Capítulo 1

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Há muito e muito tempo, eu ouvia lendas sobre criaturas místicas que assombravam minha cidade durante a lua de sangue. Lua de sangue significa que um lobo pode passar sua maldição para outra pessoa, esse período dura uma semana inteira. Na minha cidade todo ano é a mesma coisa, todos os moradores se ''escondem'' por uma semana inteira durante a lua de sangue. Mesmo sendo uma cidade pequena e nos dias atuais não vejo razão para os moradores serem tão primitivos mentalmente, por acreditar em lendas bobas como essa. Nunca pensei que essas lendas poderiam ser reais.

Essa é minha história. Meu nome é Melanie Mckinley, tenho dezoito anos e estou no terceiro ano do ensino médio da escola Fords High School. Moro em uma cidadezinha na Georgia, é pequena, mas é bem desenvolvida, quero dizer, em termos de progresso. Meu pai, Peter Mckinley é um homem influente aqui na cidade e na região, e conhece muitas pessoas importantes. Ele é um homem muito inteligente e tem uma mente muito aberta, até a página dois. Como eu já disse, lendas de criaturas como lobos gigantes e cruéis cercam a minha cidade, meu pai me contou que foi um deles que matou a minha mãe, mas como isso poderia ser possível? Pra mim não era, ele sempre se zangava quando eu perguntava algo sobre a morte dela e ele sempre me dizia.

–Você conhece a verdade Mel.

Mas não acreditava e continuo não acreditando, afinal, eu nunca havia visto um até a algum tempo atrás.

–Vamos Mel!Já esta na hora de você ir para a escola!

Abri os olhos com a minha governanta gritando na minha porta.

–Já to indo Lola!

Eu gritei ainda deitada na cama. Levantei devagar e sentei na cama, respirei fundo.-Ótimo, mas um dia chato, com pessoas chatas.Disse baixinho e fui para o banheiro. Tomei um banho, penteei meus longos cabelos loiros e ondulados, meu cabelo era uma parte de mim que eu mais amava. Vesti a farda da escola e desci as escadas.

–Seu café esta na mesa.

Lola disse se retirando.

–Obrigada.

.Não perguntei do meu pai, ele sempre estava trabalhando e em viagens de negocio, quase nunca eu o via. Entrei no carro e o motorista me levou para a escola, ficava perto e eu odiava ir de ''motorista'', eu era a única que não usava meios de transportes comuns como um carro normal, ou um ônibus, ou até mesmo ir a pé, eu não me importaria se fosse para evitar todos aqueles olhares.

–Oi Mel!

Sara veio até mim sorridente, ela era minha única amiga, ela que me ouvia e era minha confidente. Eu poderia descrever minha escola facilmente, havia góticos, emos, líderes de torcida, e essas coisas mais, e havia pessoas como eu e sara que não se encaixavam em nenhum grupo. Ah! Claro, havia um que não se encaixava mesmo em nenhum grupo, era Sam Tyree, ele era o garoto mais estranho e arrogante que podia existir, o pai dele era muito amigo do meu pai e quase sempre nos encontrávamos. Ele tinha um rosto lindo, traços afilados, sua pele era clara, mas não tão clara como a minha, seu cabelo era de um tom de cobre e seus olhos eram de um castanho esverdeado lindos, bom, eu to falando tudo isso por que uma vez eu estava andando com Sara voltando pra casa dela e Sam estava vindo de um caminho contrário.

Flash Back on

–Eu não vejo a hora de te mostrar meu vestido novo!

Sara falava com entusiasmo.

–Eu mal posso esperar.

Eu disse alegremente. Não reparei que Sam estava vindo e esbarrei nele, sei que parece muito clichê, mas foi verdade, acontece que por ser verdade não aconteceu como nos filmes ou nas novelas.

–Ai!

Eu disse me afastando.

–Você não olha por onde anda não ?

Ele disse com grosseria.

–Bom, eu olharia se você também prestasse atenção por onde anda!

Eu disse com raiva.

–Não vou perder meu tempo discutindo com você pirralha.

Ele disse e saiu andando. Fiquei estática de raiva, pirralha? Quem ele pensava que era? Um adulto? Pelo o que sei é que Samir Tyree tinha dezoito anos.-Mas esse garoto se acha mesmo né?Eu disse ainda perplexa com sua arrogância. Sara também estava.-Vamos, esqueça isso.Ela disse e saiu me puxando pela rua.Flash Back offEu e Sara fomos indo para a nossa sala. Sam estava como sempre excluído em um canto, ele me olhou por um momento e depois desviou o olhar. Mesmo o pai dele sendo muito amigo do meu e pelo fato do meu pai querer me empurrar pra ele a todo modo, eu não queria, e Sam também não. Por alguma razão ele me odiava, o que me fazia sentir triste, mas não por que gostava dele, ate onde eu achava.

–Ei Mel! Você ta aqui?

Sara balançava a mão nos meus olhos e estalava os dedos.

–Sim... estou.Respondi.

Assistimos a todas as aulas chatas, meu celular tocou.

–Oi pai!

Atendi.

–Mel, o motorista não vai poder busca-la, pegue um táxi está bem?

Meu pai disse preocupado. Era tudo o que eu mais queria. Ir andando pra casa, era perto e eu amava andar, era revigorante. Não ia pegar táxi coisa nenhuma.

–Tudo bem pai.

Desliguei o celular tentando esconder o alívio.

–Você já vai?

Sara me perguntou.

–Sim, vou caminhando.

Eu disse.

–Não quer que eu te leve?

Sara perguntou.

–Não! Eu vou ficar bem...

Eu disse e sorri. Me despedi de Sara e comecei a andar, a rua estava deserta e por um momento senti que alguém me observava, mas devia ser só paranoia minha, não havia ninguém. Continuei a andar pela rua deserta, mas a aquela sensação ainda me perseguia, olhei para a floresta que se estendia do outro lado da rua e vi, vi algo que não era humano, tinha uma forma que não consegui distinguir, era negro como o breu, toda a forma, os olhos eram grandes e amarelos e me encaravam, fiquei meio em transe, acho que foi, por que eu já estava atravessando a rua pra ir de encontro aquela criatura fascinante. Ouvi um buzina e senti que estava em cima de mim, mas meu transe continuava a me puxar para mais perto. Continuei olhando aquela criatura tão misteriosa, mas ele rosnou pra mim, muito alto, então sai do meu transe e me assustei dando um pulo pra trás e o carro passou por mim raspando, quase fui atropelada, mas consegui ouvir na minha mente.

Você não devia andar por aí sozinha.

E a criatura sumiu, de repente.


Antes do anoitecerWhere stories live. Discover now