Desventuras de Lady Amélia

Capítulo 1

Amélia sabia que a corte a perdoaria se matasse Jay.

Limpou rapidamente o molho de ervilha do pescoço, enquanto amaldiçoava em pensamento o irmão. 

Jaison que tinha o cabelo penteado como alguém com o mínimo de refinamento, tremia o lábio tentando segurar a risada, enquanto fingia que prestava atenção ao que o futuro sogro de sua irmã dizia.

Seu pai parecia recitar os  mesmos pensamentos de Amélia, enquanto encarava discretamente os filhos mais novos.
Deveria fazer duas horas que ela, junto com a família e seus futuros parentes, estavam sentados e mesmo ela, conhecida por quilos a mais, não aguentava sequer ver comida e via o pai suspirar de felicidade cada vez que o marquês se calava quando tinha que mastigar.

Amélia começou a sentir pena da pobre irmã Libby, a mais velha da família Morrison tinha encontrado o amor nos braços de Jon. Todos sabiam que era amor, a irmã tinha lutado muito por ele e no fim tinham conseguido.

Libby viu a agitação dos irmãos e piscou um olho, Amélia tentou não fica triste, a amava demais e não gostaria que ela fosse embora. 

Observou como o sol brilhava com força da janela que se abria para o jardim, quando o mordomo adentrou, e precisou limpar a garganta antes de falar pois  parecia ter corrido um hectare inteiro.

—  Vossa Graça, o Duque de Walsh e sua família já se encontram em Hyacinthus.

Amélia quase chorou de alegria, suas amigas tinham chegado.

Pulou da cadeira, assustando Alicia, que há mais de uma hora cochilava, apoiada na sua mão, fazendo sua cabeça se chocar diretamente com a mesa, fazendo Jay finalmente explodir em uma gargalhada.

— Lady Amélia, onde se encontram seus modos? —  A marquesa de Cooke olhou-a horrorizada.

— Jaison, trate de se calar! —  Seu pai se envolveu para proteger seus filhos, mas ela não tinha muita certeza se ele mesmo não era ameaça. — Com licença, minha senhora, por favor dispense minhas filhas para que lavem os rostos antes da chegada de Vossa Graça. Sabendo o quão difícil controlar as emoções nessa idade, peço-lhe que as perdoe!

O marquês tomou a palavra da esposa e acenou as mãos, dando permissão para as irmãs do meio da família Morrison, tentando se livrar do circo.

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— Por todos os céus, olhe minha testa! —  Alicia choramingou se olhando no espelho do banheiro.

— Talvez esteja sendo castigada por dormir na mesa de desjejum. — Batia os pés ansiosa para que a irmã cala-se a boca e pudesse se juntar a todos na sala.

—  Se você, por só um acaso, não fosse um animal, talvez não teria me assustado. — Amélia usou os braços para se proteger da escova que a irmã atirou nela.

— Por favor, consigo escutar a voz de Rosie daqui. — Alicia pareceu feliz em ignora-lá e encarou o espelho mais uma vez.

Amélia decidiu que ela poderia lidar com seus problemas sozinha, então abriu a porta antes que Alicia protestasse e desceu a escada sem muita elegância, chamando a atenção de todos na sala.

Parou na hall de entrada, sua agitação era palpável, o que fez as caçulas dos Walsh pularem de suas cadeiras e correrem em sua direção. Amélia sorriu, feliz, enquanto abraçava as amigas.

As quatro falavam uma em cima da outra, o que fazia os ouvintes cansados, gemerem.

— Posso ser o duque, mas jamais deixei alguém tão feliz como você, senhorita Amélia. —  O duque, com alguns fios brancos sobre o cabelo ruivo, se aproximou beijando sua mão, fazendo o pai de Amélia suspirar de alívio por ela ter sido perdoada sem mais comentários.