A TEORIA DA IRA

49 8 5
                                    

A ira é um pecado capital. Eu sei.

♦️

Para ser sincero, não consegui dormir direito durante a noite. Rolei de um lado para o outro na cama pensando na história que Alma haveria me contado. Talvez, e não estivesse tão perturbado com aquilo tudo se eu não tivesse encontrado um firme ar de seriedade em sua história, mas também, por que Alma não estaria falando a verdade diante de algo tão sério?

Fui para a escola determinado em acabar com aquilo tudo.

Sempre quando vou para a escola, vou com Martins... Como o nosso desentendimento sessou, ao chegar no ponto de ônibus em que ele estava, cheguei para ele e falei:

- Mano, hoje vou acabar logo com isso!

Ele com certeza entendeu rapidamente do que eu estava falando, já que colocou a mão no meu ombro e disse:

- Faz o que você ache certo cara!

Dentro do ônibus, fui pensando no que eu iria falar, algo tipo "Alma, eu gosto de você", que é meio cafona, ou talvez "Alma, eu estou apaixonado por você", que me pareceu meio agressivo. Dane-se, eu só iria falar o que viesse na mente, mas, nada iria me impedir, nada mesmo! Eu já estava sentindo os 100 batimentos por minuto antes mesmo de chegar na escola.

Passei do portão para dento "explodindo" de otimismo... Nunca me senti tão confiante, tão seguro, nada iria abalar minhas estruturas.

Procurei por Alma e não a encontrei. O estranho é que ela sempre chegou cedo na escola, mas, havia apenas um lugar que ela poderia estar: o ponto cego. Seria melhor para mim. Para eu me expressar para ela num lugar como aquele, então falei para o Martins:

- Cara, já sei onde ela está. Vou lá no ponto cego - e dei as costas.

Quando eu estava indo, Martins disse:

- Mano... Boa sorte - e fez o gesto de "tamo junto".

Sorri, balancei a cabeça e fui, em direção àquele lugar. Era a minha hora de me declarar. Alma não seria minha quarta decepção amorosa... Ao chegar na entrada do ponto cego, havia um garoto e então perguntei:

- Uma garota de cabelos vermelhos passou por aqui?

- Passou sim, mano.

- Obrigado.

E então, quando entrei eu a vi... Beijado o Danilo! Eu acho que nunca senti uma dor sentimental como aquela, e o que fiz foi virar as costas e ir embora. Enquanto eu andava para longe daquele lugar, a fúria ia subindo. Eu ia sentindo cada vez mais a ira em seu maior estado dentro de mim, e quando eu me afastei a um certo ponto, Martins me encontrou e colocou a mão em meu ombro dizendo:

- E então, mano?

O empurrei com toda a força e entrei no banheiro... Para... Sim... Para chorar... E sentir aquilo tudo se dissolver dentro de mim... E tentar aceitar o que houve! Nunca senti uma ira como aquela.

A ira é um pecado capital. Eu sei.

A Teoria Da Cor VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora