New Green
Avonford15 de setembro de 1987
Queridos Tessa e Glyn,
O tempo da colheita se aproxima, tempo de avaliar tanto os ganhos como as perdas.
Simultaneamente, o Sol está para entrar no signo da balança, Libra. Portanto, o equilíbrio é um tema forte, assim como o agradecimento. O dia e a noite serão iguais, como no equinócio da primavera, mas, depois deste festival, a escuridão vence. Os dias ficam mais curtos, atravessando o solstício de inverno.
Este é o equinócio de outono. O Festival da Colheita, tempo de celebrar, de agradecer e de jogar fora coisas desnecessárias, o lixo e a bagatela. Um festival de dois lados, de dois fios.
O símbolo universal da reencarnação, a espiral dupla, é especial para essa época do ano. O significado disso é que a expiração é sempre seguida (equilibrada) pela inspiração, como o sono é seguido pelo despertar, e a morte pelo renascimento. Portanto, uma espiral dupla fornece a mensagem ao nos torcermos em direção ao ponto silencioso, ou à noite mais sombria, o solstício de inverno. Vocês querem saber de onde deriva a espiral dupla? Bem, as espirais têm sido usadas simbolicamente em muitas terras e em todos os tempos, desde a Idade da Pedra. São esculpidas em blocos pétreos e câmaras mortuárias. A espiral dupla mostra a penetração e o retorno, daí o renascimento. Interessante, possui também a forma do ADN, mas isto não se conhecia no passado, exceto talvez intuitivamente. Parece ser o padrão fundamental de toda a vida. Os pesquisadores dedicados à força geodética descobriram associações de espirais com energia elétrica, criadas por fontes ocultas e riachos subterrâneos.
A Deusa é a Dama da Abundância. Seu caldeirão, sua cornucópia, produz todas as coisas boas, uma abundância de bênçãos. O Deus é o Rei da Colheita. Sua união é frutífera e faz tudo sobre a Terra.
Vocês poderiam iniciar o equinócio do outono decorando a sala e o altar com flores e frutas da estação. Lancem o círculo e invoquem a Dama e o Rei de toda a Abundância. Uma
vela apagada deve estar no caldeirão, ao centro. Ao redor da base da vela, espigas de milho. Acendam a vela, pronunciando:Abençoados agora ao equinócio de outono, tempo da espiral dupla, da torção sobre o fio do destino, ao ponto silencioso na noite escura, onde há o renascimento da luz e da vida. Assim, todos viajam ao reino do inverno. E a colheita, o grão ceifado, nos sustenta por meio da estação, contendo as sementes que serão plantadas na primavera. Pois o círculo da vida não se quebra.
Acendemos esta vela ao Sol minguante.
Caminhem sete voltas para a esquerda (na direção contrária aos ponteiros do relógio), ao redor do caldeirão. Em seguida em espiral, na direção do centro. Ajoelhem-se ou sentem-se de pernas cruzadas ao lado do caldeirão. Retirem dele as espigas de milho, dizendo:Os tempos minguantes trazem a colheita.
Ao final, existem os frutos.
Enquanto viajamos pelo inverno, reino da morte, os frutos da vida nos sustentam
e contêm as sementes
da vida nova. O mistério é visto, em toda parte revelado, mas selado no silêncio e na escuridão.
Olhem o milho. Fechem os olhos e procurem senti-lo como a essência do Sol e da Terra, contendo a vida nova. Aqui, na colheita, estão as sementes do próximo ciclo. Como são revelados os mistérios? Perguntem à Deusa e ela lhes indicará, se quiser. Vocês podem ter
visões de ciclos, círculos, ou da escura viagem sublunar e, de volta outra vez, uma jornada labiríntica. Peçam para compreender o propósito disso, ou, dentro disso, o verdadeiro propósito da criação. Se vocês forem abençoados com o entendimento, já é uma colheita interior. Agradeçam por tudo que virem, abram os olhos. Levando o milho, caminhem sete vezes no sentido dos ponteiros do relógio, espiralados ao redor do círculo.
Coloquem as espigas sobre o altar. Mais tarde, elas podem ser amarradas com uma fita vermelha e penduradas, durante o inverno, em algum lugar da casa.
Em frente ao altar, pronunciem:Celebramos o ganho, os frutos
e toda a abundância da Terra,
dançando a espiral que sai e a espiral que entra. Cada final é seguido de um começo.Pausem, por momentos, e continuem:
O joio interno
nas sementes que crescerão escondido está até a primavera, O anel inquebrável do renascer. A colheita sustém
até vir de novo a primavera. Estação dadivosa,
as sementes permanecerão.
Repitam as duas últimas linhas como uma cantiga. Dancem movendo-se para a direita, alegremente, construindo um poder criativo, a dança da vida (não convém usar vestes largas por causa da chama nua). Coloquem a energia da terra em três cordões ou fitas que serão postas dentro do caldeirão. Trancem os cordões, no comprimento suficiente para ser usado como um colar. Depois amarrem as pontas, criando um círculo.
Enquanto trançam, visualizem a tecedura da rica colheita deste ano, e qualquer coisa ou tudo que dê esperança de vida sobre a Terra. Citem, ao tecer, as vitórias, mesmo as pequenas e simples,
sobre questões ambientais; um livro que os inspirou; uma mudança na opinião pública quanto à exploração dos recursos naturais; uma guerra finda; um esforço criativo, bem-sucedido, alcançado por alguém ou por um grupo; uma conquista justa ou uma resolução de conflito sobre a Terra. Estas são as
sementes do novo. São as estrelas do Círculo do Renascimento.
Enquanto atam as pontas e completam o círculo, digam: O círculo é inquebrável. A vida nunca
morrerá.
Ergam a trança fechada acima do altar, depois depositem-na. Mais tarde deve ser guardada num lugar seguro até o equinócio da primavera, quando poderá ser enterrada e, assim, magicamente, entregue à Terra, para o seu prosseguimento. Sentem-se em silêncio por algum tempo e pensem no feitiço que lançaram. Visualizem a Terra saudável. Visualizem a continuidade da vida.
Quando estiverem prontos, retornem ao altar e agradeçam à Deusa e ao Deus por suas colheitas pessoais, pelo que colheram em suas próprias vidas. Coloquem uma oferenda — talvez um poema ou desenho que realizaram — sobre o altar. Então visitem os quatro "quartos", como fizeram no equinócio da primavera. Desta vez, tragam oferendas a cada "quarto", para agradecer.
No "quarto" leste, meditem a respeito da colheita de suas idéias, seus conceitos e realizações. Fechem os olhos e pensem em todas as novas idéias que tiveram no ano passado. Agradeçam aos Espíritos Guardiães do Ar e, a seguir, coloquem um punhado de incenso em brasas de carvão ou queimem mais incenso, em agradecimento.
Ao sul, cerrem os olhos e pensem em algum progresso, na saúde ou vitalidade, ou em algum sucesso, em aventuras, ou "pontos altos". Agradeçam quaisquer mudanças benéficas, depois untem a vela com óleo essencial, em oferenda. Derramem vinho ou caldo de maçã na água, como oblação. Ao norte, perscrutem e agradeçam as bênçãos manifestas que vocês colheram, os resultados físicos do trabalho feito em casa ou no jardim, artisticamente, criativamente, ou na sua profissão. Façam uma oferenda de pão e deixem no altar ao lado da pedra, ou sobre a travessa (ou pentáculo) com terra. No centro do círculo, ao lado do caldeirão, visualizem a maneira pela qual os elementos de sua vida se entrelaçam para criar a essência inteira do ser. Agradeçam por tudo que notarem ser uma nova integração em si próprios, em suas existências. Há algum princípio ou atividade que parece trancar o resto? Citem-no. Depois tirem o cordão branco de dentro do caldeirão. Como oferenda, ate-o com cinco nós, um para cada "quarto" e um para o centro, o ponto silencioso. Amarrem as pontas do cordão e guardem também para a primavera.
Meditem por instantes a respeito das perdas e ganhos em suas vidas. O que parece
estar fugindo? Este é o tempo de soltar, com agradecimentos pelo que aquilo significou; ou propositalmente atirem fora o que não precisam mais, a bagatela. Mas sua colheita, pela qual agora mesmo agradeceram, contém as sementes do ciclo seguinte. Sintam o equilíbrio. Após a comunhão, o círculo fica "aberto mas não rompido". Depois, abandonem o
lugar entre os mundos e sigam na direção do outono.Eu os abençôo. Rae
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A Bruxa Solitária - Rae Beth
SpiritualIntrodução As cartas que se seguem não foram escritas para se tornar um livro. Foram escritas, sim, como lições a aprendizes de feiticeiros -Tessa e Glyn. Depois, me dei conta de que este poderia ser um trabalho de interesse para muitas pessoas...