• um •

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"boo river,

você está sendo convidada para a minha festa de ano novo. sua presença será nem um pouco importante para mim, mas eu quis convidar você mesmo assim.

atenciosamente

angel castro"

- você vai? - perguntou após ler o convite em voz alta.

- não - disse pegando de sua mão e guardando.

- o que? por que?

- me dê um bom motivo pra ir nessa festa.

- comida de graça. - a olhei feio. - você sabe que angel dá as melhores festas. o nome dela já diz que tem mão de Deus ali.

dei risada

gabi era minha melhor e única amiga nesse mundo. nossas mães eram amigas então nos conhecíamos desde pequenas.

- mesmo assim, não, obrigada.

- eu te amo mais que tudo nesse mundo, boo, você sabe disso. mas se você não for nessa festa comigo eu juro que eu te mato.

- eu não vou. mesmo se eu quisesse, a minha madrasta infernal nunca deixaria.

- sinceramente, eu acho tudo isso muito injusto. - gabi disse colocando seu cabelo atrás da orelha.

- adoro ver você brava, continua. - brinquei para quebrar um pouco o clima.

- é sério, boo. aquela desgraçada faz da sua vida um verdadeiro inferno, faz você comer o pão que o diabo amassa e... - ela faz um som alto para demonstrar seu ódio.

- sinto muito, amiga.

- boo, você é um pitel, um pedaço de mal caminho.

- você é uma graça, michael. - empurrei seu ombro e continuei andando.

- você está linda. - elogiou se encostando no armário ao lado do meu.

- obrigada. - sorri.

mike era uma graça. Ele era, absurdamente, maior do que eu, tinha olhos castanhos, um cabelo que estava quase tocando seus ombros largos e um sorriso adorável.

- vamos sair algum dia? - perguntei para gabi que estava fechando a porta de seu armário com raiva. - eu, vocês e alguns personagens literários aleatórios?

- pode ser. - respondeu com a voz baixa.

- podemos ir naquela lanchonete perto da faculdade hoje. - mike sugeriu. - a que a boo está trabalhando, gabriela. aproveitamos e te fazemos companhia.

- lanchonete do otto? - perguntou para confirmar.

- sim.

- vejo vocês lá então. - avisei saindo apressadamente antes que gabo voltasse ao assunto da festa.

entenda o meu lado, não é que eu não goste deles dois. eu só estou cansada de tudo. não de mike, nem de gabi, nem dos amigos imbecis deles que só falam comigo para manter o ciclo social... não.

estou cansada das mesmas pessoas, todos os dias. os mesmo diálogos, mesmas perguntas, mesmas respostas... eu não queria aquilo. tenho aversão a rotina e monotonia. eu queria, eu precisava de uma aventura. algo da qual eu fosse me lembrar pelo resto dos meus dias.

depois da aula, andei calmamente até a lanchonete em que trabalhava. eu já estava prevenida para a falta de movimento e tédio constante da lanchonete. levava meus fones e um exemplar de um romance da jenny han dentro da minha mochila e, caso ficasse cansada do romance, john green também estava ali dentro. odiava ter que trabalhar, mas era mil vezes melhor que ficar casa aturando analise. odiava trabalhar, mas nada que um pouco de the academic e alaska young não me deixassem um pouco mais calma e concentrada.

eu estava tão concentrada, com toda a minha atenção para o grande trote de alaska, bujão, coronel, takumi e lara que não percebi que um garoto havia entrado.

- bom dia. - o loiro a minha frente disse e me assustando. adoro a facilidade com que se acham pessoas loiras por aqui. - um café.

- eu já levo, cara. - avisei sem tirar os olhos do livro.

- obrigada. - ele se afasta.

- obrigada. -agradeci ajeitando meu cabelo e voltando para minha mesa.

eu nunca o havia visto. ele parecia ter a minha idade, deveria estar terminando o ensino médio. ele era alto, um pouco magro e ele precisava cortar o cabelo. de onde você saiu?, me perguntei. estava tão concentrada em tentar associar o rosto dele com qualquer nome conhecido que levei um susto quando mike e gabi surgiram ao meu lado.

torci o nariz.

me direcionei para a máquina de café atrás de mim. era a primeira vez que via aquele garoto e ele havia me deixado intrigada. olhei rapidamente para trás, enquanto a pequena xícara de porcelana branca se enchia, e pude ver, por apenas dois ou três segundos, ele no meio de seus amigos.

um sorriso enorme e animado estampava seu rosto, seu nariz levemente arrebitado estava um pouco enrugado pelo jeito que sorria, demonstrando que ele tentava ao máximo se conter para não ter um ataque de risos como o rapaz ao seu lado que conversava e ria absurdamente alto.

- fecha a boca, linda. - mike implicou ao meu lado. - se continuar desse jeito, ele virá aqui perguntar o que que há com você.

- você o conhece? - perguntei.

- quem? o ruel? - Gabi apontou para o garoto loiro. - quase todo mundo sabe quem ele é. por quê? achou bonito?

- o que? não! - disse colocando a xícara sobre o balcão. - eu só fiquei curiosa.

- sei. - mike sorriu travesso. - tente conter sua curiosidade, boo, porque você precisará ir até lá.

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora