Capítulo 7

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New Green

Avonford

16 de abril de 1987

Queridos Tessa e Glyn,
Devo escrever agora sobre as celebrações lunares. Pois a Deusa Tripla do Ciclo do
Renascimento é, de fato, a Mãe de Toda a Vida, mas é por meio da Lua que nos relacionamos mais facilmente com ela. O Luar significa encantamento, intuição, poesia. Ver a Lua, simplesmente com olhos de poeta, é ver a Deusa. A ligação entre as fases da Lua e os ciclos menstruais femininos é um fato óbvio e potente. Na bruxaria, portanto, as celebrações da Lua Cheia (Esbats) são da mesma importância que os Sabás.
Não celebramos formalmente todas as três fases de cada ciclo lunar, porque podemos venerar a Deusa em seus três aspectos na Lua Cheia. Este é o tempo da Mãe, mas reconhecemos a Virgem e a Mãe e a Velha que ela já foi, é e será. Não há três Deusas e sim uma, três em uma.
A Lua Cheia é considerada a alta maré do poder psíquico e da plenitude, tempo de adoração e de celebração. Honrar e celebrar a Deusa entre os mundos já é em si uma invocação de que seu culto retorna mais outra vez à Terra, e que a Deusa voltará aos povos e os povos a ela. Então os antigos procedimentos prevaleceriam de novo. O velho amor pela poesia e pela magia, o respeito e o amor pela Mãe Terra, e o reconhecimento da sacralidade do amor sexual. Portanto, acabariam os valores competitivos, exploradores e indignos. Na Lua Cheia, a Deusa e sua beleza em flor e encantamento são invocadas, pleiteando a mudança.
A Lua Cheia é o tempo da consumação e o ápice do poder. Na vida comum pode ser um sério risco, em situações desequilibradas. Os sentimentos podem irromper quando se realiza a mudança. Mas a Lua Cheia também traz a plenitude emocional. E vocês irão notar que quaisquer visitas ou cartas importantes freqüentemente chegam nessas horas. Para as perseguições mágicas, para o amor e outras celebrações, é sempre tempo positivo.
Um homem não possui sinais externos no corpo que o liguem com os ritmos lunares.
Ele não tem o fluxo lunar do sangue. Mas um bruxo masculino entende a Lua por meio da consciência dos ciclos mensais de humores, dos ritmos psicológicos e da harmonização psíquica de sua própria alma (a não ser que esteja estressado, quando uma repentina exaustão nça ou música, ou por meio de ritual, sua realização. Também pode, feito bruxa feminina, se realizar. A compreensão da unicidade com as marés da Deusa Lunar talvez lhe venha psiquicamente, ou por meio do amor, da paixão, arte, celebração ou satisfação de um sonho.
Após o lançamento do círculo, como sempre, e invocando a Deusa agora denominada Dama de Prata, brilhante Senhora do amor e do encantamento, vocês deveriam também chamar o Deus Cornífero. Enquanto ela é etérea, graciosa e canta em nosso sangue e em todos os ritmos físicos do sexo e do parto, ele é primitivo, selvagem, tem as coxas cabeludas, mas canta com a sutileza de um caçador e a magia de um contador de histórias. A presença do casal é intuída e produz reverência, uma alegria maravilhosa.
Seu caldeirão precisa ser enchido com água para este rito. Coloquem-no no centro do círculo.
Parem em frente ao altar e leiam ou digam o seguinte, ou algo semelhante: Este é o tempo da Lua Cheia, alta maré de poderes psíquicos. As plantas crescem, e as marés mudam, e homem e mulher se unem, em desejo, paixão. Faz-se a alteração almejada e são revelados os sonhos. Dancemos neste círculo em homenagem à Deusa Tripla da Lua, em honra às fases de infinita transformação e de retorno; calmas e apaixonadas, serenas e selvagens, a dança vital.
Dancem no sentido dos ponteiros do relógio ao redor do círculo, cantando:

Dança lunar da vida
com canção prateada
nos veios e rios,
canção prateada na escura noite,
agora o encantamento, enchendo o mundo com o poder da magia, desfraldada.
A magia cresce, o encantamento flui. Dancemos o retorno da maré cor de prata, por pulsação e sangue, por água e ossos.

Dirijam o poder para dentro das águas do caldeirão. Depois borrifem água no chão, no
interior do círculo, dizendo:

Orvalho prateado que cai suavemente, traga a paz e a beleza,
como entre os mundos, assim no mundo.

A Bruxa Solitária - Rae BethOnde histórias criam vida. Descubra agora