Capítulo oito: Sequestro, depressão e pintura

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Nete

Algo me tira do sono sem sonhos, é difícil, mesmo que a paisana, não agir de acordo com o serviço. Desde que eles foram levados é impossível ter um boa noite de sono, deitar na cama, rodeado de silêncio acusatório fazem minha mente girar com possibilidades. Fico naquele limbo entre continuar a dormir e levantar. há dias que não tenho um descanso tão satisfatório, pensando melhor, há anos.

Essa casa me traz memórias dolorosas, é estranho que eu tenha conseguido descansar especificamente neste lugar, nesse quarto. Decidir viajar até aqui não foi uma decisão fácil, não queria vender a casa, Mary estava irredutível sobre vendê-la. O fechamento do contrato com a corretora não aconteceu pois Mary não conseguia pisar os pés em Hollys, tornando difícil os trâmites da venda.

Dezoito longos anos, eu ainda tinha esperanças de encontra-los. Steve estava errado sobre Mary, ela não havia desistido dos próprios filhos, era apenas muito para uma mãe perder os filhos ainda estando de resguardo, ele não entendia o conceito de depressão pós parto.

Eu voltaria o mais breve possível para ela, não gostava de deixá-la sozinha, desde que Steve a deixou eu não confio nela, tentou se machucar várias vezes. E uma enfermeira, por mais profissional que fosse, não cuidaria de Mary tão bem quanto eu.

Steve não queria assinar o contrato para a venda da residência, nós dois ainda tínhamos esperança de encontrá-los, vender a casa seria o mesmo que desistir deles, deixá-los para trás. Esse lugar era o único empate nas condições que os dois concordaram na comunhão parcial de bens. Não é incomum casais se separam após morte ou desaparecimento de filhos.

Não sabia que as coisas estavam tão complicadas, até um dia eu chegar de uma missão de seis meses e presenciar Stive acusando-a de ser a responsável pelo desaparecimento das crianças. Mary já estava ruim, eu não soube diferenciar a dor da perda com o desenvolvimento da depressão. Ela estava magra, pálida, ignorava seu gerente de vendas, não saia mais de casa e passava a maior parte do seu tempo deitada.

Os únicos momentos de completa lucidez eram envoltos em suas pinturas, vários quadros dos gêmeos, Brie e Alex, decoravam seu ateliê, outros encostados nas paredes e muitos empilhados no chão. Ela pintava-os para não esquecer o rosto dos recém nascidos, esses anos os dois fariam dezoito, completariam maior idade. Eu a levara em um especialista em crianças desaparecidas, para ela ver como Brie e Alex estariam atualmente... isso a deixou mais lúcida, não queria reerguer suas esperanças de encontrá-los e deixá-la pior do ela já estava, mas eu não desistiria. A emoção dela ao descrever os traços das crianças ao especialista me deu esperanças de sua cura. Mais algumas seções e ela saberia como Brie estaria atualmente.

Desde que eu saíra do orfanato Mary cuidou de mim, ela não pode me adotou, entrou em crise financeira e eu voltei novamente, não importava, pois um ano depois ela estava lá, me esperando na porta com os braços cruzados, apoiado no capô do seu carro com maior sorriso que eu já vira para me levar para casa. não tínhamos laços sanguínea, nossa relação era de intensa amizade e em alguns momentos de irmandade, e chegara o momento de retribuir a gentileza, Steve a deixou, e eu fiquei ao seu lado.

Mary insistia para eu deixá-la lá e viver minha vida. Eu não podia, não podia deixar a única pessoa que cuidou de mim quando mais precisei.

Eu venderia a casa, assim como ela pediu, contra minha vontade. Nós a pagamos juntos, então a decisão estava nas minhas mãos.

Com a mente mais acordada, tento me virar, não é preciso abrir os olhos para perceber que eu estou preso. Estou pronto para pegar minha arma embaixo do travesseiro e paro. Relaxo quando percebo quem está me contendo.

— Pelo visto, você seguiu minhas instruções e ficou — falo enquanto tento conter um bocejo.

Ela está sentada na poltrona do outro lado do quarto segurando minha arma, seus belos cabelos negros estão molhados, algumas mechas verdes ponteiam suas mechas, os adolescentes de hoje me dia passam tintura nos cabelos frequentemente, aquela cor verde, quase neon com a luz escassa do quarto, não é tintura é totalmente natural desde a raiz. Eles pingam água, indicando que ela acabou de sair do banho.

Minha camiseta branca adorna seu corpo, enfatizando seus fartos seios, tento não olhar, me sentindo péssimo por continuar, certamente arderei no fogo do inferno por isso, não consigo parar de olhá-la. O tecido de sua camisa está um pouco transparente nos pontos em contato com a água. Ho, eu acho que ela está usando minha cueca?

Ela Levanta-se bem rápido, um movimento quase que imperceptível, e para ao meu lado mirando o cano preto na minha testa.

— Como você sabe que estão me procurando? —Ela pergunta séria. Eu sei de muitas coisas baby, penso contendo um sorriso.

— Cidade pequena, as notícias correm — Falo despreocupado exibindo um sorriso travesso. Uma linda ruguinha se forma na testa dela, o pensamento de eu não colaborar a deixa irritada.

— Não brinque comigo humano.

Minha arma é jogada no chão, obviamente ela não sabe usa-la e só estava tentando me intimidar. Em um movimento sobre humano a estranha de cabelos selvagens monta em mim, seus dedos, que mais parecem com garras apertam meu pescoço. Sua expressão muda de irritada para estupefata quando sente meu membro acordado.

— Em minha defesa é assim todo dia de manhã — explico-me, não quero que ela pense que eu sou grosseiro, mesmo eu sendo um. Sua confusão logo vai embora e sua face é tomada por neutralidade.

Chega de brincadeira, preciso que ela confie em mim, só assim vai dar certo.

Chega de brincadeira, preciso que ela confie em mim, só assim vai dar certo

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haaa que calor, me aabanaaaa

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