• nove •

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eu estava sentada na arquibancada de olhos fechados, sentindo o calor do sol tocar minha pele enquanto mike e gabi discutiam alguma besteira. o vento na minha pele, o sol iluminando o dia... eu passei tanto tempo aérea, que havia esquecido como era sentir tudo isso outra vez. preciso parar um pouco para sentir esse tipo de coisa mais vezes.

- então vocês vão ficar para assistir ao meu treino hoje? - mike perguntou dando um fim ao assunto com gabi.

- me dê um bom motivo, parceiro para o baile. - gabi disse fingindo falsa indignação. - qual a graça de ver você e os seus amigos se matando num treino bobo?

- vocês não tem nada melhor para fazer. - disse reprimindo um riso.

gabi estava pronta para dar uma de suas respostas curtas e groças quando eu a cortei.

- nós vamos sim, agora vá logo. quero ver você sendo derrubado inúmeras vezes. - sorri inocentemente enquanto mike resmungava e obedecia. fechei os olhos outra vez.

- licença. - ouvi uma voz feminina a minha frente.

abri os olhos e vi uma das líderes de torcida, com seu típico uniforme de ensaio das líderes de torcida vermelho e preto e rabo de cavalo para não atrapalhar na coreografia.

- oi. - respondi.

- você é amiga do mike, não é? - perguntou com os pompons nas mãos.

- sou.

- você pode me dizer se ele tem algum par para o baile? - perguntou um pouco nervosa. - minha melhor amiga me pediu para perguntar. - apontou para o grupo de líderes de torcida um pouco mais distante onde três delas, vestidas igualmente, acenava.

me esforcei para não deixar meu queixo cair com a possibilidade que estava rondando na minha cabeça.

mike era pansexual assumido para deus e o mundo a alguns anos e, de acordo com ele mesmo, nenhuma garota do nosso colegio se aproximou dele após saberem, apenas os caras. ele não teria contato com garotas como aquelas a não ser que houvesse algo a mais.

- nós não sabemos. - gabi respondeu. - nós nem conversamos sobre o baile.

- pode dizer a ele que minha amiga queria saber se ele não quer ir com ela?

- claro, sem problemas. - ela voltou a responder.

- obrigada. - passou sua mão no meu braço como um gesto de agradecimento e se afastou.

- meu deus. - eu disse. eu já havia esquecido que podia falar. - meu deus. meu deus. o que foi isso?

- eu não sei. - gabi respondeu rindo. - existe alguém que gosta do nosso amigo esquisito e não é um cara. finalmente, não aguentava mais o péssimo gosto dele.

- mas eles podem ser só amigos.

gabi me olhou com uma expressão de "não se faça de tonta".

- mike não tem "amigas" além de nós duas, boo. - retrucou. - não tente bancar a boba.

- acha mesmo que pode acontecer alguma coisa?

ela deu de ombros indiferente.

num momento de distração, antes de fechar meus olhos outra vez, vi charlotte se aproximar lentamente de ruel, que estava no banco, e o surpreender por trás com um abraço. e o pior era que gabi também viu. mesmo que aquilo fosse minimamente relevante para ela, doía ver o seu olhar de pena sobre mim.

- tudo bem? - perguntou cautelosa.

- tudo. - suspirei. - por que não estaria?

- sei que está morrendo de ciúmes.

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora