Capítulo 7: Reatando a amizade

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Lucas

Eu tentava encontrar mil coisas para fazer e me distrair, porém não conseguia esquecer o que tinha feito. Eu não magoei só os meus amigos ou minha mãe por ter mentido, mas também magoei a quem mais me ama nesse mundo inteiro. Pensar que eu havia magoado a Deus e saído do centro de Sua vontade, me fazia refletir o quanto nós somos falhos. Estamos sujeitos a sentir o grande amor de Deus, porém acabamos caindo em tentação e, infelizmente, O afastando de nós. Mas ainda há esperanças. Eu não quero e nem vou mais afastá-lo de mim.

Só que eu não consegui conter a culpa e, toda vez que eu tentava iniciar uma conversa com Deus, não sabia por onde começar. Então eu resolvi fazer algo; conversar com o pastor Henry. Todas as terças, o pastor ia para a igreja resolver algumas coisas, então decidi ir até lá. Quando cheguei, o encontrei lendo alguns papéis, no púlpito da igreja.

— Pastor Henry? — chamei e ele olhou-me, surpreso por me ver.

— Lucas! Que bom te ver. O Nicholas não está comigo. — brincou e eu ri.

— Eu não vi conversar com ele... Na verdade, acho que ele nem quer ver minha cara nesse momento. Eu só queria conversar com o senhor... Pode ser? — perguntei e ele assentiu.

— Claro, filho. Estou aqui para ajudar. — sorri e, após uma leve pausa para respirar fundo, decidi lhe contar tudo que havia feito.

No início, pensei que ele iria me dar um grande sermão e dizer o quanto eu havia errado, confesso que estava até pronto para ouvir, afinal, eu concordava totalmente que fiz uma burrada. Mas a única coisa que ele fez, foi soltar um suspiro e encarar algo aleatório, no chão.

— Não vai dizer nada? — indaguei, depois de um bom tempo.

— Lucas, você disse que algo o incomodou, certo? — assenti. — Sabe o que é isso?

— Ahn... Acredito que seja o Espírito Santo. — afirmei e ele assentiu.

— Não sei se você lembra, mas Nicholas passou por quase a mesma coisa que você. — assenti, novamente. — Lucas, quando nós decidimos entregar as nossas vidas à Deus e servi-lo, logo estamos abrindo as portas de nosso coração para o Espírito Santo entrar e fazer morada nele. É por isso que a Bíblia afirma que nós temos que ter cuidado com o que fazemos, pois o nosso corpo é templo e morada do Espírito Santo. Afinal, somos sujeitos às tentações. — comentou e eu concordei. — Vou te falar a mesma coisa que expliquei para o Nicholas, quando ele cometeu o mesmo erro.

Ele tomou um pouco de água, antes de continuar.

— Quando nós decidimos fazer algo que não agrada a Ele e vai contra nossos princípios, o Espírito Santo se entristece conosco e é como se nós estivéssemos O afastando da gente. Esse é o motivo pelo qual sentimos uma sensação nada boa quando estamos fazendo algo que não O agrada. — afirmou o pastor. — Olha, Lucas, Deus só entra em nosso coração se abrirmos a porta para o mesmo, afinal, Ele nos deu o livre arbítrio e nós podemos ter as nossas próprias escolhas. Se Ele tivesse o domínio por nossas escolhas, então logo Ele não precisaria ter enviado Cristo para morrer por nós, afinal, já estaríamos O seguindo e sendo povo dEle. Porém, veja só, Deus não quer que as pessoas O sigam por obrigação ou por ser o único caminho que lhe resta. Deus não quer controlar as pessoas como se fossem marionetes. Ele quer ter verdadeiros adoradores e pessoas que O amem, pessoas que sigam a Ele por amor. É por isso que nós temos o livre arbítrio; para escolhermos se queremos O seguir por amor ou se queremos seguir os nossos próprios caminhos. É fato que o caminho dEle, é o caminho da verdade e da vida, porém, repito, Deus quer verdadeiros adoradores e pessoas que, realmente, creem e confiam nEle. O amor de Deus, embora incondicional, é gentil e educado, Ele não entra em seu coração sem antes ter sido convidado.

Confiaremos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora