A TEORIA DA COR VERMELHA

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Ele me perguntou qual era a verdadeira cor do meu cabelo. Na verdade, para ser absolutamente sincera, eu não me lembro a cor original dele. Mas, me lembro do porquê do meu cabelo ser assim.

Aos meus quatorze anos, um ano antes de eu começar a estudar na escola técnica em Santíssimo, eu já havia sofrido muito na escola por eu ser uma garota oprimida.

A minha cor favorita sempre foi a vermelha, o que pode significar paixão, entusiasmo, ou um certo estímulo à agressão, também força, poder... A teoria da cor vermelha.

Força era o que eu precisava naquele momento. Eu nunca achei que isso iria mudar algo em minha vida, mas mesmo assim, eu pintei meu cabelo.

No dia seguinte, quando cheguei à escola, a primeira coisa que disseram para mim ao invés de "cabeçuda" foi:

- Caramba! Alma mudou!

Mas num certo tom de elogio.

Os olhos também mudaram. Passaram a me olhar de uma forma diferente... Estavam... Me querendo, desejando, podemos dizer assim.

Logo depois de tudo aquilo, pus uma franja... E mais uma vez, houve novamente elogios, mas de forma dobrada, e algumas referências maliciosas em diversas conversas comigo. As referências a mim começaram a ser diferentes, como "gostosa".

Mas, eu comecei a gostar daquilo, e pela primeira vez na minha vida estava me sentindo realmente aceita por parte da "comunidade jovem" podemos dizer assim.

Passou-se mais um tempo, e acabei usando umas roupas bem diferentes. Calças apertadas, e mais shorts do que o normal começaram a fazer parte do meu guarda-roupa, e então os elogios triplicaram. E as pessoas começaram a se referir a mim como "peituda", "bunduda", em frases que simplesmente resumiam em garotos falando "Se eu te pegasse..." e coisas desse tipo.

Me perdi facilmente nessa vida. Posso dizer que me perdi de tal forma que algo me aconteceu. Escrevendo sobre isso, estou deixando as lágrimas caírem sobre as folhas de papel. Você achou que a minha história foi como a das adolescentes de filmes teens americanos? Então você se enganou.

Me desculpe...

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