Rotina

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Acordo pela manhã e tomo café. Sem açúcar e com muita canela. As pessoas passam e continuo a inventar histórias para cada uma delas. Sorrisos estampados em almas vazias, sempre, todo o santo dia.
Números passam por mim nos corredores como se eu não existisse e seguem seu curso. Números grandes e pequenos com significados diversos. Notas escolares, dinheiro, seguidores, curtidas, fodas, problemas, medos, mágoas... Números e mais números atravessam meu corpo cada vez mais translúcido.
Sou mesmo invisível. Cada dia desapareço um pouco mais. Faz parte do plano que eles têm para mim. Desaparecerei caso não me torne um número de muitos dígitos e poucos sentimentos.
Eu não quero ser mais um fator em uma adição de mortos em vida. Quero ser uma pessoa. Eu SOU uma pessoa e sinto tanto...
Sinto tanto medo de me tornar um número e, ao mesmo tempo, medo de não fazê-lo. Não quero desaparecer. Sinto tanta raiva de tantas coisas e tenho medo de dizer. Sinto tanta paz na intranquilidade da minha semana por ter alguns dias para sentir a calma de um amor. Sinto tanta ansiedade, sinto tanto estresse, sinto tanto rancor, sinto tanto preocupação.
Eu sinto tanto que me confundo e me afogo em minhas emoções, logo eu que sempre soube nadar. E então estou no fundo do mar a somar os que vieram comigo, os que desapareceram e os que ainda estão por lá.
E assim sigo os dias, sempre me afogando e sempre a somar, sentindo tanto e desaparecendo entre os muitos números que estão a caminhar.

07/09/2017

AvidezOnde histórias criam vida. Descubra agora