• doze •

124 14 0
                                    

- 'cause you're my painkiller... - cantarolei distraído. - when my brain gets bitter. you keep me close. when i've been miserable...

- qual o nome dessa? - mike, do time, perguntou se encostando na mesma parede que eu olhando para as outras pessoas na festa.

- painkiller. - respondi ajeitando o cabelo.

- gostei dela.

- obrigada.

- porém real thing continua sendo melhor. - disse agora olhando para mim. - sabe quem concordaria comigo?

- quem? - o encarei.

- uma amiga minha, não sei se você conhece. mas ela disse que conhece você. - o olhei confuso. - a fantasminha.

- você disse que não a conhecia. - disse sem acreditar, e com razão.

- eu disse que não sabia se era uma das minhas duas amigas e que não estava com elas na noite. foi diferente.

- qual das duas? - perguntei ansioso.

- não posso contar ainda.

- o que? - meu tom de voz subiu. - por que?

- ordens da patroa. - mike levantou as mãos como se estivesse se rendendo. - mas ela está aqui.

- vamos jogar alguma coisa? - uma garota de cabelos cacheados pediu aparecendo na nossa frente.

- desculpa, nós estamos conversando uma coisa um pouco importante. - olhei para mike outra vez. - onde ela está?

- você não parece tão apaixonado quanto eu pensei. - ela estendeu a mão para mim. - eu sou a melhor amiga da sua amada, romeu.

olhei para os dois confuso. tanto um quanto o outro tinham um sorrisinho estranho no rosto.

- vocês estão brincando, não é? - perguntei. - estão brincando comigo, nem conhecem ela.

- olha, eu bem que queria estar brincando. desculpa ter ligado justo na hora do beijo entre vocês, da próxima eu espero. - disse com tom de ironia. - verdade ou desafio ruel? - gabi perguntou.

- como é?

- verdade - se aproximou ficando cara a cara comigo. - ou desafio?

olhei para a garota de cabelos cacheados que me encarava. se fosse verdade o que eles dois estavam me dizendo, essa seria a oportunidade perfeita para tornar realidade meu mais puro desejo dos últimos dias. eu a teria em seus braços mesmo que só por alguns minutos, a beijaria e sentiria que estamos destinados a ficarmos juntos.

mas então eu me lembrei. "essa garota pode estar mentindo, pode estar querendo tirar sarro da situação."

- desafio.

- vamos lá. - ela começou a ir em direção ao corredor enorme da casa.

enquanto aquela garota que se dizia ser amiga da boo me levava para o outro lado da casa, percebi que ela estava blefando. não faria sentido ela me levar tão longe assim. mas não fiz nada, queria ver até onde ela ia.

a garota que atendia pelo nome de gabriela parou em frente a porta do que eu havia percebido ser o quarto de hóspedes.

- demore o tempo que precisar. - me entregou a chave. - deu um baita trabalho, aproveite.

e lá estava ela. de costas, com uma mini blusa listrada que fazia par com seus jeans surrados. e completamente perdida em seus pensamentos enquanto analisava uma das paredes do quarto que estava decorada com pôsteres de diversas bandas e artistas solo, alguns que conhecia, outros não. seu cabelo estava preso em um coque frouxo, tal como as protagonistas dos clichês românticos que eu lia na internet, seus lábios estavam contraídos e sua mão direita repousava em seu pescoço, demonstrando que ela estava concentrada. céus, ela era perfeita. era como ver a própria afrodite bem na minha frente, e agradecia a deus por me agraciar com a presença dela. por mais que a minha vontade fosse ficar ali, apenas a admirando, coisa que eu faria a noite inteira sem reclamar, precisei me mexer. afinal, não sei como faria para explicar que não, eu não estava a espionando e que o motivo de eu estar ali, parado feito um idiota apaixonado na quase escuridão daquele quarto, era que eu só estava a procurando a dias e não conseguia acreditar que havia a encontrado.

- alaska young outra vez? - perguntei fazendo ela perceber que não estava sozinha.

- fiquei com medo de você não me reconhecer sem a minha ilustre caracterização. - apontou para o seu próprio corpo. - afinal você não me reconheceu quando eu estava sem fantasia.

- não reconheci você sem...? eu vi você? - perguntei surpreso. me aproximei. - quando? onde?

- a gabi realmente é boa com maquiagem. - riu.

- eu devo ter visto você de longe, eu me lembraria. - ela riu.

- adoro a sua voz. - disse fazendo carinho em meu rosto. - ela me acalma.

- onde eu vi você? - insisti.

- no colégio, fora dele, na quadra... - se afastou indo em direção ao poster do nirvana. - nos corredores, na sala de aula...

parei para pensar por um segundo. era impossível eu vê-la em tantos lugares, tantas vezes e não ter a reconhecido. vamos, ruel, se lembre.

- tudo bem, garoto astronauta, eu admito que eu sou bem diferente... - olhou para o seu corpo. - disso tudo. não culpo você por não reconhecer uma mera mortal feito eu. - se sentou na cama.

- está bem, mas você vai me contar um lugar onde você sempre está, ou onde eu posso encontrar você. - me sentei ao seu lado. - você sumiu. eu procurei você em todo lugar.

- obrigada. - sorriu. - me sinto lisonjeada.

- posso te fazer um pedido? - perguntei.

- claro.

me aproximei um pouco mais e tirei um pouco do cabelo do seu pescoço. então disse num fio de voz :

- por favor, não seja apenas um sonho. - pedi e pude ver ela sorrir sem graça.

- vou tentar não ser.

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora