Alex percebeu vozes distantes e abafadas. Gradativamente elas foram ficando mais definidas até que ele pode reconhecê-las como zombarias entre seguranças e programadores. O atordoamento que proliferava por seus sentidos diminuiu mais rápido do que após um boa noite de sono.
Ele estava sentado em um sofá de dois lugares feito de tecido entrelaçado posicionado em uma sala totalmente branca. Tão branca a ponto de ele imaginar como se o mundo todo houvesse sido removido, deixando à mostra o pano de fundo da realidade de Deus. Carl dividia o sofá com ele, observando o horizonte com suas costas rígidas, seus brancos cabelos agora camuflados e suas mãos entre as pernas como se esperasse um ônibus no ponto.
Um homem com um corpo de atleta e cabeça raspada ocupava outro sofá à esquerda deles. Seu porte físico indicava que era um dos seguranças. Um estado de choque havia invadido o seu corpo; todos eles estavam vestidos com camisetas da Broumgard, jeans azuis e sapatênis. Haviam eles sido desnudados e trocadas suas roupas após a injeção?
Ao lado de Alex, o joelho direito do oficial sofreu um espasmo. Ele esfregou suas mãos por sobre as coxas enquanto agitava a cabeça para os lados, como se esperasse uma emboscada.
O resto dos funcionários estava reunido no centro da imensidão branca. Devido à falta de objetos para comparação e contraste - árvores, carros, mesas - a distância entre eles parecia difícil de julgar. Eles poderiam estar a 20 ou a 200 metros dele.
Tara estava com os braços cruzados atrás das costas, em pé à frente de três homens. Ela vestia uma saia e um blazer rosa com contornos pretos. Sua camisa estava desabotoada até metade dos seios, expondo um decote mais avantajado do que ele havia esperado ser possível.
"Sejam bem-vindos, cavalheiros." Ela estendeu os braços como se estivesse inaugurando um imóvel. Pausando, ela encarou Carl. "Você está bem, Sr. Wright?"
Carl ergueu sua cabeça. Seus olhos estavam avermelhados e brilhantes, como se houvesse sido medicado.
"Você está conosco?" Tara aproximou-se dele.
"Umm..." Carl pigarreou. "É... Acho que sim."
"Que porcaria é essa?" O homem careca berrou enquanto levantava. "Para onde vocês me levaram? E que tipo de drogas bizarras estavam naquela seringa?"
"Se acalme, Sr. Robertson. Você está no Lobby, nossa atração principal aqui em Eridu. Se você puder se sentar, eu irei realizarei uma breve explicação e então responderei qualquer pergunta que você porventura tenha."
"Não vou sentar coisa nenhuma, senhorita." Ele disse dando um coice no sofá, arrastando-o alguns centímetros na branquidão infinita.
Alex respirou profundamente e espiou Carl que estava olhando para a frente, provavelmente desatento à mudança de humores.
"Eu não me inscrevi para nada dessa maluquice. Para onde quer que você tenha me levado, isto foi contra a minha vontade e eu quero sair. Agora." Ele caminhou para perto dela.
As conversas na multidão diminuíram; cabeças começaram a virar na direção deles.
Alex olhou para os funcionários. Ninguém iria ajudar Tara? Se esse homem musculoso fosse às vias de fato, Carl continuaria sentado ali? Sobrava Alex, e opções similares. Poderia Alex pedir ao rapaz para acalmar-se antes de ser neutralizado por um golpe de judô e sentir seu braço quebrar?
"Sr. Robertson, você precisa ficar calmo e deixar que eu explique."
"Explicar o cacete." Ele disse ficando a um metro de distância e apontando o dedo para ela. "Eu lutei por este país. Fiz coisas que você nunca saberia..."
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Paraíso Virtual
Science FictionAlex Cutler aceita o emprego dos sonhos indo trabalhar para uma empresa que possui um grande segredo. Milionários poderosos despejam ali suas fortunas junto de moribundos que lá depositam suas últimas esperanças de vida. O que inicia como um meio de...