A TEORIA DO DIÁLOGO

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- Como?

Eu e Alma começamos a conversar e ela já me mandou uma notícia que foi um soco no estômago.

- Sim...

Alma iria embora. Iria voltar para Goiânia, sua cidade natal com sua mãe e seu padrasto. A minha primeira impressão foi muita insatisfação e uma certa sensação de derrota, mas antes de eu pronunciar qualquer coisa a respeito da minha opinião, falei:

- Me perdoe. Eu não deveria ter falado daquele jeito.

Ela balançou a cabeça dizendo:

- Você é uma boa pessoa, Abrahão, só perdeu a cabeça.

Ficamos ali, num desconfortável momento de silêncio, com a chuva me molhando até que falei:

- Por que você vai se mudar?

Passou a mão no rosto e disse:

- Meus pais arrumaram uma oportunidade de emprego boa lá.

- Você não quer ficar aqui? - retruquei.

- Você acha que eu tenho escolha?

Voltei a ficar em silêncio e falei:

- Alma, eu gosto de você. Sério. Desde a primeira vez que te vi.

Cruzou os braços, balançou a cabeça e disse:

- Você está cometendo um erro.

Eu não esperava essa resposta para ser sincero. "Um erro"? Como assim "um erro"? O que ela queria dizer com aquilo?

- Alma - não acreditei no que disse -, você ouviu o que eu falei? - e ela balançou a cabeça como sinal de positivo.

- Eu ouvi sim, mas... - fez uma breve interrupção e continuou -... A história é bem mais complicada do que isso.

Fiquei parado, olhando para ela, de forma indignada e perguntei:

- Complicada como?

Passou a mão no rosto, respirou fundo e disse:

- Você um dia vai descobrir.

- Descobrir o que?

Se afastou devagar e começou a andar para longe de mim. E então, vi aquilo que fiz como algo em vão, porque foi. A única coisa que consegui naquele dia foi uma roupa molhada e resfriado. Nada mais.



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