• vinte e um •

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- tudo bem, escuta, eu e mike estamos com o carro estacionado na sua porta. - começou a dizer, mas meu cérebro ainda estava processando toda a informação do texto.

- vicky, são... - olhei, com muita dificuldade, o horário na tela do celular. - duas horas da manhã.

- eu sei.

- seus pais sabem que vocês saem no meio da madrugada?

- claro que sabem.

- e eles deixam?

- deixar é uma palavra muito forte. - ouvi a voz de mike. deduzi que eu estava no viva voz.

- podemos subir?

- podem, vou abrir a janela.

caminhei apressadamente até a janela e abri as cortinas juntamente a janela em si. gabi já estava no topo da escada da última vez, sabia que mike estava logo atrás.

- promete que não vai surtar, nem se torturar? - gabi perguntou segurando minha mão para se apoiar e entrar sem fazer tanto barulho.

- prometo.

- eu desconfio que tenha o dedo de charlotte no meio. - começou se sentando na minha cama. - nós vimos, desde que você e ruel se conheceram como vocês mesmos, o quanto aquela maluca é possessiva em relação ao coitado do loiro. na festa, você disse que ele falou que havia acabado de levar um fora de alguém que ele nem estava interessado. então depois, ele aparece namorando charlotte outra vez e logo depois eles rompem de vez. ok, estranho. mas no texto ele citou um relacionamento falso, ele pode ter se referido a charlotte. e se eles nem estiveram juntos? e se foi tudo falso? um relacionamento de aparências. e se ela se sentiu ameaçada e resolveu chantagear o coitado? imagina como deve ser para ela ser "trocada" por uma ninguém justamente nós últimos dias, ela pode ter surtado. você sabe que quase todo mundo sonha com o colegial perfeito, é só aquela desgraçada estalar os dedos que o inferno acontece.

- o que impede que ela destruísse sua vida no colégio para garantir que a dela continuasse intacta e impecável? - mike perguntou.

- vocês não acham que...?

- charlotte deve ter ameaçado fazer da sua vida um inferno, não sei. - gabi voltou a falar. - talvez tudo que ele tenha dito, tenha sido mentira por causa dela. mas então ele exagerou e acabou magoando você de verdade. e você não o perdoaria por nada, o cara humilhou você na frente de todo mundo. ele foi atrás de você no dia seguinte e você o massacrou na frente de todo mundo, o que só confirmou que não havia volta. - concluiu. - foi tudo um mal entendido.

não sei dizer o que eu senti. nem mesmo sei o que eu senti ao certo. foi algo como se alguém tivesse enfiado uma agulha bem no meu coração. não sei se era dor emocional, ou se era um infarto.

depois de ouvir toda aquela teoria, o mundo para mim entrou em mudo. não consegui ouvir o resto da conversa. não consegui ouvir gabi me explicando cada detalhe de como ela chegou a essa conclusão.

- o que fazemos então? - perguntei depois de alguns minutos.

- vamos atrás dele amanhã cedo. - gabi declarou.

- não, espera, eu não posso. - intervi. - você sabe, meu pai me mataria. e nem em um milhão de anos ele me deixaria sair.

- boo, pelo amor de deus, você fez dezoito mês passado, é uma universitária agora e é uma questão de dias para você morar sozinha. não tem como você parar de ser tão boazinha as vezes?, mas que droga!

- odeio você. - revirei os olhos. - tudo bem, assim que eu acordar vou avisar a vocês. vou me arrumar e vocês me esperam na esquina.

" - eu quero ficar com você, bea. - disse com a voz trêmula. - não sabe como eu quero. por favor, me deixe tentar. eu sinto muito por tudo isso. não devia ter sido assim. " , me lembrei da sua fala e meu peito doeu muito mais.

[🚀] ecstatic shock | ruel van dijkOnde histórias criam vida. Descubra agora