Capítulo dezenove: Foda-se os humanos e sua justiça podre.

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Para compensar o tempo ausente herbert richers apresenta:

Liv:

Estou completamente saciada, com um sorriso bobo, olha a cidade, recostada na janela do quarto de Nete, a chuva é moderada o suficiente para me fazer bocejar, Nete está deitado, dormindo. Minha pantera está quieta, sem reclamações a fazer. Não sei que horas são, mas não consigo dormir, eu o quero de novo, mas ele está cansado, e precisa descansar por causa do trabalho. Será o jeito de esperar até amanhã de manhã, depois que finalmente o tive estou insaciável. Sorrio com o pensamento. Não sabia que acasalar poderia ser tão, tão... fantástico!

Sento em uma cadeira do outro lado do quarto e o admiro enquanto ele dorme, esse lugar será meu santuário, seu cheiro está por todos os móveis e paredes. uma luz entre as cobertas me chama a atenção, franzo o cenho. Caminho para a cama, ufa é só um celular, pego-o entre as cobertas.

Seu aparelho não tem senha, deslizei meu dedo sobre a tela e a área principal aparece, pressiono o ícone envelope, com o número um em vermelho, em cima da figura. Há duas mensagens não lidas.

*ECD: Sr. Turner, a Sra. Turner resolveu adiantar cedo nossa última sessão, finalizamos o retrato, enviei todos os detalhes por e-mail, segue abaixo, em anexo, a imagem.

Deslizei meu polegar na tela e vi uma imagem minha me encarando, séria. A menina da foto tinha traços que dançavam entre o real e o desenho, ela não tinha olhos verde folha como eu, eles não cintilavam em neon, a pupila dela estava escura, sua pele era alguns tons mais claro que a minha.

Rolei meu polegar para baixo e a mesma menina me olhava, dessa vez ela estava sorrindo, ela parecia comigo, mas não era eu, eu jamais sorri dessa maneira, despreocupada, a vontade, alheia.

Eu seria assim se não fosse uma NV? Fiquei feliz por Nete estar focado em achar alguém da minha família, afinal era por isso que havia um retrato meu, humana, em seu celular, certo? Ele divulgaria essas fotos, e eu finalmente acharia minha família.

Passo para a próxima mensagem.

Boss: " Esperamos o bastante, precisamos da cobaia 00, o doutor chega de viagem amanhã! Dê um jeito de trazê-la ainda essa semana Sr. Turner."

Toco na mensagem e rolo para cima, não consigo conter as lágrimas, nem sei como vim parar no chão, minhas pernas não se mexem, elas parecem gelatina, derretendo no chão. Estou com dificuldades para respirar e não enxergo nada, tudo está preto. Encolho-me.

(...)

A casa é a prova de som e reforçada, sem a chave é impossível sair, agradeço mentalmente a Carter por ter me falado esse detalhe. Pensei que essas medidas eram para minha segurança, como uma tola caí no buraco do coelho. Não foi difícil pegar a chave do bolso de sua calça, eles sempre me subestimam, me acham animal suficiente para não pensar por mim mesma.

Desligo o telefone, e inspiro forte, guardando seu cheiro, eu nunca mais o veria.

Enfio o celular de Nete no bolso e dou uma última olhada no ambiente antes de sair e trancar a porta. Não consegui fazer-lhe mal, minha pantera morreria de angústia, nós somos fracas de espírito. Não há nada para ser surpreender, promessas são quebradas e a verdade não significa nada, e eu? Sou apenas um número, um peão no tabuleiro, esperando ser entregue para a partida continuar.

ㅡ Está tudo bem Liv? ele fez algo com você? ㅡCarter está no térreo me esperando, com o semblante preocupado. Sou surpreendida com um abraço. Deve estar aparente que estou quebrada.

ㅡ Disse que era meu amigo? Está na hora de me provar issoㅡ entrego as chaves do carro a ele, sua boca se abra, mas o interrompo.

ㅡ Dirige ㅡ entro no carro, sem esperar por ele.

Parece que me entende e por isso não pergunta o motivo de eu o ter chamado de madrugada pelo celular de Nete. Ele me dá algum tempo para pensar, depois de alguns minutos dirigindo ele para o carro em um acostamento, rodovia menos movimentada.

ㅡ Preciso de respostas Liv, você me liga no meio da noite chorando e agora não me fala nada, devo reportar o departamento? Aquele babaca fez algo com você?ㅡ Carter perguntou enquanto me encara seriamente.

ㅡ Ele não é quem eu pensei que fosse, na verdade ele faz parte do meu pior pesadelo, e você vai me ajudar a acabar com isso Carter.

Entrego o celular de Nete a Carter, ele lê a conversa. Talvez Nete pensasse que eu era analfabeta por ter crescido dentro do laboratório, por isso ele foi descuidado com o celular perto de mim. Ledo engano dele, Elie me ensinou muitas coisas.

Carter finalmente termina de ler e devolve o celular, seu semblante contraído. Seus olhos arregalados, sua boca comprimida.

ㅡ Liv? Você o matou? ㅡ Carter passa as mãos pelos cabelos, agitado.

 ㅡ Claro que não. Mas vontade não faltou ㅡ não matei pois ele é meu companheiro, não o matei e traí meu povo, eles são torturados e abusados por pessoas ruins iguais ao Nete ㅡ Sou uma covarde ㅡ confesso ㅡ Eu apenas o amarrei na cama ㅡ dessa vez fiz o nó apertado e robusto, ela só sairá de lá se alguém tirá-lo, ele é forte, consegue aguentar o final de semana sem comer e beber. Na segunda peço um SOS para ele.

ㅡ Não, não é, matar não te faz ser melhor Liv, te faz igual a eles, você foi melhor que isso, melhor que eles ㅡ Carter afaga meus cabelos, confortando-me ㅡ Vou te levar para minha casa e amanhã solicitarei outra pessoa para ficar com você, Turner vai responderá na justiça se tiver algum tipo de envolvimento com a Mercile ㅡ Carter fala convicto. Acho que eu não entendi direito isso não foi uma pergunta. E sim uma afirmação.

Saco a Tauros de Nete e aponto para ele.

ㅡ Tentei ser amigável, mas parece que vai ser do jeito difícil. Sabe o que vais fazer? dirigir para Hollis ㅡ falo entre dentes ㅡ Foda-se os humanos e sua justiça podre.

Sua boca abre em um O perfeito, estupefato com uma arma apontada para para sua testa.

ㅡ VOCÊ QUER QUE EU REPITA? ㅡ Grito. O carro dá meia volta em direção a Hollis. E eu jogo o celular de Nete pela janela.

*ECD: Especialista em crianças desaparecidas.


Eita delicia, eu ouvi uma vingança vindo?

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Eita delicia, eu ouvi uma vingança vindo?

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