XIINA espalhou tochas pela casa toda, o que deixou-a até aconchegante. O corredor da família real, como ela disse, está vazio e silencioso. Caminho até o Quarto dos pais de Kayo e ele também está iluminado, mas não vazio.
Kayo está deitado na cama com os cabelos jogados sobre o lençol branco e boa parte dele cai sobre seu rosto. Entro devagar sem fazer barulho e me sento na cama ao seu lado. Me sinto bem ao lado dele. Ao contrário de Elane, eu gosto de sua ingenuidade e as palavras de Xiina fez com que eu gostasse mais ainda. Meus olhos percorrem-o: cabelos bagunçados, expressão serena, sem camisa, porque Xiina arrancou os farrapos da blusa verde de Robert, com uma calça Jeans do meu primo que ficou apertada nas coxas, o que me faz sorrir, e os pés descalços. Ele até parece um anjo...
Tenho vontade de me juntar a ele, mas... eu tenho medo. Medo dele me machucar, medo do que ele é, ou melhor, do que vai se transformar a meia noite, e se não der tempo dele se afastar de mim?
Você precisa ser forte. Lembro a mim mesma.
Mas isso não significa ser trouxa. Replico.
Mas afinal, qual é melhor: Dormir sozinha em um quarto de uma casa, no meio da floresta em que acontecem coisas sobrenaturais; ou dormir acompanhada de um homem, muito bonito por sinal, que vai virar fera à meia noite e corre o risco de me matar? A primeira, provavelmente.
Sabe quando estamos dizendo para nós mesmos que não, não e não, mas nosso corpo de recusa a aceitar? Pois então. De nada vai adiantar eu repassar na minha cabeça quão perigoso Kayo é, apesar de não parecer nesse momento, por que não vai me convencer a dormir sozinha. Não tem nenhuma relação com medo dessa vez, mas quero ficar aqui. Afinal, dormia no mesmo quarto que ele quando trouxe-me para cá e ainda estou viva! Mas eu sei, que isso é apenas lorota inventada por mim para convencer a mim mesma.
Kayo se mexe e respira profundamente. Ele abre os olhos e como uma maldição dão diretamente com os meus.
- Luna - Ele diz com uma voz sonolenta e os olhos cemicerrados por causa da luz da tocha.
Sinto uma queimação no estômago.
Pisco várias vezes, sem desviar o olhar antes de tentar formular uma resposta. Não consigo decifrar sua expressão.
- Eu... Se não se importa estou... Estou com medo de dormir sozinha, então... - digo fingindo indiferença e me deitando no outro lado da cama de costas para ele, sentindo meus músculos relaxarem mas continuo meio nervosa, acho que dormir aqui não vai ser tão fácil assim, e eu preciso urgentemente de descanso.
Ele fica em silêncio.
Dou de ombros e tento desligar a mente porque com Xiina no comando, amanhã promete ser um longo dia.
Depois de um bom tempo na mesma posição, quando minhas pálpebras já estão pesadas, me viro para o outro lado instintivamente e acordo ao bater o braço em alguma coisa. Arregalo os olhos e vejo Kayo com o cotovelo enterrado no colchão e a cabeça apoiada no braço me observando. Seus lábios se repuxam em um meio sorriso e vejo seus olhos verdes brilharem.
- Durmas bem - Ele deseja e continua me olhando com aquelas esmeraldas.
- Você também - digo sonolenta e coloco o braço direito embaixo da cabeça como travesseiro.
O sono e o cansaço são tamanhos que, ao contrário do que estava pensando, nem me dou ao trabalho de ficar nervosa, meus nervos estão cansados de mais e nem vejo Kayo se deitar; só lembro daqueles olhos faiscantes em mim e o sorriso que até então não havia desaparecido.
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O Lobo e Eu (EM REVISÃO)
Werewolf"Ela amava o Luar, Ele era obscuro como a noite." Uma maldição milenar, um mundo destruído. Impasses e professias que levarão Luna Moriinys a uma missão árdua e a colocará frente a frente com objetos fatais, criaturas mística, e universos obscur...