PRÓLOGO

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Droga!

Isso é sério?

Ele fez isso mesmo? Depois ele me faz aquela famosa pergunta dele. É um idiota, depois quer falar que sabe de alguma coisa.

Opa! Você está lendo isso?

Oi.

Não, espere, não é assim que devo começar a apresentar um personagem.

"Era uma vez...", talvez?

Não.

Conheço pessoas que não sabem escrever histórias, contos, cordéis - ou seja, não sabem escreve nada -, que começam contando a história com "Era uma vez". Isso é a coisa mais clichê e ridícula do mundo! Assim como os romances e as ficções adolescentes que são uma verdadeira bosta! Oh, não posso falar isso num livro. Parece que tem uma regra para que eles sejam escritos, isso serve para filmes também. Óbvio que tem alguns que se salvam, mas, cai entre nós, são poucos. Aquele Velho romance de escola: o garoto sofre bullying e a garota é popular, ou vice-vesa, logo em seguida, o(a) popular começa a gostar dele(a), mas o grupinho de populares ficam pegando no pé desse romance, blá-blá-blá. No final eles sempre acabam juntos, e é um dos gêneros que mais faz sucesso, quem gosta de ver, ou ler, uma coisa que possui uma fórmula que já foi usada por milhares de pessoas?! Quem gosta dessas bostas?! Droga, falei de novo. Enfim, isso pode servir como um desabafo. Mas, eu vou fazer diferente. É fácil criticar os outros, mas dessa vez, eu vou apostar exatamente nesse gênero que eu odeio, e ver no que dá. Eu vou usar a mesma fórmula, o mesmo padrão, a mesma estrutura, só que vou usar do meu jeito. Espero que não o incomode... Mas também, se incomodar... A história é minha!

Bom, por onde começo?

Eu estava esperando uma estação de trem, que ficava no bairro de Santíssimo, na Zona Oeste do Rio. Apesar do Rio ser uma cidade com clima tropical, naquele dia estava frio, e frio pra caramba! O vento gelado estava cortando minha cara, e o casaco que eu estava não era apropriado para um frio desse. Estava chovendo ainda! Chovendo! Como se o frio não fosse o bastante, eu ainda estava todo encharcado, fazendo minha sensação térmica cair e eu ficar tremendo demais.

Mas, espere um pouquinho, por que cacetas eu estava ali num dia como aquele? Você quer mesmo saber? Tudo bem, então você vai saber.

***

Era um dia desses aí, se eu não me lembro, era uma sexta. Eu e Martins estávamos na casa de Xê. Apelido curioso não é? Vou dar uma rápida explicação sobre isso. No até o 9º ano, ele era conhecido por seu nome original: Matheus Gabriel Trilha Dunquerque (sim, Dunquerque, a praia da França, ou, se você quiser interpretar de outra maneira: o melhor filme do Christopher Nolan) Viena (sim, a cidade da Áustria). A partir desse ano, os garotos zoeiras da nossa antiga escola, perceberam uma característica bem peculiar em seu jeito de sentar. Por algum motivo, ele sentava de pernas abertas, e ele ficou com o desagradável apelido de "Xereca". Eu e Martins não queríamos chamar ele desse nome tão ofensivo, então começamos a chamar ele de "Xê". Mas enfim... Voltando para a história... Estávamos vendo 2001: Uma Odisséia no Espaço, o clássico de Stanley Kubrick. Para nerds, como eu e Martins, aquele ali era um filme, era "o filme", mas para Xê, era apenas uma porcaria qualquer e várias imagens aleatórias que estavam passando na tela. Geralmente, nas últimas sextas do mês, nós vamos para a casa de Xê assistir vários filmes, poderia ser na minha casa, ou na casa do Martins, mas ninguém tinha uma TV igual à do Xê.

- Esse filme não acaba não? - perguntou Xê entediado.

- Calma. Quer apressar uma obra prima dessas? - disse Martins.

- Obra prima? Não é uma obra prima se eu não estou entendendo.

- Cale a boca e vê o filme - disse Martins ficando irritado.

- Quero pipoca - continuou Xê.

- Manda o Abrahão ir - disse Martins focado.

- Eu o que? - perguntei.

- Vai lá Abrahão.

Martins estava concentrado demais e fez gestos com a mão para eu ir, e o Xê, com uma cara de entediado, não queria ver o filme, mas também não queria levantar de seu confortável sofá. Dane-se! Pensei. Em um minuto ninguém nunca morreu... Ou talvez eu estivesse errado.

Peguei a pipoca dentro de um armário que ele tinha na cozinha, e a coloquei dentro do micro-ondas. E ela começou a estourar. É engraçado quando a pipoca estoura. Óbvio que eu não fico olhando para aquilo e fico rindo, mas dá uma sensação de prazer. Poucos minutos antes de Xê dizer que queria pipoca, eu havia mandado uma mensagem para uma garota chamada Nandini. Nome estranho, não é? O nome dela era Nandini Sakor, e eu havia conhecido ela por meio de um aplicativo para ler e escrever livros online - sim, sempre gostei de ler e escrever. Eu havia escrito um livro que estava até tendo um engajamento favorável, então, decidi passar ele para a língua inglesa, porém não sei tanta coisa do inglês, mas o tradutor sempre ajuda. Foi então que recebi uma mensagem de uma garota, falando em inglês, dizendo que havia gostado do livro - o aplicativo tinha chat também -, e assim começamos a conversar, e eu peguei o número dela e ela pegou o meu.

Nandini... Esse nome é tipo o Maria da Índia. A chance de alguém se chamar Nandini lá é relativamente alta... Para mulheres, claro.

A pipoca estava estourando e eu verificando a caixa de mensagens para ver se havia alguma dela, mas, nada. Certa vez, eu vi em algum lugar que o significado do nome Nandini é "vaca". Isso é muito hilariante. Uma garota não se daria bem aqui no Brasil se o seu nome fosse a mesma coisa que vaca. Lá no país deles é diferente, pois vaca é um animal sagrado, e aqui é um animal para ofensas.

O micro-ondas apitou. Esperei cinco segundos como meu pai me ensinou: espere 5 segundos para abrir o micro-ondas, devido a radiação.

- Nossa - disse Xê já se levantando e colocando a mão na tijela de plástico -, eu estava com muita vontade de comer uma boa pipoca.

Martins aproveitou empregou também.

- Você não quer? - disse ele me oferencendo.

Balancei o dedo como sinal de negativo, e me sentei no sofá para verificar a caixa de mensagens novamente. Eu fiquei até surpreso, pois ao invés de uma mensagem, estava escrito "Nandini Sankor bloqueou você". Eu não entendi aquilo, por que ela faria isso? Muitas perguntas começaram a rodear minha cabeça, e aposto que também vão rodear as suas, porque é a partir desse momento que as coisas começam a ficar realmente interessantes. É aqui que a nossa história começa.

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