Capítulo 46: Um novo cântico

2.3K 391 117
                                    

Lucas

Amanhã é nossa formatura. Embora eu esteja feliz por finalmente estar concluindo o colegial, sei que sentirei falta da escola. Mesmo que eu tenha passado por altos e baixos, motivos de alegria, de choro, sei que tudo sempre teve um propósito e é bom sentir a sensação de que, finalmente, conseguimos alcançar algo que tanto desejamos. Sei que lá na frente eu olharei para trás e verei um motivo para cada coisa e me sentirei feliz por ter conseguido e, por isso, carregarei um sorriso no rosto.

Os resultados das audições da Juilliard saíram ontem e, graças a Deus, eu passei. Quando vi o meu nome na lista de admissão, não consegui conter a felicidade que tomou conta de mim, mas a minha mãe se empolgou tanto que, após passar muito tempo rindo à toa, começou a chorar e me abraçar, dizendo que estava muito orgulhosa de mim. Na verdade, eu também estava orgulhoso de mim mesmo. Dentre cem alunos, por exemplo, a Juilliard escolhe menos da metade e eu me sentia extremamente feliz por ser uma das pessoas que conseguiram entrar. Chloe também foi aprovada e quando ela me ligou para avisar, começou a chorar de empolgação e, embora eu achasse aquilo engraçado, não consegui ficar rindo dela por muito tempo e acabei me emocionando também.

Ver nossos sonhos se realizarem e o resultado de nosso esforço é, definitivamente, incrível.

No culto de hoje, quem daria a palavra seria o meu pai. Na verdade, ele iria contar o testemunho de sua vida. Eu estava extremamente feliz por ver o meu pai tão firme nos caminhos do Senhor. Era bom vê-lo ali, querendo aprender mais e mais sobre a palavra e sendo grato por tudo que Deus fez na vida dele. Deus é maravilhoso e eu nunca vou deixar de agradecê-lo por ter feito um milagre não só na vida do meu pai, mas de toda a minha família.

— Você está lindo, querido. — disse minha mãe, enquanto eu arrumava meu cabelo.

— Todas as mães dizem isso para seus filhos, mas obrigado. A senhora também está maravilhosa! — respondi e ela sorriu. — Fico feliz que a senhora vai na igreja, mãe, eu orei muito para que isso acontecesse.

— E eu te agradeço por isso, meu filho. Era para eu, como mãe, orar por você, mas parece que invertemos esse papel. — ela deu um leve sorriso e me abraçou. — Eu amo você e estou muito orgulhosa. Acho que já é a milésima vez que digo isso, mas eu não me importo, direi quantas vezes for necessário!

— Eu também te amo, mãe. Mas, por favor, eu não quero ir para a igreja com cara de choro.

Ela riu e me puxou pelo braço. Descemos as escadas conversando e, quando chegamos em frente a nossa casa, minha mãe trancou tudo e ficamos esperando o meu pai, pois ele iria nos levar até lá. Meu pai estava morando em um apartamento há umas três quadras de onde morávamos e conseguiu emprego em uma empresa. A antiga empresa que ele trabalhava não o contratou novamente, mas como o seu antigo chefe viu que ele realmente havia mudado, resolveu dar uma segunda chance a ele e fez uma carta de recomendação para outra empresa, que foi aberta há uns três meses e estava contratando pessoas. Como na antiga empresa, meu pai começou a trabalhar na área de administração.

Cerca de cinco minutos depois, meu pai chegou e nós fomos juntos para a igreja. O clima não estava mais tão tenso entre os meus pais, mas também não era um clima totalmente feliz e agradável. Ainda era estranho para eles serem tão próximos depois de tudo que passamos, mas pareciam se esforçar para manter uma proximidade por mim. Eu não sei se eles ainda sentem algo um pelo outro, mas, se sentirem, sei que na hora certa tudo vai se encaixar. Se o sentimento entre eles não mais existisse, eu só tinha a agradecer pelo clima ter avaliado entre eles e não fosse mais algo tão tenso.

Quando enfim chegamos à igreja, o culto tinha acabado de começar e nos sentamos nas poltronas do meio. Como o grupo de jovens não iria cantar hoje, decidi ficar com os meus pais. Era a primeira vez que minha mãe ia na igreja e ela parecia um pouco admirada e um tanto deslocada. Segurei em sua mão e ela abriu um sorriso singelo para mim.

Confiaremos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora