Fechei os olhos. Talvez se os abrisse novamente perceberia que tudo isso não passara de um pesadelo. Então os abri e nada mudou.
Eu a perdi.
Danna Green se afastava cada vez mais dentro do táxi. Mas senti sua distância antes mesmo do dia raiar. À noite, quando conversamos, Danna estava longe demais emocionalmente.
Puxei o ar, sentindo dificuldade em fazê-lo e me virei para Julliet. Minha filha abaixou a cabeça e me deu as costas. Isso me rasgou outra vez. Não podia perdê-la também. Já era demais perder Danna e Isabella, a mulher que me amava e a menina de sorriso doce, então não podia perder Julliet de novo.
– Julliet! – chamei.
Minha garota parou e soltei o ar, sem nem me dar conta de que estava prendendo-o, aliviado. Caminhei até ela, ficando a sua frente.
– Não sabia que ainda guardava as coisas da mamãe naquele quarto – comentou.
Engoli em seco, sentindo o coração bater pesado dentro do peito.
– Sinto falta dela, Jully – confessei.
– Eu também sinto, pai, mas sigo em frente porque é o que ela ia querer – Julliet deu de ombros.
Abaixei a cabeça, massageando a nuca. Tive a impressão de estar carregando um planeta pela forma como sentia dolorido, cansado. Quando levantei a cabeça, dei-lhe um sorriso tristonho e abracei-a, ainda com receio, não sabia se ela iria me rejeitar. Mas Julliet aceitou bem a minha aproximação, e me senti menos quebrado com ela nos meus braços.
– Quando você cresceu tanto? – questionei vendo o segurança fechar o portão.
Naquele momento, ele parecia estar legitimando o fim entre mim e Danna, como o homem fechou o caixão em que estava minha esposa.
– Eu não sei como viver sem Samantha – sussurrei.
– E agora precisa aprender a viver sem Danna.
Abaixei a cabeça novamente. Com um braço em seus ombros, guiei-a para dentro de casa. Nos sentamos no sofá ainda abraçados.
– Quero reconquistar Danna, Jully – admiti. – Mas não sei como.
– Acho que você pode começar deixando a mamãe ir em paz.
Senti um bolo se alojar na minha garganta, me impedindo de respirar corretamente. Deixar Samantha em paz queria dizer o que quando eu quem estava vivendo no inferno? Ou, esse tempo todo, estive apenas perturbando memória dela? Não tinha a menor ideia de como agir dali em diante a respeito de Danna e de Samantha.
. Julliet .
Ele estava mal.
Eu estava mal.
Ela estava mal.
Uma semana e não tinha ninguém bem. A única que parecia não sentir o choque do que aconteceu foi Isabella, por não entender. Mas tinha certeza que ela sentia falta da presença dele. Dois dias sem ver seu Willy-Willy, Isabela já apontava para a foto dele no meu celular e dizia:
– Papa-pá. Tá onte?
– Não é papá, Bella – falei.
Mas como já aprendia rápido na creche, Isabella franziu as sobrancelhas e me deu língua.
– Isabella, que coisa mais feia, menina – repreendi pelo gesto. – Muito feito!
Bem, Danna estava seguindo. Em alguns momentos, ficava triste, cabisbaixa, mas não chorou mais nenhuma vez desde que saiu da minha casa. Trabalhava com a mesma vitalidade, cuidava de Isabella com a mesma dedicação e saiu com os amigos umas duas vezes na última semana. Nada indicava que tinha acabado de terminar um namoro, exceto pelas vezes que ficava olhando para o celular, o olhar pensativo e triste. Algumas dessas vezes, com muito esforço, consegui enxergar o que Danna tanto olhava ali: fotos deles juntos e as últimas mensagens trocadas.
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Cinco segundos para amar [Completo]
Romance[Série Segundos - Livro I] Samantha Holt, cidadã americana da cidade de Nova York, casada há doze anos e mãe de uma menina de dez anos, descobriu o câncer de mama no estagio IV aos 38 anos de idade. Faleceu sete meses depois deixando a filha e o mar...