• dezesseis •

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já em pé, olhei para ruel que estava sentado, aguardando pacientemente a minha chegada. tirei o avental e entreguei para a minha amiga que o vestiu e apontou com os olhos para a mesa.

dei a volta no balcão e reuni um pouco de coragem antes de ir até ele.

respire, apenas respire.

- bea. - disse e ele me olhou confuso. - o meu nome, é bea.

- ah, eu me lembro. - riu. - você por acaso não viu uma garota por aí ela tem uma... - seus olhos se fixaram na cicatriz de lúcifer. - uma cicatriz idêntica a sua. espera aí.

- bea olivia orton river. - continuei. - meu nome da certidão de nascimento é esse. boo é o apelido que meus amigos me deram, é a sigla do meu nome sem o river no final. - olhei para mike e gabi que nos observavam nervosos. - eu disse que estaria aqui.

ele se levantou e ficou em silêncio.

- você me viu na entrada do colégio na segunda-feira enquanto eu esperava você, mas nem percebemos. me viu no corredor quando eu contei a história do gato, me viu aqui, obviamente, mas não conseguiu me ver. - ri fraco. - e tudo bem, garoto astronauta, eu admito que eu sou bem diferente disso tudo. não culpo você por não reconhecer uma mera mortal feito eu. - repeti as mesmas palavras da noite passada. - você me viu na quadra diversas vezes porque eu sempre assisto aos treinos por causa do mike, na sala de aula porque você senta duas cadeiras atrás de mim... você me viu o tempo todo, só não prestou atenção.

- então você mentiu pra mim? - perguntou se sentando outra vez.

- não, eu sempre fui sincera até demais. - me sentei. - mas se for por causa da maquiagem...

- não tem nada a ver com a maquiagem. - me interrompeu. - tem a ver com você ter falado comigo, ter me visto todos esses dias e visto como eu estava louco atrás de você e ter só observado. e, é, tem um pouco a ver com a maquiagem também, você virou outra pessoa.

- desculpa, mas a culpa não é minha se você realmente acreditou que meus lábio eram permanentemente brilhantes e rosados e que aquela quantidade de iluminador era natural. - comecei a rir, mas parei assim que vi que era a única. - desculpa.

- você me enganou.... - hesitou. - eu nem sei por qual nome chamar você.

- não, eu não enganei. - insisti. - e você pode me chamar do que quiser, eu não me importo. ninguém podia saber que era eu naquela festa, eu não podia sair. nem devia estar lá.

- por que não me procurou depois quando eu estava sozinho?

- porque eu estava com medo.

- medo de mim? - riu com ironia. - eu não sou nenhum gato selvagem que ataca garotas bonitas.

- não fale assim de lúcifer, eu o amava. - disse baixando a cabeça. não para ele não ver o meu rosto que, muito provavelmente, estava vermelho pelo "garotas bonitas". porque acredite, não estava. - eu fiquei com medo de você se decepcionar, ou até mesmo não gostar mais de mim.

- isso é ridículo.

- é, mas olha só as pessoas com quem você anda. - olhei para o lado de fora onde eu via o grupinho que havia acabado de chegar esperando impaciente. - eu não tenho nada a ver com eles.

- em qual sentido? - pôs seus braços em cima da mesa. - no sentido estético, financeiro ou de caráter? porque dependendo de qual for, eu até concordo com você.

- não acredito que disse isso. - ouvi um barulho atrás de mim e olhei vendo que gabi tentava pular o balcão, mas que mike a segurava. ou tentava.

- você é um desgraçado! - gabi disse se soltando e indo na direção dele.

- gabi, não! - mike tentou segura-la, mas ela passou como um furacão por ele.

- não, eu preciso bater nele. - continuou andando rápido. a segurei pela cintura enquanto ela se debatia descontroladamente nos meus braços. - eu quero bater nele, me deixem bater nele.

- sério mesmo que você está aqui gritando comigo na frente de todo mundo feito uma maluca por que a sua melhor amiga é uma mentirosa e me fez de idiota?

mal tive tempo de digerir as palavras de ruel já que gabi conseguiu se soltar de mim e acertou seu punho fechado no rosto dele assim que ele fechou a boca.

- não. - respondeu num gemido de dor pela sua mão. - estou aqui gritando com você feito uma maluca porque você não é digno de nenhum tipo de sentimento positivo de ninguém, seu imbecil metido a besta.

ruel estava atirado no chão graças ao impacto e parecia tentar processar o que havia acabado de acontecer enquanto levava a mão ao local do soco.

- droga, foi bem no osso. - gabi resmungou.

- quer saber? - disse chamando sua atenção. - a gabi tinha razão. você é só um idiota, burro e fútil.

levantei meu olhar vendo que todos os seus amigos que antes estavam lá fora, estavam parados na porta sem entender muito bem a situação. meus olhos bateram em charlotte, me lembrei de uma coisa.

"- atualização na página da escola. - luke anunciou. os três pegaram os celulares ao mesmo tempo. apenas aguardei algum deles dizer o que era, me recusava a baixar um aplicativo idiota só para ler sobre a vida dos estudantes.


- ruel e charlotte estão oficialmente separados. - gabi disse com seu tom de voz normal.

- o que? - perguntei me aproximando e olhando no seu celular.

- eles terminaram. - repetiu."

- mas sabe, ruel, se eu sou uma mentirosa, pode ter certeza de que você também é. você não estava sozinho, não é? naquela noite. - apontei para charlotte. - você estava com ela ainda.

- não sei do que está falando. - respondeu se levantando.

- você e charlotte. você ainda namorava com ela quando tudo aconteceu. - o encarei a espera de uma resposta, porém ele apenas desviou o olhar. - interpretou um garoto legal bem até demais, me enganou bem. parabéns, van dijk, você e charlotte se merecem, são iguais. sinto pena de você.

me afastei puxando o braço de gabi para não ter riscos de haver outra agressão.

- foi ótimo enquanto durou, mas isso não é um conto de fadas. - disse mais para mim, que para ela. - não tem final feliz. acabou.

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora