A campainha tocou e soube que era Julliet. Ela estava um pouco menos estressada do que nos últimos dias. Fazer as pazes com o pai estava fazendo-lhe muito bem e eu estava feliz porque agora, quando falava do pai, não vinha com uma enxurrada de julgamentos negativos às ações dele. O que ainda parecia estar deixando seu coração triste era a distância que agora existia entre ela e Andrew.
Ela entrou em casa sorrindo e beijou minha bochecha.
– Olha só a menininha mais linda da casa – Julliet disse sentando ao lado de Isabella, no chão, e fazendo-lhe cocegas.
Minha filha soltou um gritinho feliz e só pude sorrir com aquela cena. Essas duas são muito ligadas uma a outra, desde que se conheceram. Às vezes Isabella era esquiva e tímida com pessoas estranhas, mas Julliet não precisou muito para ganhar minha menina... Foi como se Isabella tivesse convivido com a garota desde o dia em que nasceu.
– Está com fome? – perguntei indo para a cozinha.
– Sinto que poderia comer as paredes da sua casa – brincou vindo atrás de mim.
Eu ri. Sempre que chegava de seus treinos no time de vôlei era assim, faminta. Preparei um suco enquanto ela fazia o próprio sanduiche.
– Como está indo com seu pai? – perguntei.
Já fazia quatro dias desde aquela noite.
– Acho que estamos indo bem. Temos conversado sobre minhas notas. Ele disse que pode me ajudar em álgebra já que não tenho mais falado com o... – ela se interrompeu e deu um gole no suco. – Está delicioso isso aqui.
Julliet sentou à mesa e puxei uma cadeira para mim do outro lado, bem à sua frente.
– Ainda não tem falado com ele?
– Não quero mais nem falar dele – resmungou ainda magoada.
– Tem falado com Holt sobre isso?
Julliet voltou a me olhar com uma expressão zombeteira.
– Claro, Danna – disse com sarcasmo – , porque é bem comum as filhas chegarem para o pai dizerem: "Ei, pai, gosto daquele garoto, sabe, quero ficar perto dele o tempo todo e às vezes penso em como deve ser o toque dele em outros lugares além dos meus braços".
Balancei a cabeça e rimos juntas porque sabíamos que Holt surtaria só de pensar que algo como aquilo passava pela cabeça da filha.
– Tudo bem, ponto para você – me rendi. – Mas falou com ele sobre como se sente coma distancia com Andrew?
– Não acho que temos intimidade para tanto assim – balançou a cabeça em negativa.
Comeu mais um pouco e olhou na direção do pequeno corredor.
– Bella está brincando com o brinquedo que aquele cara deu – resmungou.
Dei de ombros.
– É o pai dela – respondi.
O que eu podia fazer? Na época, não ideia de que Theodore era um grande filho da puta.
– É bem fácil ser pai quando só precisa comprar um ou outro presente no ano e mandar dinheiro todo mês – Julliet revirou os olhos.
Ela tinha razão? Com certeza. Eu concordava com ela? Absolutamente. Mas, mais uma vez, o que eu podia fazer? Não ia criar minha filha para odiar o próprio pai por mais que ele não valesse o que o gato enterrava. Estava criando Isabella para amar, para saber que o mundo às vezes tem coisas que não gostamos e até que nos magoam, mas que também existe amor por ai e é nesses lugares que devemos nos encaixar.
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Cinco segundos para amar [Completo]
Romance[Série Segundos - Livro I] Samantha Holt, cidadã americana da cidade de Nova York, casada há doze anos e mãe de uma menina de dez anos, descobriu o câncer de mama no estagio IV aos 38 anos de idade. Faleceu sete meses depois deixando a filha e o mar...