O misto de fortes seguranças e programadores nerds encheu o vagão. A ansiedade de Alex ia aumentando a cada centímetro de elevação. Ele se encontrou desejando que meses já houvessem passado e ele estivesse integrado na amigável atmosfera. A conversa do lado de dentro emanava um ar de diplomacia. Surgia uma pitada de gracejos: "Quem vocês vão colocar como Quarterback titular?"
"Este ano vamos vencer"
"EU SOU UM MONSTRO!"
"Sério, como você vai conseguir parar o Jason?"
Jason? Alex pensou. Se eles estavam se referindo àquele que conheceu vestindo um jaleco de laboratório super apertado, eles só precisariam jogar um chocolate no chão. Boom, problema resolvido.
O elevador abriu para uma espaçosa sala branca. Fileiras de cadeiras, delineadas com pesadas cortinas verdes se estendiam até perder de vista. Algumas encontravam-se fechadas.
Funcionários vestidos com aventais de laboratório interagiam com hologramas flutuantes à frente deles, com uma lente minúscula acoplada ao ombro. Ele ficara maravilhado com a simplicidade e eficácia deste design. Enfermeiras começaram a chamar pessoas pelo nome. Indivíduos começaram a caminhar para a frente, receber rápidas ordens e então se dirigiam para as fileiras de cadeiras. Ele observou um homem adentrar na quinta fileira e andar por cinco estações até encontrar um atendente a sua espera. Enquanto sentava, a enfermeira puxou a cortina esverdeada ao redor deles.
"Alex." Tara enganchou em seu braço, seus olhos extremamente empolgados. "Está preparado para a maior experiência do planeta?"
"O que é isto? Vamos jogar futebol americano em um ambiente de realidade virtual ou algo parecido?"
"Alex Cutler!" Uma funcionária anunciou.
"Mais ou menos. Palavras não poderiam descrever. Só lembre que você estará totalmente seguro." Tara o encaminhou até a mulher, que o inspecionou.
"Alex Cutler?"
Ele assentiu.
"218."
Alex se permitiu ser levado até o fundo da segunda fileira. Sua mente processava as possibilidades; realidade virtual, hipnose profunda, deprivação sensorial, alucinações induzidas por substâncias tóxicas. Todas estas o interessavam, umas mais do que as outras. Ele simplesmente desejava ter recebido maiores explicações.
Enquanto se aproximava, ele encontrou Carl encolhido em uma das cadeiras. Dois oficiais posicionavam-se ao seu lado. O rosto de Carl evidenciava sua inquietude. Antes mesmo de reconhecer Alex - que havia feito um gesto a fim de confortá-lo - um dos oficiais desenrolou a cortina e a fechou.
"Aqui estamos," Tara disse indicando a ele a cadeira. "Sente-se, por favor." A área era de aproximadamente 2m². Um painel de controle que se assemelhava a um púlpito localizava-se em um dos cantos. Alex relaxou no confortável assento de couro preto. Logo abaixo dele, um aparato em forma de bloco lampejava diferentes luzes. Assim que se ajeitou, ele detectou discretas vibrações do equipamento. Ao perceber que se tratava de um hardware, ele descartou alucinações induzidas por substâncias tóxicas, mas nada além disso.
"Sente-se Alex. Relaxe." Tara disse enquanto o ajudava.
A cadeira lembrava ele de uma cadeira de dentista ultra tecnológica. Lisa e firme nos ombros e curvada para acomodar sua região lombar. Alex formigava com sua primeira onda de excitação. A cadeira inflou próxima ao seu tornozelo, no espaço atrás dos joelhos e próximo às axilas, reduzindo com grande eficácia a sensação de estar em contato com o aparelho.
Dois guardas uniformizados entraram e mantiveram guarda, transformando a excitação de Alex em angústia.
"Está tudo bem," Tara disse. "Os guardas estão aqui somente devido ao nervosismo da primeira vez." Ela removeu um invólucro plástico de seu bolso e retirou dele uma pequena pistola metálica com um frasco de vidro, no qual chacoalhava um líquido.
Alucinações tóxicas estavam de volta no jogo.
Um olhar para o par de brutamontes o ajudou a avaliar suas opções atuais.
"Vou aplicar um sedativo leve." Ela permaneceu imóvel segurando o aparelho, aguardando sua redundante aprovação. "Confie em mim."
"Acho que terei que confiar, não?" ele disse com um sorriso amarelo e um pouco aborrecido. Isto era como a vida numa casca de noz. Possibilidades ilimitadas ao seu redor, mas, realmente, havia só uma opção, normalmente decidida por outro alguém.
"É uma agulha bem pequena," ela disse enquanto estendia seu braço.
Ele fechou os olhos e aguardou a picada, mas ela nunca veio.
Tara descreveu a aplicação corretamente, uma pequeeeeeeena...
Seu mundo ficou escuro.
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Paraíso Virtual
Science FictionAlex Cutler aceita o emprego dos sonhos indo trabalhar para uma empresa que possui um grande segredo. Milionários poderosos despejam ali suas fortunas junto de moribundos que lá depositam suas últimas esperanças de vida. O que inicia como um meio de...