Pessoas. As pessoas que conheci fizeram tudo valer a pena.
Paisagens. Tudo o que vi me fez perder o fôlego.
Paz. Apesar dos percalços, encontrei-a no som de um pássaro cor de ébano.
Família. Sempre confusa, brigona, barulhenta. Sempre a melhor que eu poderia querer.
Conheci uma senhora de treze anos e uma menina de setenta. Ganhei prata sem valor em uma joalheria e miçangas preciosas no calor abafado de uma fiesta mexicana. Vi, através de um olho de vidro, um sorriso brilhante. Encontrei alguém que colecionava sunrises e era o próprio sol por dentro. This is how I feel inside, colorful. Seus alvos dentes e sua cabeleira da mesma cor refletiam o céu da manhã. Acreditei nele.
Conheci recém casados e um casal de sessenta anos.
Uma dançarina que batia pouco acima do meu joelho e uma capoeirista da mesma altura.
E mais tantos outros sorrisos de ¡Hola, buenos días!
O mar mais azul que já vi me fez perder o ar incontáveis vezes.
Animais maravilhosos em cadeias lindas me partiram o coração.
Comi tanto quanto podia de tudo o que havia.
Ouvi tantos pássaros cantando que lembrei de casa.
Entre eles um pequeno que, de tão negro, azulava-se nos pontos em que a luz o tocava. Chegou perto e cantou paz para meu coração de mãos avermelhadas.
E, em meio a tantas coisas incríveis, eu senti saudades de uma pequena pinta abaixo do lábio inferior, de cílios longos e olhos cor de mel. Pareceu-me que talvez tudo fosse melhor com a pessoa certa ao lado. Comecei a achar que o mundo queria me lembrar de um sorriso torto e divertido.
Agora, ouvindo Teatro Mágico e aterrissando no meu país tão complicado, só consigo rezar para que amanhã chegue logo e começar a sentir saudades do lugar que conheci.
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Avidez
PoesiaApenas uma vontade sôfrega de escrever. Capa e ilustrações da mesma por Cassy Frost | Niffler Covers