Capítulo treze: Casulo

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Nete


Liv está aconchegada nos meus braços, travo meu corpo, obrigando-o a não agir por impulso, a vontade de subjugá-la sob meu mim coça minhas mãos. Me sinto péssimo por armazenar pensamentos egoístas. Gosto do modo que seu pequeno corpo molda no meu, de como ela está com meu cheiro impregnado em sua pele.

Desistir de pegar algo para ela mais cedo, não quero comprar outras roupas para Liv, ela fica bem em meus moletons e camiseta. Muito quente.

Esse é o limiar que posso chegar, desde que ela se atirou na frente do meu carro e pude vê-la, senti desejo, quem em sã consciência não? Liv é... inexplicável. E ela não ajuda, é muito direta sobre seus desejos.

Meu mantra mais recente ressoa em setas constantes, bombardeando meus pensamentos: Não posso me aproveitar de sua inocência, não quero que Liv pensa que me deve algo por eu estar apenas fazendo meu trabalho. Faço uma careta pensando sobre ela oferecendo descaradamente sexo.

Eles a obrigaram a coabitar naquelas instalações? Ela me oferecera sexo porque pensava que era normal? Meu sangue ferve ao pensar em outras mãos sujas tocando-a sem seu consentimento.

ㅡ Você não pode ficar tão próxima, eu sou um homem adulto e você... ㅡ Ela se apoia no cotovelo e me encara, com seus olhos pretos profundos e grandes. Suas sobrancelhas se erguem em alguma dúvida não dita.

ㅡ Você tem companheira? Por isso me rejeita? ㅡ Ela fala e se aproxima do meu rosto, fungando e cheirando ㅡ Não sinto cheiro de outra fêmea em você.

Sua pergunta me deixa desconcertado, não tenho tempo de pensar. Eles chamam essas pessoas como animais? Fêmea? É desconcertante pensar que há pessoas capazes de submeterem outras a situações degradantes.

ㅡ Não, sem namoradas e esposas. Meu trabalho não permite, muitas viagens...ㅡ Seus olhos viajam para minha boca, e eu esqueço o que iria dizer a seguir. Sua pequena língua passeia molhando seus lábios e em um movimento bem lento, segundos antes de me beijar, sua mão toca meu pescoço e me trás para mais perto do seu rosto. Suas unhas crescem e entram no vale entre minha orelha e os ombros.

Seus lábios são doces ao roçar nos meus, ela não pede permissão ao me beijar, força sua língua dentro, sem se importar em ser suave. Não me incomoda o fato dela estar beijando com olhos abertos, isso torna o beijo mais excitante, de certo modo. Liv me analisa, ela quer ver minhas expressões faciais enquanto nos damos prazer.

Nunca disse que não era um patife, por isso retribuo o beijo, deixaria para me lamentar outro dia. Acariciando sua língua com a minha e explorando seus lábios. Amanhã eu me lamentarei sobre me aproveitar de uma vítima. Provavelmente argumentaria sobre ela iniciar, e prometeria nunca mais me aproveitar, para logo em seguida procurá-la novamente. Afinal, não há descanso para os perversos.

Pego ela pela cintura, trazendo-a para mais perto, sua pele é macia, ao mesmo tempo com músculos duros, como se treinasse por toda a vida.

ㅡ Não podemos... ㅡ Declaro, Liv morde meu lábio inferior em resposta, sinto o gosto metálico do sangue. Uma de suas presas perfurou meu lábio. Ouço rosnados mesclados com ronronos. Meu pau, já duro, estremece em antecipação, como ele se sentiria dentro dela com esses ronronos e tremores?

ㅡ Meu! ㅡ Afirma Liv, a ponta das unhas dela afundam na minha pele, me impossibilitando de sair do seu agarre. Como se ela precisasse me manter alí, sua presa indefesa.

Ergo sua camiseta e passeio minhas mãos por suas costas, acompanhando a linha da coluna enquanto a outra se firma na pele quente e macia da sua cintura.

Em um movimento brusco, liv me reafirma de costas para a cama, de algum modo captura minhas mãos com as suas e as coloca em cima de minha cabeça. Ergo minha pelve a fim de nos satisfazer.

Deposito beijos em seu pescoço, chupando e lambendo quando ela se inclina, arquejo sentindo garras deslizando pelo meu peito. É quando noto algo errado.

ㅡ Liv ㅡ Aviso, ela está em algum tipo de transe, as feições antes de desejos, agora estão neutras, ele se retirou, saiu e deixou o instinto assumir ㅡ Liv! ㅡ proclamo seu nome, consigo tirar seu aperto de minha mãos e chacoalho-a pelos ombros.

Seus olhos finalmente voltam ao normal, arregalando-se, como se não soubesse o que estava fazendo. Tiro-a do meu colo depositando-a do meu lado.

Algo aconteceu, seus olhos estão marejados, o olhar distante e posso afirmar que seria melhor se ela estivesse se derramando em lágrimas. Eu conheço essa expressão, era minha máscara no orfanato, indiferença, saudade, comodidade, fuga da realidade.

ㅡ Shiii ㅡ Abraço-a o mais apertado que posso, não há nada a ser dito, ela não precisa de palavras, apenas de contato, saber que alguém está aqui por ela. Indico para que ela se deite. Sua cabeça se aninha no meu pescoço, os braços e pernas enroscando-se em mim.

ㅡ Não morra, não consigo suportar mais mortes ㅡ Ela sussurra em meus ouvidos. Há algo doloroso por trás dessas palavras.

ㅡ Estou aqui, não vou a lugar algum ㅡ explico sentindo uma pontada de culpa, meu trabalho não permitiria, mesmo que eu quisesse, ficar com Liv. Afago suas costas, arrependido de ter cedido ao seu beijo, Eu fui a primeira pessoa que ela encontrou ao sair, ela confiou em mim e, na primeira oportunidade, eu enfiei minha língua na sua garganta sabendo que ela era uma vítima. Liv não precisa de um babaca com bolas azuis, ela precisa ser cuidada, de preferência por um profissional, um psicólogo.

Posso dizer que Liv é forte, mas ela é humana, afinal, uma hora ou outra desabamos. Fiquei feliz de saber que ela me escolheu para mostrar suas fraquezas. Liv finalmente dorme, suas garras tiram um pouco de sangue, seu aperto é forte, preciso me esforçar para respirar normalmente. Deixo que ela fique como está agarrada a mim, se esse é jeito que ela se sente protegida.

Desde o primeiro momento que a vi na estrada, sabia quem ela era, claro que era mais esbelta que nas descrições, que uma das infiltradas, Elie, havia comentado no arquivo, mais humana do que a descrição dos cientistas lunáticos cujo a pasta contendo informações genéticas mostravam. Não há nada de animalesco em Liv.

Não posso fazer isso com ela, não depois de constatar que ela é, de fato, um ser humano como eu, liv não é um animal irracional.

Não posso entregá-la de volta para o mesmo inferno, mas terei que fazer.

Me perdoa Liv.



haaaa me digam o que acham? Nete maligno ?

Novas Espécies - Liv (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora