Cap. 11 - Parte I

107 15 3
                                    

NÃO estou entendendo absolutamente nada. Uma chave de ouro paira brilhante, no ar a minha frente e não vejo nada além de escuridão ao seu redor. Tento pegá-la mas ao me mexer tudo escurece e quando procuro por luz sinto minhas pálpebras se abrirem e alguém segurar minha mão.

- Luna! Você está bem? - Kell pergunta ao me ver acordar.

Impulsiono meu corpo para frente e minha visão roda. Kayo está ajoelhado ao meu lado juntamente com Tia Jane e Kell.

- O que aconteceu? Quanto tempo fiquei desacordada?

- Menos de meio minuto - Elane responde caminhando para dentro do grande buraco que se abriu.

- Você também viu? - Pergunto para Kayo ignorando a farpa de Elane.

Ele se levanta e me estende a mão.

- Vi uma lança, e depois... um objeto...

- De ouro? - Seguro sua mão e me impulsiono para frente mais uma vez.

- Não sei.

- Acho que vi a mesma coisa. Mas você não... caiu?

- Acho que sou mais forte que você - ele comenta.

Faço uma careta sem graça para ele. Giro os calcanhares e observo o lugar que a pedra escondia. Não vejo a pedra, apenas uma porta simples em seu lugar. Um arrepio percorre minha pele. Ainda não me acostumei totalmente com essas coisas.

- O que você viu, Luna? - Robert pergunta eufórico vindo ao meu lado.

- Várias coisas, mas... era estranho, tipo, elas passavam rápido demais. Acho que vi uma esmeralda e... uma coroa de espinhos. E depois uma chave de ouro. - digo enquanto adentro o lugar sem observar direito ao meu redor. - Você viu uma lança? - Pergunto a Kayo que é impedido de responder.

- Nossa! - Tia Jane exclamar e imediatamente me dou conta de tudo e meu queixo cai. Os olhos de Kayo varrem o local; Kell mantém a boca meio aberta, estarrecida. Não sei como reagir.

Nunca vi algo assim: o lugar também é de pedras acinzentadas mas seu formato não é retangular como normalmente, e sim, circular; grossas lombadas de livros escondem a parede indo do chão até o teto que também é de pedra e está situado a uns seis metros do chão. Os livros estão apoiados em enormes prateleiras e todos eles se parecem com o da escrivaninha de Kayo. Elane examina uns dez livros de uma vez só jogados abertos no chão e um sobre seu colo, concentrada demais para dizer sequer uma palavra.

Um cheiro de mofo invade minhas narinas.

Nem percebo quando minhas pernas me levam para diante de uma prateleira e toco o primeiro livro: é grande e pesado.

- Isso é muito louco! - Ouço a voz de Robert.

- Louco mesmo! - Kell concorda - Só pode ter sido escrito por um louco, por que essas palavras não tem sentido nenhum.

Não hesito em abrir o livro já prevendo que encontrarei milhares de palavras feias como meu sobrenome e cheias de "Is".

Não consigo identificar uma só palavra.

Devolvo a velharia onde encontrei e pego outro de capa marrom e lisa sem título ou mesmo imagem nela; foleio-o e algumas imagens me chamam a atenção: paro em uma delas e observo uma criatura que me faz estremecer de tão amedrontadora.

- Roby... ? - estou estarrecida com tantas coisas malucas me rodeando.

Kayo se aproxima e vejo suas sobrancelhas juntarem em um V quando ele contempla a figura. É uma espécie de homem-Formiga desenhado com um realismo impressionante: o corpo é humano mas no lugar da cabeça há uma grande bola vermelho-amarelada com um único e enorme olho lacrimejante no meio; Da bola, ao lado do olho, surgem dois grandes tendões com dentes afiados que se encontram e encaixam perfeitamente, formando uma espécie de alicate dentado. Há duas facas no lugar dos pés.

O Lobo e Eu (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora