Capítulo 16

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  "Ejards, reis dos mares"

     – Eradina, Rainha das águas da antiga Pentacarta.

    MAIS duas criaturas entram na água e percebo que são panteras negras idênticas.

Elane e Robert.

     Sinto uma rajada de água me jogar para trás e quando olho na direção que ela veio, me deparo com um dos Ejards rodeando, eu e o Lobo com asas de metais, como um tubarão faz com um barco. Para onde foram as panteras? Consigo respirar pela máscara mas meu coração tamborila na garganta. Mexo meus braços para não afundar, porque não consigo ver o fundo, apenas negrume.

     O medo só te traz mais medo;

      O medo só te traz mais medo;

     O medo só te traz mais medo...

    Ele continua a nos rodear. Olho para a todos os lados e algo me chama a atenção na entrada do buraco: no outro lado da entrada da caverna, onde estava o Ejard que agora nos rodeia, uma pata indica discretamente para o buraco. Mas é apenas uma pata! Como se estivesse separada do corpo.

     Espero não ser um delírio.

    O medo só te traz mais medo.

     Fecho os olhos rapidamente e quando vou nadar até lá, sinto meu braço ser espetado por algumas coisas perfurantes e uma dor excruciante me atingir. Puxo o mais rápido possível e sinto três riscas fundas minarem sangue; me dobro de dor, mas não tenho tenho tempo de acudir, pois ouço um barulho alto da água nos meus ouvidos e vejo o Lobo passar em minha frente e enquanto mantém as patas mexendo, joga as asas para frente. Grito quando vejo a boca enorme do Ejard se abrir e abocanhar a água a frente, esperando atingir Kayo, mas das asas mecânicas dele, se soltam farpas afiadissimas de um metal prateado, que cortam a água com velocidade e cravam com força dentro da boca da criatura; ela se retorce e balança, fazendo a água mexer e me impulsionando para o buraco onde mais um Ejard está parado imóvel e a pata negra se movimenta cada vez mais rápido indicando para que eu entre lá.

    Mas eu vou morrer!

    O medo só te traz mais medo.

     Isso é loucura.

     Respiro fundo. Nado o mais rápido que consigo e quanto mais me aproximo, mais me apavoro, embora o Ejard não pareça me notar. Dou mais duas braçadas na água impulsionando-me para frente e recuo perdendo o controle quando a cabeça da criatura que até o momento estava imóvel, se volta violentamente para mim. Nunca passei tanto medo. Minha respiração esta muito acelerada e receio que o ar dessa máscara acabe. E se acabar?

     Meus reflexos estão atiçados e estou tremendo.

     Ouço um urro estridente. Viro-me muito rapidamente para trás e vejo o Lobo alado ser atirado para longe por uma rajada fortíssima de água, mas um puma preto está cravada com unhas e dentes na parte traseira do Ejard que se agita feito um touro na arena.

     Encaro o buraco negro. A esmeralda só pode estar aí dentro! Preciso entrar.

    O medo só te traz mais medo.

    E se eu passasse bem rápido? Impossível, o Ejard me atacaria e estou completamente indefesa.

     O medo só te traz mais medo...

     O ruim desses momentos é que não conseguimos pensar com clareza e agimos por impulso. E é exatamente isso que faço. A pata continua indicando mas...

O Lobo e Eu (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora