A TEORIA DA INTELIGÊNCIA

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Okay, desde o começo do ano eu havia desenvolvido uma paixão platônica por uma garota de cabelos ruivos que eu não tinha a menor noção de quem era ela de verdade. Eu vivo falando que decisões precipitadas sempre acabam não dando muito certo, mas, gostar de uma pessoa que você não conhece direito é uma decisão precipitada, ou você precisa conhece-la para depois gostar?

Estou confuso.

De qualquer forma, eu estava apaixonado pela Alma e aquela pequena conversa que tivemos foi uma brecha para eu poder desenvolver algo maior. Quando terminou o período de aula, saímos da sala onde estávamos tendo aula de SOs (sistemas operacionais, para os leigos) e aproveitei para puxar um outro assunto com Alma. Sondei o lugar para ver se não havia ninguém perto dela, e fui direto ao meu objetivo.

- Oi - disse eu chegando perto dela.

- Oi! - disse ela estampando aquele belo sorriso.

Fale alguma coisa, cacete! Veio em minha mente. Pensei rápido em algo para falar, e mandei:

- Você fez o trabalho de português?

- O que é para entregar segunda-feira?

- Sim, sim.

- Ainda não, vou fazer hoje!

- Eu também vou fazer hoje!

E depois disso houve um silêncio entre nós.

Hahaha! Essa isso tá muito ridículo! Nós queremos sair do clichê, mas o clichê não quer sair de nós! Mas, vou terminar! Vamos ver onde vai parar isso!

Estávamos esperando o sinal de trânsito ficar no vermelho, quando ela disse:

- Escuta, já que vamos fazer hoje, podemos fazer juntos.

- Como assim?

- Bom, podemos trocar mensagens e assim podemos tirar dúvidas um com o outro.

- Ótimo, você tem celular?

E o sinal ficou no vermelho, e esperamos atravessar a rua para depois trocarmos contato. Ela ia para casa de trem, eu de ônibus, e isso foi o que nos separou. Para vê-la de novo, só esperando até segunda-feira.

Xê e Martins estavam aparentemente impacientes esperando no ponto de ônibus, enquanto eu estava sorrindo, feliz.

- Mas por que cacetas você demorou tanto?! - disse Xê.

- Coisas importantes - respondi ainda sorrindo.

- Tá pegando a Alma? - perguntou Martins em tom irônico.

- Que?!

- Abrahão tá "passando o rodo na novinha"! - disse Xê.

- Safado! - continuou Martins.

- Vão se ferrar! - falei.

Eu não podia demonstrar a eles qual o meu verdadeiro sentimento em relação a ela. Fazer totalmente o oposto disso seria a última coisa que eu faria na minha vida.

♥️

- Espero que esse filme seja melhor que o da semana passada!

Xê estava desesperado para ver um filme que não fosse complexo, o que automaticamente faria ele não pensar muito, enquanto eu, estava desesperado para terminar logo o trabalho de Português.

- Alfonso... Alfonso o que?! - disse Xê ao tentar ler o nome do diretor do filme.

- Cuarón! - respondi olhando para a próxima questão do trabalho - Alfonso Cuarón é o nome dele. Ele é mexicano.

A Teoria Da Cor VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora