A TEORIA DA MÁ SORTE

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Xê, voltou para casa, e inventou uma desculpa qualquer para mãe dele, do porquê de ele estar no estado que estava, todo sujo, e com vários curativos pela cabeça, mas, ela "engoliu" aquilo numa boa, já que a única coisa que importava é se ele estava são e salvo.

Mães... Valorizem as suas!

♠️

Martins tem sérios problemas, assim penso eu... Um dia depois do ocorrido, ele estava me ligando às 1h da manhã... E... Sim... Eu realmente fiz isso mesmo o que você está pensando... Saí de casa de fininho e fui me encontrar com ele.

Cheguei em frente à casa dele, mas não vi ninguém, a rua estava deserta e estava frio. Peguei meu celular para ver a hora, que estava beirando as 2:55 da manhã. Pensei seriamente em voltar para casa, mas continuei ali esperando.

Engraçado, enquanto eu estava ali, haviam algumas pessoas, aparentemente ido trabalhar - já que é a única coisa que você pensa ao ver uma pessoa saindo de mochila às 1h da manhã -, e notei algo. Quando vou para a escola, vejo muitas pessoas indo trabalhar, estudar, e também me vejo nesse meio. É impressão minha, ou todos nós possuímos um padrão? Parece que a vida ele é feita de um padrão. Parece que esse é um paradigma que foi estabelecido nos primórdios da humanidade, e que guardamos até hoje.

- Chega - disse eu ao esperar dez minutos sentado na calçada.

Ao me levantar, ouvi uma voz falar acima de mim:

- Ei...

Me assustei olhando rápido para cima.

- O que você está fazendo aí? - disse Martins que estava sobre um galho de uma árvore.

- Mas que merda! - respondi - Você me assustou!

- Por que você não disse que estava aí?

- Eu lá ia saber que você estava sobre um galho de árvore?

- Eu achei que você havia me percebido aqui.

- Eu teria falado contigo se eu tivesse percebido.

- Certo... Chegue aqui, mano.

Martins estava segurando um binóculo, e estava observando alguma coisa - óbvio -, mas eu não fazia a menor ideia do que era.

- Suba aí.

Eu raramente subia em árvores na minha vida. Devido a isso, tive uma certa dificuldade, mas com um certo esforço, cheguei ao galho que o Martins estava.

- O que você quer? - perguntei.

- Primeiramente, desculpe-me pelo ocorrido - disse -, segundamente... - e me passou o binóculo.

- Merda! - falei ao ver - Não acredito!

Era Luma, que estava, provavelmente, fazendo sexo com um garoto que era da escola. Não gosto de julgar as coisas pela aparência, mas não havia o que falar a respeito daquilo, e eu tinha 98% de certeza do que estava acontecendo. Os 2% eu iria descobrir.

- É cara. Ela está traindo o Xê! - disse ele como se aquilo fosse uma surpresa.

- Eu já sabia... - respondi ainda observando pelo binóculo.

- Como assim?! - se espantou.

- Lembra-se daquela festa de inverno que teve na escola? - falei desviando os olhares do binóculo.

- Me lembro sim.

- E então, eu fui.

- Você o que?!

- Sim, eu fui!

- Com quem?

- Alma... E, houve uma hora em que fui ao banheiro, e então, eu ouvi uma voz masculina dentro de um dos privados, e uma voz feminina. E a voz feminina era semelhante a de Luma. E então, insisti com que abrissem a porta.

- E...? - perguntou ansioso para ouvir o final.

- Eles estavam lá... Provavelmente fazendo a mesma coisa que estão fazendo agora, só que com outro rapaz.

Continuamos olhando aquilo. Era um pouco estranho Luma não ter fechado a janela. Acho que ninguém gostaria de ter uma pessoa olhando ela durante seus atos, mas a questão era: Que rapaz era aquele? Por que Luma estava fazendo aquilo com o Xê? Por que ela havia deixado a janela aberta? - se é que essa pergunta realmente é algo relevante em relação às outras perguntas.

Luma morava perto da casa de Martins... Droga... Eu já falei isso no livro não é? Mas, dane-se. A repetição dessa informação pode servir para refrescar sua memória.

- Eu estava sentado na calçada sem fazer absolutamente nada - sim, ele estava sentado na calçada aquela hora da noite. Não sei se você percebeu durante o livro inteiro que o Martins é uma pessoa com atitudes meio peculiares -, e então eu vi um rapaz, aquele rapaz - e apontou para a janela dela - chegando. E ela o recebeu de forma bem estranha. Abraçando ele de uma maneira mais íntima do que seria abraçar um mero amigo.

- E então você correu para pegar o binóculo?

- Sim.

- Para expia-la?

- Sim.

Não sei se isso é um tipo de crime, mas se fosse, ou se é, já estava cometido. Nós já estávamos ali e não havia como voltar atrás. Para nossa infelicidade, depois de uns sete minutos ali, ouvimos um estalo... Meio... Esquisito.

CREEEEEEEEEC!!!!!!!

O galho se partiu e nós caímos, fazendo um baita barulho alto, e é óbvio que isso chamou a atenção de Luma, que rapidamente apareceu no portão de sua casa aparentemente assustada. Mas antes de ela ver que fomos nós, Martins e eu já havíamos corrido dali, e como consequência de sair correndo desesperadamente, quase fomos atropelados por um carro solitário que estava vagando pela rua. Óbvio que o motorista buzinou e nos xingou, provavelmente acordando uma boa parte da vizinhança.

A Teoria Da Cor VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora