Capítulo 3

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Sam saiu no meio da chuva fria, eu me senti culpada imediatamente por eu ter falado aquilo pra ele, e se ele não quisesse mesmo falar aquilo? Me levantei e fui correndo atrás dele, e se ele não tivesse pronto pra me xingar ou algo assim?

–Mel, aonde você vai?

Lola gritou atrás de mim. Não dei ouvidos a ela

–Sam! Volta!

Eu odiava ele, mas pelo menos, de alguma forma Sam era uma das poucas que me restavam, da minha família temporária. Precisei saber o que ele ia me dizer antes de eu gritar com ele.

–Sam!

Eu gritava na chuva fria. Mas nada dele, será que havia acontecido algo? Alguma coisa ruim? Cansei de ficar gritando sozinha. Voltei pra dentro de casa.

–Por que você saiu nessa chuva Mel?

Não respondi, subi para o meu ''quarto'', liguei o aquecedor e entrei no banheiro para tomar um banho quente. Onde será que você se meteu Sam? Pensei comigo mesma. Coloquei meu pijama e me deitei. Era tudo novo, estranho pra mim, minha ficha ainda não havia caído. A ausência do meu pai ainda estava doendo muito e sempre iria doer. Acabei adormecendo. No meio da noite, acordei com aquela mesma sensação que havia alguém me observando, procurei pelo quarto e vi aqueles mesmos olhos amarelos daquela criatura, daquele lobo. Me ajeitei na cama e quando vi novamente, havia sumido. Deitei novamente e dormi. O dia amanheceu.

–Mel! Acorda ,ta na hora de você ir pra escola.

Lola disse me balançando.

–Não vou hoje.

Eu disse me escondendo embaixo das cobertas.

–Tudo bem, não sou sua mãe, você que sabe.

Ela disse sindo.

–Vou ao supermercado.

Lola disse e pude ouvi-la descendo as escadas. Levantei e senti um vazio enorme dentro de mim, senti as lágrimas descerem dos meus olhos com força, procurei Sam por toda a casa e ele continuava sumido. Sai de casa chorando e fiquei respirando o ar puro, ainda era cedo, o sol não havia saído , estava bem frio, mas eu não me importei, o frio não me machucava.

–Mel? Mel! O que você está fazendo aqui fora nesse frio?

Eu apenas corri e o abracei forte. Sam se surpreendeu comigo pois senti seus músculos tensos.

–Eu sei que você não me suporta, mas fiquei preocupada com você.

Eu disse ainda chorando. Sam me afastou e tocou meu braço.

–Vou te levar pra dentro.

Ele disse tirando seu casaco. Eu o olhei confusa, ele apenas me agasalhou.

–Você está fria.

Sam disse e me levou pra dentro de casa, ele me levou até o banheiro e me deixou lá. Tomei um banho quente, fiquei um bom tempo me aquecendo. Saí do banheiro, avistei-o sentado no sofá concentrado no nada.

–A lola...

Ele se perdeu nas palavras. Me olhou de cima a baixo, mas não consegui saber o que se passou pela sua mente. Percebi que meu roupão estava bem curto e na mesma hora corei.

–Ér... acho que vou me vestir.

Eu disse sem jeito.

–É, você devia mesmo.

Ele disse friamente. Que bom, eu não acreditava, acho que ele me odiava mesmo, me olhou quase nua e não pensou nada? Mas por que eu estava pensando nisso mesmo? Nem eu mesma sabia. Eu estava cansada e confusa, peguei meu violão e comecei uma canção que eu mesma havia feito. Comecei a cantar na varanda do meu quarto, por algum motivo aquela musica se encaixava tanto comigo.

Antes do anoitecerWhere stories live. Discover now