O almoço foi uma barulheira boa demais. Em alguns momentos sentia tanta falta de sair com meus amigos, beber, dançar, transar e me divertir como se não houvesse amanhã... Claro que algumas noites eu fazia isso, não sou feita de ferro, mas agora tinha muitas obrigações. Isabella precisava muito de mim e tinha também minha mãe, a quem sempre ajudei com os remédios ou algo de sua dieta especial. Sua pressão alta tinha que estar controlada sempre, por isso devia seguir uma boa dieta.
Isabella... Minha pequena e linda menina já completava dois aninhos. Estava tão grande e eu me orgulhava mais dela a cada dia. Cada coisa era uma conquista, uma forma que ela mesma tinha para me provar que no inicio eu estava errada, que não precisei chorar tanto de medo e preocupação com seu futuro. Ela ficaria bem independente do que acontecesse porque se Isabella era engenhosa mesmo quando ainda não sabia falar, imagina-se o que ela fará quando souber falar por si própria.
O que estava me incomodando um pouco naquela manhã era a forma como Holt a olhava. Entendo que metade das pessoas a olham assim também, mas... Era como se ele não achasse que Isabella fosse ser capaz de colocar a colher na própria boca e, por conseguir isso, era impressionante. Fora isso, eu percebia que a olhava com carinho, por isso tentava não me incomodar muito, era só um problema de falta de informação, coisa que vejo mais do que preconceito.
Meus amigos se despediram no meio da tarde, quando já tínhamos conversado e rido demais. Quero dizer, a exceção de tudo era Julliet, que estava mal-humorada, quieta e aposto meu salário inteiro na certeza de que tinha matado mentalmente a amiga de Andrew umas mil e uma vezes. Mas, porra, o garoto tinha mesmo que trazer outra garota para algo que Julliet lhe convidou? Homens conseguiam ser incrivelmente babacas quando queriam.
– Eu acho que a sua amiguinha já pode ir para a casa dela, Andrew – resmungou Julliet fuzilando-o com os olhos.
– Nossa, é verdade, já está mais do que na minha hora – disse Susan se levantando e indo em direção à porta.
Estávamos todos sentados na sala, conversando baixinho porque Isabella tinha dormindo em meus braços de tão cansada que ficou depois de brincar com os dois amiguinhos.
– Vou ajuda-la a pegar um taxi – Andrew ficou de pé, se prontificando.
– Ela tem duas pernas e dois braços – rosnou Julliet. – Pode pegar a droga do taxi sozinha.
Andrew revirou os olhos enquanto Julliet pegava Isabella dos meus braços e levava-a para o quarto. O garoto saiu e acompanhou a amiga apenas até a porta. Quando Julliet saiu do quarto eles se encararam. Holt os observava atentamente, quase como se estivesse esperando que eles se agarrassem ali e começassem a se beijar loucamente.
– Você é uma mal-humorada – Andrew reclamou.
– E você é um babaca!
– Completamente irritante.
– Grande idiota.
Levantei e fiquei entre eles.
– As crianças já acabaram? – ironizei olhando-os.
Andrew abaixou a cabeça se desculpando e Julliet revirou os olhos indo para a cozinha. Fui atrás dela e percebi a presença de Holt às minhas costas.
– Eles são sempre assim? – perguntou num murmúrio baixo.
– Só quando estão com ciúmes um do outro – ri. – Daqui a cinco minutos eles nem vão lembrar porque estavam querendo se xingar.
E era verdade. Eles brigavam, mas logo depois já nem lembravam o motivo de estarem assim. A prova disso foi que alguns minutos depois nós cinco estávamos rindo ao redor da mesa de cozinha enquanto tomávamos sorvete. Julliet e Andrew estavam lado a lado em um lado, Holt e eu estávamos do outro e mamãe estava na ponta da mesa com uma salada de frutas que preparei para ela. Holt admirava a filha que ria abertamente com o amigo que contava as confusões que já tinha se metido com alguns professores.
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Cinco segundos para amar [Completo]
Romance[Série Segundos - Livro I] Samantha Holt, cidadã americana da cidade de Nova York, casada há doze anos e mãe de uma menina de dez anos, descobriu o câncer de mama no estagio IV aos 38 anos de idade. Faleceu sete meses depois deixando a filha e o mar...