Capítulo 5 (Pt. 1)

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"Continue aí nesse olho-mágico mais um pouco e você vai receber eles com um círculo em volta do olho." O elevado pé-direito e as linhas suaves do design da cobertura de Alex garantiam a acústica perfeita para a voz de Kole.

Alex ficou tenso. Até ouvir o som do elevador chegar, ele caminhava pelo corredor da entrada. Prendendo a respiração, ele espiou novamente o grupo de pessoas que saía: uma jovem que ele nunca havia visto trazia consigo uma travessa coberta; o nervoso Carl, o enorme Jason... Denise assobiou enquanto saia e proferiu, "Alguém tá morando muito mal aqui hein!" Rosa saiu por último. Alex finalmente soltou a respiração.

Como esperado, o grupo se reuniu em frente à escultura de três metros de altura por três de comprimento chamada Criação Padronizada. Um enorme globo do tamanho de um elefante que rodava continuamente. Os vastos oceanos, trabalhados à mão em cristal ondulado brilhavam azul-claro, permitindo a visualização do centro oco e do lado oposto. Uma pedra nativa de cada país delineava as fronteiras; com um polido e texturizado granito verde para os Estados Unidos. Uma seção plana de zircônio projetava um arco-íris de brilhos cada vez que a África do Sul encontrava a luz. A borda vermelha de rubi da Birmânia brilhava tanto que chegava a refletir a imagem de Alex quando ele se aproximava. Mesmo que algumas das pedras fossem artificiais, ele imaginava que o valor da Criação Padronizada estava próximo dos milhões e ainda assim ele achava que estava um ou dois zeros abaixo do real valor.

"Você me espiou desse jeito enquanto eu olhava o seu globo?" Kole perguntou.

"Sim," Alex respondeu. Só não por tanto tempo assim.

Rosa estava na parte de trás do grupo; portando um envelope rosa nas mãos. Ela vestia uma blusa violeta e calças jeans. Sua silhueta acelerou seus batimentos. Ela então se encaminhou para a porta. Alex saltou para trás e esbarrou em Kole, que o segurou pelos ombros, colocando-o ao seu lado.

Kole olhou através da lente, se assustando quando a batida na porta chegou.

"Vá lá pra trás, fora da visão deles," Kole sussurrou. "Aja como se você tivesse vindo do deck."

A entrada da cobertura de Alex terminava em dois conjuntos de seis degraus, dividindo-se à esquerda e à direita da grande caixa de vidro. O iluminado casaco de couro original do filme Matrix fazia as vezes de capacho de entrada da sua casa.

Fora de seu campo visual ao final das escadas, vozes cumprimentavam-se. Alex resistiu ao impulso de encontrá-los na porta. Observando o conselho de Kole, ele correu até a porta deslizante, parando quase na saída para o sol do final da tarde. Os fortes ventos da sacada no quinto andar abafariam as vozes de seus convidados.

O aroma de carne assando em brasa o distraiu.

O conjunto de "Oohhs," chamou a atenção de Alex.

Kole explicava orgulhoso sobre a autenticidade do casaco de couro. Ele disse a uma das mulheres "Eu posso deixar você tirar uma foto minha usando isso e nada mais."

Sapatos ecoavam ao se encontrarem com o piso dos degraus, trazendo Rosa à tona. Alex respirou fundo e foi em direção a ela.

Ela se encontrava em um dos cantos de sua ampla casa. As salas de jantar, estar e o solar dividiam um generoso espaço de design moderno. Pôsteres de filmes de ficção científica - começando por Metropolis até seu favorito Hackers - estavam à mostra na parede mais ao sul. Abaixo deles, um aquário se estendia por aproximadamente seis metros. Com 1,70m, Rosa era centímetros menor que Alex. Seus olhos castanho-escuros eram como café recém-feito e finalizado com creme.

"Oi, Alex." Ela estendeu o envelope. "Trouxe um cartão pra você."

"Que consideração a sua!" Um pequeno laço decorava a frente do envelope. No cartão, um chalé com um pequeno jardim do qual se levantava um jardineiro que estava agachado em frente à fachada esverdeada. No lado interno, estava impressa a frase "Que bom que você finalmente chegou. Seja bem-vindo." Logo abaixo, Rosa havia escrito de próprio punho "Seja bem-vindo à nossa cidade sagrada. Você vai amar! Rosa."

"Era o único cartão na loja de presentes que se encaixava," Rosa disse.

"É maravilhoso." Ele se dirigiu para a mesa mais próxima: branca com uma única gaveta e no topo uma vasilha com frutas de cera. Ele empurrou a vasilha de lado e colocou o cartão em pé. Parecia como uma versão masculina de um buquê de rosas. Ele ficou tão vermelho que estava com medo de olhar para ela.

"Que cheiro bom, o que está rolando?" Ela perguntou.

Entre eles? Não, ela está falando da comida! Ele engoliu em seco. "Não tenho ideia."

"Você não acabou de sair da churrasqueira?"

Olhando para a porta, ele tentou recordar o que Kole havia descongelado na pia. Ao não conseguir, ele deu de ombros timidamente, "Tenho quase certeza que é carne."

Ela deu um sorriso, "Este é um bom chute."

Inundado pela atração, ele estendeu sua mão para iniciar um contato. "Bom te ver de novo."

As mãos unidas foram uma vez para cima e outra para baixo. Ele sorriu tão largamente que temeu parecer bobo, mas não se importava.

"E aí está o homem da casa." Kole guiava uma mulher pelos ombros. "Esta é Melissa. Você logo vai saber que ela é a melhor recepcionista da Churrascaria Mountaintop."

Ela ruborizou. "Eu guio clientes às mesas. É um trabalho bem simples."

"Eu já olhei aqueles mapas de mesas.Com-pli-ca-dís-si-mos," Kole disse. "Sente-se nesta mesa de rei. Eu vou atendera churrasqueira."

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