Cristina, deitada no leito do hospital, olhava sem rumo e sem direção para o nada. Em sua cabeça, vinham as imagens de Frederico gritando como um louco, enfurecido. Quando percebera que estava cego, começou a praguejar aos berros.
Logo, entraram os enfermeiros e ela foi retirada do quarto a tempo de ver como dois homens sujeitavam-no com força e aplicavam-lhe um calmante.
Cristina aos prantos, foi levada dali pela enfermeira. Agora esperava que o marido acordasse, queria estar ao seu lado quando despertasse na escuridão. Não a deixaram sair e, encontrando-se, fraca e cansada resolveu ficar quieta. Angelo Luís havia dito que a pancada havia afetado a área de visão do cérebro e Frederico seria submetido a uma nova cirurgia para reverter o quadro. Felizmente a lesão na coluna não afetara em nada. Seria um verdadeiro sofrimento se Frederico, além de cego, ficasse paraplégico.
Cristina pôs as mãos no rosto e chorou. O médico entrou nesse momento, não conseguiu se conter e abraçou-a, confortando-a.
— Cristina, precisa ser forte. Tenho uma ótima notícia para você — ele disse, mostrando uns papéis na mão.
— Frederico vai voltar a enxergar? — perguntou, esperançosa.
— Tudo dependerá da cirurgia — ele a soltou e ficou de pé. — Mas não era sobre isso que vim falar. São sobre seus exames.
— Algum problema?
— Não. Como disse, é uma ótima notícia. Pedi vários exames para saber se estava tudo bem depois do acidente e um deles apontou que você está grávida.
— Grávida? — ela pôs a mão na boca para conter o grito entre assustada e feliz. — Mas... Como?? É possível? A minha idade...
— É possível, sim. Para que se sinta mais segura, pedirei para refazerem, novamente, os exames.
— Um filho? — ela mal ouviu o doutor, colocou as mãos no ventre. — Um filho, Angelo Luís! Oh, meu Deus! Isso é maravilhoso. Vou ter um bebê de Frederico.
O médico sorriu mas por dentro sangrava por ver a alegria de Cristina com a notícia da gravidez. Estava na cara que era imensamente apaixonada pelo marido e chegada do rebento só fortalecia a união dos dois. Decidiu que não valia a pena interferir no casamento deles. Seria amigo de Cristina, enterraria aquele amor e deixaria aflorar a amizade. Talvez ele nem a amasse, só estivesse ilusionado com a beleza dela.
— Sim, Cristina, é uma felicidade imensa ter um bebê ainda mais na sua idade — ele aproximou-se a segurou pelas mãos.
—Conte comigo para o que precisar e quero ser o padrinho, hein?
— Estou tão feliz — ela o abraçou — Mas quanto ser o padrinho, não sei. Frederico morre de ciúmes de você.
— Ele não tem motivos para sentir. Quero ser somente teu amigo. Quero tua felicidade e se é ao lado dele, ficarei feliz.
Angelo Luís e Cristina ainda conversaram por mais uns minutos.Quando ele saiu, Consuelo entrou junto com Vicenta e Vitória. As senhoras quase tiveram um infarto com a gravidez da sua menina. Cristina sorria, imaginando que seu bebê seria muito mimado pois teria três vovós corujas. Severiano também ficou eufórico quando soube pela mulher. Não podia ir ao hospital, então ficou em casa. Consuelo havia ido à fazenda por um par de roupas para a filha. Quando retornou ao hospital, ela já estava de alta mas passaria a noite ali com o marido.
— Então voltarei para ficar com seu pai — entregou-lhe uma bolsa que continha as roupas e despediu-se.
— Qualquer coisa, nos avise. Cuide-se, minha filha e cuide bem do meu netinho, eh? — tocando-a no ventre, deu-lhe um beijo na testa e saiu.
Cristina foi para o quarto de Frederico, sentou-se numa poltrona à espera dele acordar. Acabou dormindo, espantou-se no meio da noite com as costas doloridas pela má postura. Fitou o leito, viu o marido mirando o teto, fixamente.
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DOMANDO A FERA
FantasyPode um homem conquistar uma mulher que foge dos homens como o diabo foge da cruz? Um casamento arranjado! Uma mulher de 40 anos e ainda virgem! Nao vai ser facil, Federico Rivero vai ter que lutar muito para ganhar o amor de Cristina Alvarez e doma...