"Meu garoto," Kole o encorajou.
"Acabe com eles," outro disse.
O círculo foi rompido com um ritualístico, "Break!" junto de uma palma.
Um anel verde de luz aguardava-os no gramado, mostrando a Alex onde alinhar-se. Ele correu até lá, checou seu grupo de fãs e, ao perceber sua proximidade, saudou-os. Eles reagiram pulando histericamente e agitando seus cartazes de apoio.
O anel desapareceu assim que ele o adentrou. Ele então focou sua mente e assumiu o que para ele seria uma postura apropriada: cotovelos junto ao corpo, braços em ângulos retos, joelhos flexionados e o corpo inclinado para a frente, apoiado nas pontas dos pés.
Seu defensor alinhou 5 jardas a sua frente. O homem começou a provocá-lo, mas Alex ignorou suas palavras. Ele estava focado no marcador de jardas à sua frente e então visualizou sua rota.
"Set. Hut, hut!"
Alex explodiu em movimentos.
Utilizando sua nova força corporal, ele passou voando por seu defensor. A força-G de suas passadas tremulava suas bochechas. O vento assobiava ao passar pelas fendas de seu capacete. Ele ouvia o barulho abafado de suas travas no solo, sentindo a propulsão de sua forma modificada.
Somente um homem permanecia à sua frente quando ele começou a angular. Mais dois passos e ele inclinaria para começar a procurar pela bola.
Parecia que seu adversário havia previsto o que estava por acontecer; ele virou em direção a Alex no tempo perfeito para interceptá-lo.
Preocupação interrompeu o seu foco. E se este plano fosse um trote para machucar o calouro? Uma conspiração na qual eles quebrariam suas pernas ou fragmentariam suas costelas para então dizerem que nada daquilo era real?
Ele deixou de lado suas especulações e focou no que sabia: seus companheiros de equipe haviam confiado nele. Olhando por sobre os ombros, ele encontrou a bola no ar.
Os cálculos de Alex eram inconclusivos sobre o que iria acontecer primeiro, se ele iria conseguir pegar bola ou o se seu defensor conseguiria se arremessar contra seus joelhos. Ele então segurou a respiração.
A bola de couro planava ao seu alcance quando ele estendeu os braços. Cada homem, mulher e criança no estádio estava de pé. Os sons sumiram, o tempo parou. Haviam sobrado somente ele e aquele objeto oval rodando. Ela encontrou suas mãos provocando um som audível. Seus fortes dedos a seguraram como uma mosca presa numa armadilha pegajosa.
Ao invés de comemoração, o estádio manteve-se em silêncio.
Ao lembrarem do mergulho do defensor, os fãs provavelmente prenderam a respiração em antecipação ao que viria.
Em um nível subconsciente, Alex imaginou seu oponente em voo, mirando em seus joelhos. Usando sua imaginação, ele tentou um salto no ar. Os seus pés atingiram o capacete do adversário. As mãos dele alcançaram sua coxa e tentavam derrubá-lo, mas Alex enfrentou-o.
Alex sentia a atenção de 80.000 fãs voltada nele.
Seus braços se estenderam, encontrando equilíbrio. Ele saltou duas vezes em um pé só, recuperou sua forma e correu como Usain Bolt.
A torcida delirava.
No momento em que Alex atravessou a linha final, metade de seus companheiros correu até ele na End Zone para celebrar uma jogada executada com perfeição.
Seus olhos esbugalharam como se inflados; seu largo sorriso trouxe o gosto de borracha do protetor bucal. Ele não havia se sentido assim desde que colocou em operação seu primeiro software, um jogo de esqui no qual duas letras deslizavam paralelamente à tela formando uma pista. Usando a letra S para representar o esquiador, o jogador tentava navegar pela pista sem tocar em suas laterais. Aquilo havia sido um grande avanço.
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Paraíso Virtual
Science FictionAlex Cutler aceita o emprego dos sonhos indo trabalhar para uma empresa que possui um grande segredo. Milionários poderosos despejam ali suas fortunas junto de moribundos que lá depositam suas últimas esperanças de vida. O que inicia como um meio de...