• oito •

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- céus, como eu queria ser uma maldita líder de torcida. - disse para gabi quando o jogo acabou.

- por que?

- porque elas sempre parecem tão felizes e animadas.

gabi riu.

- deve ser porque é a função delas. - disse ainda rindo.

estávamos nas arquibancadas aguardando mike que estava no vestiário com o resto do time. a quadra estava quase vazia, se não fosse por nós, as namoradas e namorados dos garotos do time e os funcionários que limpavam o chão.

- ao invés de ficar se lamentando por não ser uma líder de torcida comigo, por que não vai ver onde mike está? quero ir embora.

- tudo bem. - me levantei afim de fazer o que gabi me pediu.

andei, a passos largos, em direção ao vestiário masculino para perguntar a algum dos garotos do time se mike já havia saído. mas eu não precisei.

mike estava encostado na parede ao lado da porta do vestiário com sua camisa no ombro e os cabelos molhados. mas essa não foi, nem de longe, a parte mais interessante. ruel estava parado a sua frente falando sobre algum assunto até então desconhecido por mim. assim que mike pôs seus olhos em mim, que estava congelada no corredor, ele deu dois tapinhas no ombro de ruel e se despediu dele vindo em minha direção.

- o que ele queria com você? - perguntei quando ele já estava perto.

- nada. - foi sua resposta.

- como assim nada? - questionei. - você está me dizendo que o cara que pode ser o astronauta da festa veio falar com você pra conversar sobre absolutamente nada?

- é. - disse sorrindo cinicamente. - nem tudo é sobre você.

- me conta. - pedi.

- os caras do time, assim como o mundo inteiro, sabem que eu só ando grudado com duas garotas, certo? - acenti. - essa informação chegou nele, junto com a informação de que uma delas atende pelo apelido de boo. ele veio me perguntar sobre você. - respondeu baixando o tom de voz.

- o que?!

- ele está procurando por você. não está fazendo nenhum alvoroço, mas está procurando. - sorri. - ele pareceu um pouco bobo falando da festa.

- sério? - perguntei. - acha que ele pode estar, sei lá, interessado?

- não sei, ele só me perguntou se era uma das duas na festa. - fez cara feia. - não gosto dele.

- o que você disse?

- que não sabia e não estava com vocês na noite em questão.

- tudo bem. - suspirei. - você jogou bem.

- obrigada. - agradeceu relaxando. - e você torceu bem, estava melhor que as líderes de torcida.

- obrigada. - sorri. - podemos ir embora?

- claro. - passou seu braço por cima dos meus ombros.

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- bom apetite. - disse me retirando.

- você vai acabar indo lá na mesa dele querendo ou não. - gabi insistiu quando eu estava de volta ao balcão.

olhei em direção a mesa em que se encontrava metade do time e suas namoradas. e, ali no meio, estava mike rindo e se divertindo. por mais linda que fosse aquela visão, a situação em si me dava arrepios.

- por que eu vim trabalhar aqui? - reclamei deitando meu rosto no balcão.

- porque o seu pai é um idiota.

- odeio minha vida. - levantei o rosto.

- vamos, eu vou com você. - gabi se ofereceu pegando um avental e vestindo. - mas é só hoje.

- eu te amo tanto, melhor amiga. - repeti várias vezes enquanto ela dava a volta no balcão e me acompanhava até a mesa.

- boa tarde, perdão pela espera. - gabi disse.

- tudo bem, acabamos de chegar. - alguém da mesa disse.

- o que vão querer?

- qualquer coisa que acabe nos causando uma bela indigestão, ou um câncer. - um deles disse.

- pode pedir qualquer coisa, o câncer vai vir na certa. - gabi soltou e eu fui obrigada a bater meu cotovelo fraco na sua costela. - o que? você sabe que da última vez que eu comi aqui não consegui voltar ao normal por até uma semana. foi horrível, eu quase morri.

- vamos, eu estou com fome! - mike brincou batendo na mesa.

- o pior é que eu não sei o que escolher. o que você recomenda? - uma das garotas perguntou olhando pra gabi.

- bonitinha, eu nem... - ela hesita lembrando que eu ainda preciso desse emprego. - número dezoito.

- na verdade - ruel se pronuncia. - , eu queria perguntar qual o nome de vocês.

- eu sou a gabi. o da minha amiga é b...

coloco minha mão na boca dela.

- ela é nova, não sabe de nada ainda. - digo sentindo uma mordida no momento seguinte. - bea. - respondo. - o meu nome é bea.

eu e gabi voltamos juntas para o balcão onde eu entreguei o pedido para luke que estava enfiado na cozinha.

- boo. - gabi me chamou.

- eu. - respondi distraída com o capítulo do meu livro.

- desde pequenas... - ela arrancou o livro das minhas mãos. - desde pequenas você vivia dizendo que queria uma grande aventura adolescente. - disse em tom de bronca. - uma aventura da qual você se lembraria pelo resto da sua vida, uma aventura como a da sua mãe e da sua avó. e, bom, essa é uma aventura e tanto. sei que parece assustador por voce nunca ter tido um namorado e não saber como é, como funciona... mas o ruel parece ser um cara legal. se não quiser mesmo, podemos esquecer essa invenção e, sei lá, organizar alguma coisa para fazermos juntas e você esquecer ele. mas, se você quiser, estaremos aqui para te apoiar e embarcar nessa loucura com você.

- eu não. - mike disse surgindo ao meu lado. - sou completamente contra você investir em um babaca qualquer que te deu um bolo.

- você não conta, idiota, sempre vai estar contra mim. - ela rebateu.

olhei ao redor procurando por nada, eu tinha essa mania. ruel continuava sentado do outro lado com seus amigos do time. seu cabelo loiro caia sobre a testa um sorriso animado estampava seu rosto. ele era perfeito.

- por que você gosta dele mesmo? - gabi perguntou em tom duvidoso.

- porque ele é um sonho. - respondi mordendo o lábio. - e que sonho.

- tem como nós falarmos de alguma outra coisa que não seja a beleza hipnotizante do romeu ali? - mike questionou levando um olhar feio da minha melhor amiga logo em seguida.

- porque ele é mais que isso. ele compartilha dos mesmos pensamentos que eu, gosta do meu livro favorito, ele cita john green com uma naturalidade... - suspiro. - ele também acha que a lara jean devia ter ficado com o john ambrose, ele leu percy jackson e amou. ele também gosta de the academic e até me recomendou artistas semelhantes. - sinto uma sensação estranha no peito e completo. - se eu realmente quisesse esquece-lo, não poderia vê-lo nunca mais porque toda vez que eu olho para ele, me lembro disso tudo.

- lembra das sensações que eu falei pra você? - gabi perguntou com o celular em mãos.

- eu lembro. - respondi sem tirar os olhos do loiro que ria alto de alguma piada que haviam contado.

- "lethobenthos; o hábito de esquecer o quão importante uma pessoa é para você, até o momento em que você a encontra pessoalmente."

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora