#CAPÍTULO 19

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— Vou vender essa fazenda — anunciou Frederico, depois de ter mostrado a casa de Olho D'água à Cristina, haviam percorrido todos os cômodos. Não era tão grande como a Casa Grande da Fazenda Bananal mas era bonita e aconchegante.

— Não acho que seja uma boa ideia. A fazenda é lucrativa e eu gostei da casa. Podemos até passar algumas noite aqui — ela piscou, insinuante.
A mulher tinha razão. Podiam mantê-la como um refúgio de amor para os dias que não quisessem ser incomodados por outras pessoas.

— Você está certa. Aqui poderá gritar à vontade — puxou-lhe pela cintura e ela apoiou as mãos no peito duro. — Ia deixar seus pais dormirem.

— Frederico, não exagera. Vai ver, eles nem ouviram.
Ele deu aquela risada gostosa, estilo Rivero.

— Ok, carinho — ele beijou-lhe os cabelos — espere só até ouvir as queixas.

— Culpa sua — escondeu o rosto no peito dele, rindo — que me faz ficar escadanlosa.

— Minha?? É sua por ser tão deliciosa.
Ela corou.

— Deixemos esse assunto. Melhor voltarmos, já está quase na hora do almoço — soltou-se dele.

— É incrível como você não muda, mesmo — ele pegou o chapeu na mesinha ao lado e ajeitou sobre a cabeça.

— Às vezes é atrevida mas ainda fica ruborizada por alguns comentários.
Ela deu um meio sorriso como resposta.
Dessa vez Severiano comeu com eles. Foi um almoço agradável e como Estela prometera, comportou-se bem. Não olhou nenhuma vez para o patrão. Cristina só a abservava. Era estranho demais, tinha certeza que a empregada armava alguma. Por isso quando todos deixaram a mesa, aproximou-se da criada.

— O que você está tramando? — ela perguntou à Estela. — Uma mulher não deixa de se interessar por um homem da noite para o dia.

— Ela deixa sim — argumentou — quando o homem em questão... é um desconhecido.

— O que está querendo insinuar? Seja clara.
Estela continuou a retirar os pratos e os talheres da mesa, sem fitar a patroa.

— Não estou insinuando nada — foi até a pia e despejou os utensílios e regressou à mesa para pegar o restante.

— Apenas não conheço Seu Frederico. A senhora conhece? Sabe de onde veio?

Cristina estremeceu. A dúvida estava plantada, pensou Estela. Estava contente por está conseguindo o que queria.

— O que você sabe que eu não sei?

— Sei o que todo mundo sabe — ela a encarou, desafiante. — Frederico Rivero ressurgiu das cinzas depois de tanto tempo fora. Sabe, a senhora, por onde esteve? O que fazia?

— Isso não é da sua conta! — mas Cristina sabia que Estela estava certa, em partes. Realmente, o passado do marido era um mistério, nunca mencionou por onde andava esse tempo todo e ela nunca se interessou em saber. Até agora.

— Você é a empregada e ele é o patrão. A vida do meu marido não lhe diz respeito, portanto não venha mais com insinuações...

— Ok, dona Cristina — assentiu, voltando à tarefa de limpar a mesa.
— Mas já se perguntou se ele veio da... cadeia, por exemplo?

— Basta!! — gritou, já era demais se dar conta que não sabia nada do fazendeiro com quem se casara e ainda ter que aguentar as piadinhas de uma criada. — Se ele foi preso ou não...

— O quê? — Frederico gelou ao entrar na cozinha a tempo de ouvir a esposa.

— Estava dizendo para dona Cristina que não conhecemos o senhor — Estela fez questão de explicar. — Não sabemos se é um bandido, um ladrão ou um... Assassino.
Será que Estela sabia de tudo? Mas como poderia? Pela forma como ela o encarava, triunfante, era visível que sim. Desviou o olhar para Cristina, ela estava pálida.

DOMANDO A FERAOnde histórias criam vida. Descubra agora