A TEORIA DA TRAIÇÃO

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Okay.

Parece que dessa vez fiquei mais próximo de Alma. Isso é bom, não é? Quer dizer, eu espero que sim. Mas, para ser sincero, parece que não estou chegando a lugar nenhum. Não gosto de pensar assim, porque isso de uma forma ou outra me deixa muito frustrado. Mas, finjo que estou indo bem.

Mas, falando em uma coisa feliz agora, eu perguntei em uns capítulos atrás que nenhum idiota iria na festa de inverno da escola. Parece que eu fui um desses idiotas. Alma me chamou para ir com ela, e... Aconteceu o que era de se esperar. Eu aceitei! Sim! Eu aceitei!

♠️

Mano, você vai na festa da escola? Martins me mandou uma mensagem, e eu fiquei olhando para a notificação daquela mensagem ali no meu celular, e esperei responder quando tivesse as palavras certas para falar. Não gosto de mentir, mas há muitas ocasiões em nossa vida que nós optamos pela opção de mentir. Não vou... Respondi de volta. Sem dizer mais nada.

♣️

Coloquei peças de roupa básicas que organizadas de uma forma deixam qualquer indivíduo com estilo. Peguei o ônibus e cheguei no colégio. Havia muita gente. E eu estava me sentindo sufocado ali. Nunca gostei de lugares muito cheios, mas naquele dia, eu só cedi pela Alma.

Dei uma andada pelo local, e em uma das salas, havia uma mesa com vários salgadinhos gostosos. Coisa típica de festa de estudante. Para disfarçar a minha sensação ruim com aquele monte de gente ali, me aproximei da mesa e peguei algumas coxinhas.

♥️

Tudo estava se movimentando. Todos estavam conversando com seus respectivos companheiros, e a maioria deles eram casais, e eu ali, sentado solitário num banco feito um palhaço. Para poder abafar um pouco essa sensação que meu psicológico fica, peguei o celular e comecei a jogar nele, só pra fingir que estava fazendo algo da vida e que não estava sozinho. Até que, senta uma garota do meu lado e fala:

- Posso me sentar aqui?

- Claro - respondi sem olhar.

E então a pessoa disse:

- Você é arrogante.

Era Alma, e ela estava deslumbrante. Estava com um vestido bonito, e um salto provavelmente caro.

- Desculpe-me. Eu não havia percebido você.

- Tudo bem - disse sorrindo. - E o que você estava fazendo aí?

- Absolutamente nada.

- Então por que você estava fingindo que estava fazendo alguma coisa?

- Eu tenho um pequeno problema em lugares com muita gente. Me sinto muito deslocado.

- Sei bem como é.

Ela parou, deu uma leve olhada para os meus dedos e disse:

- Por que você fica mexendo os dedos quando está perto de mim.

Merda! Eu deveria mesmo responder aquela? Mas, tentei enrolar um pouquinho a pergunta.

- Eu tenho um pequeno distúrbio chamado...

- Tricotilomania - respondeu antes mesmo de eu terminar -, eu sei o que é isso. Movimentos repetitivos em certa parte do corpo por ansiedade.

- Você é esperta - respondi.

- Tá bom, mas por que perto de mim?

Ela não caiu na enrolação, e houve uma esquisita troca de olhares entre eu e ela, e pela primeira vez, eu acabei percebendo que os olhos dela eram castanhos. Para sair daquela situação, pedi licença e falei que queria ir no banheiro, me levantei e fui em direção ao sanitário masculino.

Não havia ninguém no banheiro. Todos estavam na parte das frente da escola, aproveitando a festa. Havia uma parte do lugar, que havia uma pia, e logo acima dela havia um espelho enorme, e fiquei ali, encarando meu próprio reflexo. Dei uma olhada em volta para ver se ninguém estava ali e gritei:

- Qual o seu problema?! - e gritei de novo - Deixe de ser tão idiota?!

De repente, ouvi uma voz vindo de um dos privados.

- Para de gritar aí!

Levei um susto. Fiquei bem envergonhado, óbvio, mas apenas pedi desculpa. E caminhei em direção à saída. Mas, ouvi uma outra voz, que dessa vez uma feminina, dizendo bem sucintamente:

- Chega pra lá!

E aquela voz era familiar. Bati duas vezes no privado e o garoto disse:

- Tá ocupado!

- Vai! Chega pra lá! - ouvi novamente.

Mas dessa vez, eu tive certeza de quem era aquela voz, então comecei a bater loucamente na porta:

- Abre essa merda! Abre logo essa merda! - e comecei a dar chutes na porta - Se não abrir, vou chamar o diretor par vir aqui!

Esperei um pouco até a porta começar a ser aberta lentamente. Luma e um outro garoto de quem nunca ouvi falar estavam seminus no banheiro! Eu fiquei em choque!

- Luma, sua vagabunda! - falei sentindo o ódio subir à minha mente - Me explica essa merda! Me explica agora!

Ela estava aparentemente bem assustada com aquilo.

- Não é o que você está pensando! - disse Luma.

- O que eu estou pensando?! - e ela não respondeu - Explica! - insisti.

- Tudo bem, é exatamente o que você está pensando. Estávamos fazendo sexo no banheiro!

Passei a mão na cabeça e disse:

- Você não tem vergonha de você? Porque eu tenho! No banheiro ainda! Por que não no ponto cego? Isso é nojento!

- No ponto cego tá cheio de garotos cheirando - disse. - Mas tudo bem, me desculpe.

- Peça desculpas ao Xê!

- Quem é Xê? - perguntou o garoto.

Dei um sorriso de sarcasmo e falei:

- Vai. Explica para ele.

- Meu namorado! - respondeu logo.

- Quê?! Você tem namorado?!

- Ele é um babaca - falou.

- Eu vou contar isso ao Xê!

Quando eu dei as costas para sair do banheiro, ela puxou meu braço e disse:

- Vai mesmo? Porque ele não iria acreditar em você! Ele está loucamente apaixonado por mim... E você iria ser como o amigo ciumento.

Então comecei a encara-la pensando: Droga!

- Como vai ser? - insistiu.

Pensei um pouco até que respondi.

- Vou calar minha boca.

- É bom mesmo - disse ela.

Alma estava lá, sentada, e quando cheguei perto dela, ela percebeu que algo havia acontecido.

- Que cara é essa?

Eu estava com a cara meio "fechada", ou para ficar com uma linguagem mais bonita: eu estava com uma visível aparência de surpresa e insatisfação.

A Teoria Da Cor VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora