Capítulo 5 (Pt. 2)

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Jason vestia uma camisa cinza do Star Wars. Silenciosamente, ele tomou para si o lugar da ponta da mesa. Denise continuava inspecionando a casa, abrindo portas e balbuciando (elogios?) inaudíveis.

Alex considerou puxar a cadeira para Rosa. Acreditando ser muito formal, pensou então na ordem dos lugares - sentaria ele com um lugar de distância, ao lado ou à frente dela? Ele mordia o polegar enquanto pensava.

"Onde você vai sentar?" Rosa perguntou.

"Aqui," ele segurou a cadeira que estava mais próxima.

"Então eu sento aqui." Ela pegou uma ao seu lado.

"Mais meia-hora até ficar pronto," Kole disse enquanto ele retornava carregando uma garrafa de rum e outra de refrigerante. "Quem quer jogar Presidentes e Bobos?"

Ao lembrar de seu colega asiático, Alex perguntou, "O Song vem?"

"Não, cara." Kole disse, "Eu gosto dele, mas você não consegue entender o que ele diz a não ser que a gente esteja dentro..."

Ele e Alex trocaram olhares.

Carl se ocupou abrindo um dos três baralhos, como se não tivesse percebido o deslize quase fatal de Kole.

Faltava a Rosa e Melissa o nível de segurança apropriado. Elas nunca ouviram falar nada sobre o Lobby além de não ter ideia de qual era a experiência dos clientes no Atrium ou o motivo pelo qual eles chegavam a Eridu tão radiantes.

Ambas as mulheres focaram seus olhares curiosos em Kole.

Alex sabia o que Kole ia dizer, "Você não consegue entender Song a não ser que estivéssemos no Lobby." Toda e qualquer fala era traduzida para o idioma de quem ouvia a fim de fazer com que a comunicação fluísse. O Lobby eliminava diferenças de idade, estatura, aparência e dialetos, fazendo dele um lugar onde as amizades eram formadas pura e simplesmente pela compatibilidade.

"Não consegue entender ele a não ser o quê?" Melissa perguntou.

Rosa encarou Alex e cerrou os olhos, como se estivesse tentando ler algo em sua fisionomia.

"A não ser que sua namorada esteja grudada nele pra traduzir," Denise disse enquanto puxava uma cadeira e olhava fixamente para Alex. "Você deve ser muito importante para ter uma casa assim."

"Quantas cartas pra cada um?" Jason perguntou, embaralhando-as. Talvez ele tenha ouvido o deslize e também tinha vindo ajudar.

"Distribua o baralho todo," Kole sentou-se, acabando com o contratempo. "As regras são simples. O Jason começa jogando sua menor carta. Seguindo pra direita, você tem que jogar uma carta mais alta que a dele. Se não conseguir, pode jogar uma carta igual a que está na mesa até que acabem todos os naipes. A qualquer momento, se alguém jogar um 2, a contagem recomeça. O primeiro que jogar todas as suas cartas é o Presidente da rodada. O segundo é o Vice, o terceiro o Governador, etc. O último é o Bobo. O Bobo tem que embaralhar e distribuir as cartas na próxima rodada. Agora todos os jogadores podem mandar alguém de categoria mais baixa fazer algo. O único que não recebe ordens é o Presidente."

"Então se eu vencer," Melissa disse, "Você tem que fazer o que eu mandar?"

"Quando eu vencer, você vai ter que fazer tudo o que eu mandar," Kole disse.

Criado para ser um jogo para beber, Kole ficou desapontado ao perceber que somente ele, Melissa e Denise estavam bebendo. O grupo então trocou os comandos de beber por desafios: Carl teve que imitar um pato cada vez que uma rodada acabava. Denise mandou Kole dançar como uma galinha enquanto os outros cantavam. Alex falhou horrendamente quando Rosa (sua Vice-Presidente) ordenou que ele (um Prefeito) fizesse a Kamarinskaya, uma dança tradicional Russa. Com os braços cruzados, ele agachava enquanto os homens marcavam o ritmo com palmas.

As mulheres brincavam, "Mais! Desce mais!" Até que ele caiu sentado. Ao invés de flamejar de vergonha, Alex riu junto com todos; enquanto Rosa o ajudava a levantar.

As mãos dela encostando no seu braço e nas costas adicionaram ainda mais alegria.

Com a mesa arrumada e a comida a caminho, Rosa disse, "Nós vamos buscar os aperitivos," e chamou Alex pelo braço.

Enquanto levantavam, Melissa passou carregando a travessa que eles iriam buscar, mas Rosa continuou a andar. "Quero ver o que você tem aqui para beber além de refri."

Seu refrigerador turbo de 50L abria as portas a partir do meio. Cada um deles segurou em um dos puxadores e inclinou para inspecionar o que havia lá dentro. O resultado imediato disto foi o fato de que suas cabeças ficaram quase coladas. Ele olhava para o rótulo de um suco de laranja. Ela olhava para ele. O ar gelado do refrigerador contribuiu para diminuir a temperatura dele que subia em disparada. "Eu tenho suco, água e vitamina."

Ela o observava. Se ele virasse, estaria praticamente beijando-a. Aquilo parecia muito apressado, apesar de parecer uma boa ideia.

E se ela quisesse um beijo? Um leve toque em seus lábios em frente ao refrigerador parecia juvenil.

Decidido a entender o porquê de ela ainda estar encarando, ele virou. Ela então passou a procurar as bebidas.

"Vou pegar uma garrafa d'água," Rosa alcançou a parte interna. "Você quer algo?" Perguntou enquanto ambos levantavam e fechavam as portas.

Ele sabia que se olhasse para ela iria revelar tudo: que ele a achava incrivelmente linda; que ele gostaria de se aproximar e beijá-la; que ele nunca havia sentido uma energia parecida com a que pulsava entre eles.

Virando, ela abriu a garrafa d'água, deu um gole e disse, "Estou morrendo de fome," antes de andar até a sala.

"Você quer jantar novamente aqui amanhã?" Alex disse rapidamente.

Parando próxima aos degraus, ela o avaliou. Apertando os olhos e franzindo os lábios ela disse, "Depende de quão boa estiver a comida hoje." E voltou a caminhar para a sala.

Sorrindo, Alex interpretou aquilo como um 'Sim':Hoje eles teriam salsicha alemã importada recheada com cheddar.    

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