Twenty One

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Sora's POV

Sora's POV

Yang não nos seguiu, mas ficou gritando pelo Yuki até desaparecermos de sua vista. Eu via a expressão do meu irmão se desmanchar a cada "Yuki" que ela gritava, sua dor refletida nos olhos avermelhados.

— Não fica assim... vai ficar tudo bem — tento confortar Yuki, segurando seu ombro com firmeza.

— Falando assim é fácil, né, Sora?! Que droga, eu fiz tudo o que ela queria, poxa, nós até fizemos... aish, que ódio! — ele enxuga as lágrimas que caem rapidamente, sua voz tremendo de frustração. — E-ela disse que... que eu era o único amor da vida dela. Você sabe o que é isso, Sora? Você me entende?

— Sim, eu sei... — suspiro, sentindo o peso da tristeza em meu coração, e o abraço firme. Em seguida, decidimos pegar o primeiro táxi que apareceu.

(...)

Chegando em casa, eu pago o taxista e saio do carro com Yuki, vendo Jungkook esperando na frente de casa. Poxa! Esqueci que tínhamos combinado de nos encontrar depois do ensaio dele.

Olho para Yuki, que tenta esconder o rosto com a mão, mas seus olhos inchados e vermelhos denunciam suas lágrimas.

— Sora! Eu estava esperando você atender a... — Jungkook olha para Yuki, sua expressão preocupada. — Ué? O que aconteceu? — meu irmão passa por ele sem dar satisfação alguma, entrando em casa e fechando a porta com força.

— A Yang, Jungkook — suspiro triste. — Ele ia pedi-la em casamento hoje, mesmo sendo muito cedo para isso. Mas enfim, ele acabou de vê-la beijando outro garoto.

— Que filha da... — ele fica chocado. — Eu não posso acreditar que ela ainda teve a audácia de fazer isso com seu irmão! Isso é o quê? Perseguição?

— Pois é, Jungkook, pois é...

— Era para você ter me dito sobre esse namoro antes... eu vou falar com o Yuki.

— Foi mal, eu ia contar depois do seu ensaio, mas não esperava que o Yuki fosse pedi-la em casamento assim do nada. Eles começaram o namoro no mesmo dia que nós.

— Entendi... por isso que você estava tão pensativa nesses dias. Eu sabia que não eram só as notas.

— Foi... isso teve um impacto mais chocante ainda, por incrível que pareça.

Jungkook olha para a porta, claramente pensando em como vai falar com Yuki, o que dizer.

— Acho que ele não vai te querer lá, não agora — falo, honesta.

— Isso não importa agora... ele tem que ouvir um papo de mano para mano — Jungkook explica, e eu tento compreender, apesar de tudo.

Jungkook's POV

Eu preciso falar com o irmão da Sora. Não que eu tenha certeza de que ele vá fazer besteira, até porque nem o conheço bem, mas mesmo assim tenho medo. Minha namorada não aguentaria ver o irmão sofrendo, e ele precisa ouvir umas verdades para depois de um tempo começar a pensar sobre isso e se sentir melhor.

— Vou lá, certo? — dou um beijo na testa da Sora e entro na casa deles.

A porta do quarto está trancada. Tento abrir, mas não obtenho resposta. Bato três vezes.

— O que você quer, Sora? — Yuki pergunta com voz de choro. Bato novamente, sem falar nada, sabendo que se soubesse que era eu, não abriria.

Quando menos espero, ele destranca a porta e a abre com certa ignorância, a ponto de me assustar.

— O que você... Jungkook? — ele esconde metade do rosto com a mão, como se eu não soubesse que ele estava chorando.

— Oi, cara... — fico sem saber o que dizer a princípio, e Yuki, já sem paciência, tenta fechar a porta, mas travo-a com o sapato, impedindo-o.

— Me deixa! — ele tenta fechar de novo, mas nada ganha de um sapato encostado na porta.

— Já chega, né? — digo e entro no quarto totalmente contra a vontade dele, acendendo a luz que estava apagada.

— O que você quer comigo? Eu só queria que você me deixasse em paz, eu nem te conheço.

— Só quero conversar contigo, entende? Você sabe que se ficar assim, a Sora não vai aguentar. Eu reconheço que você é a pessoa que ela mais ama em todo o mundo, e eu não quero que a relação de vocês fique conturbada por conta daquela interesseira filha da puta — me sento na cama para continuar o papo.

Yuki parece estar com raiva de mim, o que me faz lembrar do antigo "eu". Eu não sou mais daquele jeito, e isso me deixa envergonhado, mas não tiro minha razão, já que aconteceu muita coisa para eu ter ficado tão fechado para o mundo.

— Você soube o que a Yang fez com a Sora? — pergunto, e ele abaixa a cabeça, envergonhado.

— Você veio dar sermão em mim? — fala apertando os punhos. Não via raiva em seu olhar, mas sim tristeza.

— Não, só vim conversar mesmo, já te disse — digo e me sento na cama da Sora. — Você sabe que tem que seguir em frente sem pensar muito no que aconteceu, não é? Não quero ver o irmão da minha namorada sofrendo por alguém assim, principalmente pela Yang, que fez sua irmã sofrer muito. Mas a Sora conseguiu seguir em frente, então você também vai conseguir.

— No final, ela estava certa sobre a Yang... eu deveria ouvir minha irmã mais vezes — ele suspira, a cabeça baixa. — Eu sou um merda.

Eu me levanto e coloco a mão em seu ombro, dando tapinhas de leve.

— Você pode até ser, mas pode mudar. No começo do ano, vocês eram inseparáveis — digo, e ele assente com a cabeça. — Mas ultimamente não te vejo nem direcionando a palavra a ela...

— A Yang não gostava dela, por isso tentei evitar. Ela disse que a minha irmã tratava todo mundo de uma forma terrível, colocando o dinheiro acima de tudo, e isso me chateou muito. Fiquei decepcionado com a Sora, mas sinto que ela mentiu para mim até nisso.

— E além de acreditar, nem tentou conversar com a Sora sobre isso. Já começou errando daí. Quem, em sã consciência, passa todos os anos da vida junto de um irmão, para depois uma pessoa aparecer falando absurdos desses e você acreditar? — ele morde o lábio inferior, conseguindo conter algumas lágrimas, mas deixando escapar outras. — Então... era só isso que eu queria falar. Vou te deixar em paz agora.

Bagunço o topo de sua cabeça com minha mão e vou até a porta, ouvindo um "obrigado" quando encosto a mão na maçaneta. Olho para ele, dando um sorriso largo e saindo do quarto.

Eu o entendo perfeitamente. Deveria ter ouvido meus hyungs e até mesmo a Sora naquela época, mas em vez de aceitar a ajuda, eu era grosso e explodia facilmente com qualquer um que tentasse "se meter na minha vida", me ferindo fisicamente para me livrar da dor emocional, em vez de conversar com alguém.

Esse "obrigado" aqueceu meu coração, me lembrando do dia em que pela primeira vez disse essa palavra para alguém que tentou me ajudar. Eu devo infinitos "obrigados" à Sora até hoje.

Diary - Imagine Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora