e leais, por encontrar Julliet e a mim e por saber que estávamos nos reconectando. Abrir a boca para começar logo depois que ela terminasse, mas fui interrompido.
– Eu queria agradecer a Deus por ter tirado as coisas ruins de perto de mim, por me guiar através de Danna e por me ensinar com Isabella que... – ela parou sorrindo para a menina – quando alguém nasce com um cromossomo a mais é porque o amor transbordou. E também quero agradecer por... Por ter de volta o meu pai.
Arregalei um pouco os olhos e virei a cabeça na direção da minha filha. Aquela era a primeira vez que ela tinha exposto tanto sobre como se sentia em relação a nós desde a vez em que ficamos sob a chuva. Dei-lhe um sorriso e recebi outro, mas havia algo diferente nesses sorrisos, nós dois sabíamos. A saudade, o adeus e a dor estavam ali. A mesma que nos separou, estava nos unindo naquela noite.
– Bom, gostaria de agradecer a Deus por... – parei. O que eu tinha para agradecer? Minha vida não tinha muitas coisas boas para agradecer. Olhei para Julliet e depois para Danna e Isabella. – Por você e por vocês.
– Amém – dissemos todos juntos.
Começamos a comer. Julliet estava calada, mas ainda conversava com Danna e brincava com Isabella. Eu quem estava aéreo. A única coisa que mais queria naquele momento era simplesmente me trancar no quarto, aliás, não queria nem mesmo ter saído da cama nessa manhã. Em respeito à Danna, e pelo que eu e Julliet finalmente estávamos voltando a construir, segurei firme as rédeas das minhas emoções e continuei ali sorrindo quando achava que era necessário.
No fim do jantar, limpei tudo com a ajuda silenciosa de Julliet. Ela também estava mal, eu sentia. Ficamos na sala com Danna até Isabella dormir nos braços da mãe e minha filha também decidir que queria deitar também. Não acho que realmente estivesse com sono, talvez ela apenas quisesse ficar só.
Antes que ela subisse para o quarto, segurei seu braço e a puxei para mim. Abracei-a com força como não tinha feito há anos, abracei sua dor desejando ser capaz de sugar aquilo para mim, para que Julliet não sentisse nada de ruim. Seus braços ao redor da minha cintura me apertando, suas mãos agarrando minha blusa, seu rosto enterrado no meu peito... ela se separou com os olhos cheios de lágrimas e correu para o quarto esquecendo de se despedir de Danna.
Por que as pessoas que amamos nos deixam?
Me despedi de Danna quase ruindo ali, na sua frente. Fui para meu quarto e apenas sentei na cama. Esperei que o choro me engolfasse, mas quase nunca acontecia, sempre me segurei. Passei um bom tempo ali, olhando para o nada, pensando em nada. Me sentia morto por dentro.
Ouvi a porta do quarto abrindo e fechando rapidamente. Olhei na direção do som e vi Danna, com um robe e uma expressão decidida. Seus passos na minha direção eram firmes. Claro que eram...
– Você vai me contar agora que porra está acontecendo.
Desviei os olhos dela para o porta-retrato ao lado da cama. Eu e Samantha estávamos abraçados com uma pequena Julliet, sorrindo, felizes. Senti o colchão afundar ao meu lado.
– A data torna a falta dela mais forte? – Danna perguntou suavemente, provavelmente olhando para a mesma foto que eu.
Levantei e abaixei o porta-retrato. Me perguntava o que tinha restado do meu coração para rasgar, mas olhar sua foto hoje me fazia ter certeza que havia sobrado algo para voltar a sangrar. Sentei novamente ao lado de Danna que colocou a mão sobre a minha e virou meu rosto gentilmente.
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Cinco segundos para amar [Completo]
Romance[Série Segundos - Livro I] Samantha Holt, cidadã americana da cidade de Nova York, casada há doze anos e mãe de uma menina de dez anos, descobriu o câncer de mama no estagio IV aos 38 anos de idade. Faleceu sete meses depois deixando a filha e o mar...