Pedido desesperado

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  Pov Hugo
O rosto sereno de Carol poderia nos enganar facilmente,quem a visse poderia pensar que apenas dormia, de fato ela estava apenas dormindo, só não tinha previsão para acordar, todos me pediam fé, era difícil ter fé quando a mulher que amo dormia a um mês e meio, olhei o pequeno embrulho rosa em meus braços e cherei seu pescoço como fazia sempre, Lavinnea estava comigo a menos de vinte dias quando pode finalmente ser tirada da encubadora, seus olhos grandes me observavam o tempo todo, eles eram como os da Carol, castanhos esverdeados, abaixei um pouco minha cabeça beijando sua testa sentindo meus olhos mais uma vez arderem no dia, minha filha era uma cópia fiel da Carol, não teve nenhum traço meu a não ser seus cabelos que estavam clareando mostrando que seriam louros escuros.
-Você precisa ir para casa Hugo, está aqui com Carol desde o dia que entrou em coma, você tem a nós para te ajudar, com a menina e Carol,não precisa se sacrificar tanto
levantei meu olhar para cima vendo a melhor amiga de Caroline entrar no quarto, quando soube do acidente veio imediatamente para o Brasil, e desde então amamentava Lavinnea e sua filha,ela estava me ajudando demais.
-Não Lindsay, só saio daqui quando ela acordar.
olhei para a cama onde Carol estava tão serena que parecia um anjo, até o curativo que tinha na cabeça já haviam tirado,podia notar o pequeno lugar que haviam raspado para que a cirurgia acontecesse.
-Vai em casa Hugo, descanse, e volte mais tarde, eu fico com minha filha, te ligo imediatamente se qualquer coisa mudar em seu quadro, minha neta precisa de você filho, tem que estar descansado por ela
Dona Ana sempre lia para Carol, era umas das coisas que ela mais gostava de fazer antes de ir dormir, a deixava mais relaxada, então toda tarde ela vinha e lia um pouco, era o segundo livro do mês.
Senti Lindsay com carinho tirar Lavinnea dos meu braços.
-Vou a levar até em casa, dar um banho, amamentar,mais a noite a trago junto com as mamadeiras da noite, use esse tempo para descansar Hugo, você precisa.
Neguei avidamente, não sairia daquele hospital, se toda minha vida estava ali.
-Por favor Lindsay cuide bem dela.
Ela assentiu e saiu com a menina em seus braços, meu coração ficava apertado todas as tardes quando precisava me separar dela,quando ia com Lindsay ou dona Ana, era necessário, ela precisava de cuidados que todo bebê precisa.
Peguei meu celular vendo ser apenas duas horas,meu reflexo na tela não era dos melhores, meus cabelos estavam maiores, poucos centímetros, para alguém que sempre o mantinha impecável, era notável a sutil diferença, meus olhos continham olheiras, barba rala e falha estava presente em meu rosto.
Me joguei na poltrona em frente a cama, fechando os olhos escutando a voz de Ana preencher meus tímpanos no livro que lia no momento.
"Lá fora, o céu era uma explosão de estrelas. Elas brilhavam na noite negra como os diamantes da Srta Fisher "
Não sabia que livro era aquele, nunca foi do meu fetio ler, escutei um suspiro e abrir os olhos, Ana me olhava.
-Sabe nunca consegui acreditar no amor que diz sentir por minha filha Hugo, e você também nunca nada fez para provar para mim,no entanto ações vale mais que mil palavras, eu vejo no seu olhar o quanto sofre pela minha filha Hugo, sei que começaram errado, talvez esse seja o verdadeiro amor, ele nunca vêm da forma que esperamos.
Senti minha bochecha molhar, não erraria mais uma vez em prender minha dor, sofri demais em guardar a dor que senti pela perda da Suzana dentro de mim, com Carol não faria isso, porque dessa vez tinha certeza, ela sim era o verdadeiro amor, por ela estava disposto a qualquer coisa para que ela despertasse e convivesse com nossa filha que ela tanto esperou, sacrificaria até mesmo minha felicidade ao seu lado.
-Sei que começamos errados, principalmente eu, mas Carol aos poucos com sua doçura, sua paciência, seu jeito mandão que aos poucos me colocava em meu lugar e de pouquinho a pouquinho ela me fez apaixonar por ela irrevogavelmente, eu amo a sua filha dona Ana.
-Eu acredito e confio em você Hugo-Pela primeira vez aquela mulher sorria para mim verdadeiramente
Encostei minha cabeça na poltrona, meu corpo estava pesado, fiquei incontáveis minutos naquela posição,até meu corpo protestar pelo espaço minúsculo, me levantei, vendo que estava sozinho no quarto com Carol , me sentei na cama alisando o lado esquerdo do rosto de Carol percebendo o quão gelado estava, suas mãos estavam frias,me abaixei dando um selinho em seus lábios e estavam secos.
-Carol volta pra mim, volta pra sua filha, nós dois precisamos de você, me sinto perdido, meu pai está adoentado, desgraça nunca vem sozinha, tenho uma empresa para comandar, uma filha de quase dois meses para cuidar, tenho recebido ajuda,é você que preciso, é você que quero amor, dói muito Carol, não me deixa, eu te imploro não me deixa.
Me sentia fraco, tantas coisas estavam caindo sobre minha cabeça,não estava sabendo lidar com tantas desgraças juntas, Lavinnea que era minha válvula de escape,ela foi um ponto de luz que surgiu no meio de tanta nebulosidade.
-Eu amo você Carol, então lute por mim, lute como prometeu dois anos atrás, me lembro perfeitamente quando me disse que nunca quebrava uma promessa,então a cumpra Caroline Viegas Souza Bertolazzi não me faça.duvidar de você.
Escutei um suspiro mais forte, e dedos mexerem minimamente sobre os meus,deveria ser mais um sonho, tirei meus olhos de suas mãos e encarei seu rosto, meu coração disparou, tive a visão que tanto esperei nesse mês, mesmo sem aquele brilho,mesmo sem aquele amor, estavam opacos, ainda sim eram os olhos que tanta amava e eles me olhavam com uma certa curiosidade
-Onde estou?
De minha garganta saiu um som estranho,algo como choro e riso engasgado ao ouvir sua voz baixinha
-Rapaz voce saberia me informar onde estou?
Rapaz? Tinha escutado bem? ela havia me chamado de rapaz?
-Carol, sou eu, Hugo, seu marido.
Ela me olhou assustada e levantou sua mão esquerda e vendo a grande aliança dourada ali.
-Eu sinto muito, não me lembro de você, nem mesmo sei quem sou.
A olhei esperando que fosse uma brincadeira,mas seus olhos estavam tão assustados como os meus.
Deus havia atendido minha prece, a queria bem, mesmo que isso custasse minha felicidade, não era para ele levar tão a risca um pedido desesperado de um homem apaixonado.  

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