Capítulo doze: Coração x mente

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Boa leitura

><


A cabana é bastante aconchegante, construída totalmente em madeira, os tons riscados em marrom são fascinantes, são vivos e alegres, nada como o cinza que cobria cada pedaço das instalações. Vento fresco banha meu rosto e inspiro fundo, para intrincar o cheiro da natureza profundamente dentro de mim.

Apesar de não ter explorado totalmente, posso dizer que gostei desse lugar. Adoro que tenha bastante janelas, não perdi tempo e as abri em cada cômodo que estive.

Cogito subir as escadas, descarto a ideia logo em seguida. Desde que chegamos Nete está lá em cima em uma sala misteriosa na qual eu não sou "permitida". Essas não foram exatamente suas palavras, mas eu entendi assim. Não quero sair do lado dele, meus pensamentos quando estou sozinha são melancólicos.

Preciso saber o que ele está fazendo.

Caminho para fora e rapidamente subo em uma árvore que se posiciona perto da janela na qual ele está, de fora, a sala parece pequena. Turner está sentado de lado, conversando com alguém ao telefone enquanto olha para uma tela branca, talvez um computador? Eu vi alguns desses . Não sei quanto tempo passo o observando, mas estou longe o suficiente para não conseguir ouvir.

...

ㅡ Não adianta chegar de fininho, eu ouvi você descendo as escadas ㅡ mexo a panela enquanto a sola do pé dele encosta toda no chão. Ele prometera fazer uma refeição "descente", minha fome não esperou sua boa vontade e, além do mais, promessas não significam nada para mim.

ㅡ Pego em flagrante, me rendo ㅡ viro-me e me deparo com um sorriso genuíno, de orelha a orelha. Seu cheiro é fresco, ele acabou de tomar banho. Está vestindo calças de moletom cinzas, sem camisa, enxugando o peito ainda húmido com uma toalha branca. Minhas garras saem, na intenção de arranhar aquele lugar.

Ele joga a toalha sobre o ombro, suas mãos caem para o espaldar da cadeira, meu olhar desce do rosto para a barriga em minutos, percebo que estou encarando demais e volto para o rosto, sua expressão muda de divertida para horrorizada. Sua boca aberta forma um 'O' engraçado.

ㅡ O que foi? ㅡ indago.

ㅡ Você fritou a carne sem óleo ?ㅡ Nete pergunta confuso.

ㅡ O que é óleo?

Ele bufa e sorri novamente.

ㅡ Usa-se nas frituras, se não a comida fica com um gosto ruim ㅡ não gostei do modo que ele falou, pausadamente como se falasse com uma criança. Minha pantera ruge, frustrada.

ㅡ Pensei que óleo era para usar apenas nos automóveis ㅡ divago, sua risada estronda nos meus ouvidos, o olho em repreensão carrancuda.

ㅡ Não foi uma piada? ㅡ ele pergunta dando de ombros.

ㅡ Não, Nete Turner, eu não nasci livre para aprender o mínimo ㅡ suas feições mudam de brincalhão para sério.

ㅡ Sinto muito.

ㅡ Tudo bem ㅡ respondi indiferente, finalizando a carne sem óleo. Nem me importo que a pequena cozinha está uma bagunça.

A comida estava horrível, nem eu comi tudo, em compensação enchi o prato dele, e fiquei observando Nete botar pra dentro aquele troço enquanto fingia que gostava. Confesso que me senti bem.

ㅡ O que é essa folha? ㅡ pergunta Turner enquanto faz careta mastigando.

ㅡ Tirei daquela árvore ali fora, ela faz parte da sua horta? ㅡ esse é para você elie, que me incentivou a comer legumes e verduras quando o outros comiam carne crua.

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