A Teoria Da Cor Vermelha

A TEORIA DA EXCLUSÃO

Você não dormiu no capítulo anterior, ou desistiu de ler lá mesmo? Que bom! Obrigado por chegar até aqui. É que as histórias de vida de um adolescente são aquelas histórias que deixam alguém super entediado. O que eu mais tenho é histórias e sentimentos para contar, mas, muitos deles eu guardo para mim. Ninguém quer ouvir um moleque de 15 anos na fuça falando de sentimento aquebrantado e mesmo assim falando que a vida é boa. Tá certo, vamos continuar.

Terei que pular diversos fatos da minha vida escolar, porque era sempre aquela mesma coisa que vocês viram no capítulo anterior e se eu fosse dizer tudo aqui, iria ficar um livro enorme e um livro bem cansativo, e nesse tipo de gênero não dá para falar muita coisa, não é? Então... Vamos ver... Começo a contar de onde...? Ah, já sei.

Alma.

Quem é Alma? É uma garota de cabelos vermelhos. Não, não é ruivo, e não estou exagerando. Vermelho mesmo! Conheci ela no início do ano, quando ela começou o curso técnico na mesma turma que eu. Nos esbarramos algumas vezes e fizemos um trabalho em grupo juntos, mas, ela gostava de se enturmar com os típicos alunos "populares".

Pronto. Não consegui fugir do clichê. Quer saber, para ficar melhor, irei trocar populares, por... "Playboys", que na minha opinião ambas são sinônimos. Até agora no nosso vocabulário já tem as palavras, "excluídos", "playboys", e por precaução, já trocarei "patricinha", por "exibida". Pronto. Parei! Agora vou continuar.

Apesar de ela andar com os playboys, e um deles ser o Danilo, de alguma forma, eles eram a água e ela era o azeite, se é que vocês me entendem. Ela não se misturava, ou "dava mole" para eles em momento nenhum, e parecia que isso a fazia ser diferente, e ao mesmo tempo interessante. Era uma aluna estudiosa, tirava uma das melhores notas da sala e conseguia separar estudo das gozações. Ela não se encaixava no padrão imposto por eles. Enquanto eu, continuava sendo o mesmo garoto de sempre, quieto e sentado na primeira carteira, e sendo o queridinho da professora. E me incomodava sentar lá na frente e ouvir as risadas dela e as risadas do Danilo e de todos os outros playboys e patricinhas ao mesmo tempo. Se eu olhasse para trás e um deles percebesse, eu seria vítima de esculachos e zoações. Era basicamente isso.

Vocês devem estar pensando se eu não gostava dela. Parecia que a cada vez que eu via, eu ia sentindo cada vez mais interesse e cada vez mais vontade de tomar coragem e ir falar com ela. Mas, eu não sabia descrever muito bem o que eu sentia.

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É até engraçado, que eu falando assim, até parece que Xê e Martins também não eram, e ainda são, vítimas de bullying. Na verdade, a realidade é bem diferente dessa afirmativa. Eles são sim zoados e muito. Como vocês acham que o Matheus conseguiu o apelido de Xereca? O menos zoado mesmo era o Martins, mas, ele sempre foi bem gordinho, e isso não é uma coisa boa no ensino médio. As pessoas deveriam inventar um manual para o ensino médio. Mas nenhum deles era como eu.

As zoações variavam desde piadas e referências ofensivas, mas sutis, até zombarias que faziam você passar vergonha. Houve uma vez, que a professora de português - uma professora que sempre foi muito boa comigo, aliás - havia passado coisas para copiar no quadro, como qualquer outro professor normal, e Danilo, como sempre, rindo alto sem fazer absolutamente droga nenhuma e rindo alto com os outros playboys. Foi então que ele me chamou, e eu já pensei: Ferrou! Porque eles nunca me chamam, e quando me chamam, quer dizer que a situação está ruim. Ele continuou me chamando até que não resisti e olhei para trás.

- O que foi? - perguntei apenas com minha cabeça e o tronco virados para trás, mas as pernas e os braços para frente.

- Olha só - ele estava me chamando para mostrar a foto de um pênis no celular dele.