Votem nessa &%$@, obrigada e boa leitura.
Algum tempo depois, vários homens saem segurando grandes armas negras, tremo ao ver que algumas são de caça. Eles organizam-se em grupos de seis, silenciosos, contratados para matar se preciso for, seus rostos têm uma aparência morta, inexpressiva, todos já mataram antes, mercenários treinados. Três grupos entram na floresta a pé, na direção que eu estou, os demais vão em outras direções. Certamente viram nas câmeras depois de descobrirem um Ronand operado e desmaiado na maca do seu quarto da dor.
Na soberba deles, de pensarem que não temos cérebro, eles seguem pelos fundos, passando por mim. Os outros vão para os carros, a fim de cobrir o máximo do terreno.
Questiono-me sobre minha escolha de me esconder próxima a entrada dos fundos do laboratório, pela lógica nunca me procurariam aqui tão perto, levando em consideração que nos achavam incapazes de tal pensamento. E também, quando encerrarem minha busca, eu ficaria a par, eles se dariam por vencidos, e eu poderia, de fato, fugir dali sem medo de perseguição nas minhas costas. Não foi tola de pensar em me aventurar, eu não conhecia a floresta, podia estar lotada de armadilhas, eu não podia me preocupar com armadilhas e ser caçada ao mesmo tempo.
A cidade deve ficar bem longe e eles têm malditos cachorros farejadores. Então o mais inteligente a se fazer é esperar. Talvez até dias se for preciso.
— Vão para Hollis, vocês aí procurem ao redor, ela não pode ter ido longe.
Nessas horas agradeço por ter uma audição melhor que eles, escuto seus planos de caça, que consiste em avançar por terra varrendo, e os demais com automóveis, medida de contenção nas estradas. Hollis é a cidade mais próxima, sei algumas coisas, afinal o que mais há para fazer a não ser ouvir a conversa de todos no prédio?
Um deles me chama a atenção, ele faz questão de quase obrigar os cachorros a comerem minha antiga bata para pegarem meu cheiro. Boa sorte com isso, eu cheiro a secreção de pássaro, grama e pinha. No meu olfato, sendo melhor, mal sinto meu próprio cheiro.
Os carros saem, e a busca por mim começa.
Suprimo meus lábios contendo um sorriso feliz. Como bem pensei, eles não procuram no lugar mais óbvio, em cima das árvores. Talvez se eu tivesse os genes primata na minha composição, eles fariam vistorias nas árvores. Esquecem que as onças são felinos flexíveis, feitas para subir em qualquer superfície.
quem diria que um dia eu conseguiria? Parecia um plano impossível durante os dias que esperava a oportunidade perfeita. Nunca ninguém escapou, nunca.
Lembrei de 006 que tentou fugir, conseguiu, mas infelizmente não fui muito esperto, ele deixou os instintos dominarem-no, chorei quieta a morte dele. Foi o único semelhante que tive contato. O resto só sabia que estavam lá pelo cheiro e pelos grunhidos matinais de dor.
006 era um pouco mais velho que eu, quando eu o cheguei, ele já estava lá, na ala "C". Lá ficavam apenas os "danificados", ele passou por várias cirurgias, não sei o que estavam dando a ele, a pele de 006 parecia mais pálida a cada dia, dois seus dentes caíram, talvez por falta de nutrientes, mesmo assim ele continuava a me confortar, dizendo que ficaria tudo bem. Eu deveria me considerar abençoada pelas celas da ala "C" serem barras, uma do lado da outra, mas não, vê-lo definhar dia após dia não foi uma benção.
Nós dois ouvimos o Doutor dar ordens para abateram a cobaia 006, ele era o único amigo que tinha depois que Ellie foi transferida, foi um dos piores momentos naquele lugar, ver, nos olhos quase brancos de 006, o pânico. Eu tive que ajudá-lo. Não podia entregá-lo assim. Contei sobre a abertura nos fundos, e ele conseguiu desvencilhar-se de seus executores e fugir.
Os funcionários, para aumentar minha dor, me falaram que ele teve uma morte lenta e agonizante, riam ao dizer que ele engasgou com o próprio sangue. Eu queria queimar aquele lugar, com todos aqueles monstros trancados lá dentro. Em meio a agonia rugi, quase deslocando minha mandíbula, os Novas Espécies ouviram meu lamento agonizante e lamentaram também, entrelaçando seus próprios rugidos com os meus.
Se eu não fosse tão covarde, teria planejado essa fuga antes daquela tragédia, sua morte está marcada, em cicatrizes profundas, nas minhas costas que gritam CULPADA toda manhã quando abro meus olhos!
...
As horas se passaram e os carros voltaram, e posteriormente a equipe a pé. A paciência era uma virtude ganha com muito esforço, ao preço de amigo querido que jamais poderei ver novamente. Permaneci quieta, ouvindo.
— Cadê a cadela? Só voltem com ela!
— Os cachorros estão com frio e com fome senhor, eles não conseguem rastreá-la nessa chuva senhor.
— Ela não saiu daqui voando então achem-na! Afinal, como ela conseguiu fugir?
— Não sabemos senhor, as câmeras estavam desligadas, para poupar energia, já que a cerca...
— Basta! Saia e só volte com ela, ou você vai substituí-la!
Os funcionários estavam desesperados por me encontrarem, eu havia machucado o irmão caçula do doutor responsável pela instalação. Não era só os Novas Espécies que eram apagados, funcionários também tinham que andar na linha ou saiam de lá em um saco fúnebre. Eu comemorava quando acontecia, pena que era raridade.
...
A madrugada começou a surgir, outra equipe de busca saiu a pé novamente. Apesar da noite aconchegante, eu não estava com sono, meus sentidos estavam a todo vapor, em alerta a cada voz e cada passo dentro e fora do prédio. Quando os outros cativos constataram que os funcionários não tinham me capturado depois de várias horas, saudaram-me em de uivos e grunhidos, eles me deram todo apoio, mesmo nunca os tendo visto antes. Me incentivaram e parabenizaram, era um misto de emoção nos uivos.
Apenas uma equipe passou por mim, um deles focou a lanterna nas árvores, mas eu estava muito alto, totalmente camuflada pelas folhas. um dos cachorros ainda me olha, por alguns segundos, mas sua atenção é dispersa quando um vento forte faz balançar a outra árvore. Cachorro imundo.
Odeio cachorros.
A equipe finalmente voltou, desistiram de mim, pelos por hoje. O resto da madrugada fui um silêncio acolhedor, até as sapos e grilos, que cantavam seu mantra calmante, hoje, estavam em completo silêncio.
O que me deixava preocupada era terem desistido tão facilmente de me perseguirem.
Fácil, até demais.
Vocês estão gostando? me deixem saber! bjs :3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Novas Espécies - Liv (Completo)
Fanfiction(completo) A cobaia 00 de 17 anos planeja, há anos, fugir do laboratório terrível da Mercile, ela enfim arranja coragem depois da morte do único amigo que tinha, será que 00 conseguirá fugir? se sim, como ela viverá depois? se não, estará preparada...