Quase outubro

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A Terra gira em torno do seu próprio eixo e em torno do sol. Estamo sempre girando e, às vezes, sinto-me zonza. Não por causa dos movimentos de rotação e translação, eu sei da inércia. Mas sim porque eu não vou esquecer nada (a não ser que tenha Alzheimer como meu avô, o que seria horrível, então prefiro não pensar muito nisso).
Não vou esquecer e, talvez, no final de outubro eu esteja triste e pensativa, mas não quero isso. Existe tanta coisa além daquela madrugada. Tantas madrugadas boas. Tantas vezes que o homem (tão estranho chamá-lo assim, mas, não sei, não estou me sentindo tão garota hoje) bom me tocou. Existe amor e prazer e felicidade e sorrisos e abraços e compreensão. Céus! Como existe compreensão. Sinto-me tão grata por encontrar pessoas que compreendam (mesmo que eu, geralmente, não o faça) quando entro em pânico.
Ah não, não vou esquecer. Sei disso e estou ciente de todos os sons e cheiros daquele dia. Não vou esquecer. Sei disso e estou ciente que a culpa não foi minha (mesmo que ainda seja difícil entender). Ainda tenho pesadelos estranhos (um vem se repetindo com frequência, mas vai passar) que me deixam assustada, mas é tudo dentro da minha cabeça.
Ainda vão ter dias ruins e vou chorar escondido de novo. Vou continuar me preocupando com isso às vezes (e com muitas outras coisas, importantes ou não). Mas não vai acontecer outra vez e eu vou ficar bem. Vou ficar incrível. 
Estou segura. Sei como me cuidar. Sou forte do meu jeito tímido e esquisito. Choro quando falo (ou escrevo) que sou forte. E sou feliz. Sou feliz pra caralho.

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